Vídeo mostra ação policial que resultou na morte de segurança de ACM Neto

Caso aconteceu em 27 de setembro na cidade de Itajuípe, sul da Bahia, e está sendo investigado

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Salvador

Um vídeo de câmera de segurança mostra detalhes da ação policial que resultou na morte do subtenente Alberto Alves dos Santos, que atuava como segurança do então candidato a governador da Bahia ACM Neto (União Brasil).

O policial, que estava de folga e fazia parte da equipe de segurança de ACM Neto, foi morto pela Polícia Militar na madrugada de 28 de setembro em Itajuípe (a 423 km de Salvador). Ele estava na região para acompanhar o candidato em uma série de eventos de campanha em cidades do sul da Bahia.

Policiais armados arrombam portas de quartos de um hotel
Vídeo mostra ação policial que resultou na morte de segurança de ACM Neto - Reprodução

O vídeo, ao qual a Folha teve acesso, mostra a chegada de ao menos 12 policiais em um hotel onde quatro membros da equipe de segurança de ACM Neto estavam hospedados.

Eles arrombaram as portas de três quartos e anunciaram que eram policiais. Em um dos quartos, depois de a porta já ter sido arrombada, é possível ver o subtenente Alberto Alves sair de outro cômodo, vestido em trajes íntimos e já sob a mira das armas dos policiais.

Pouco tempo depois, um dos policiais que estava postado na porta atirou para dentro do quarto. Não é possível ver se o subtenente Alberto estava armado ou teve algum tipo de reação à ação policial.

Momentos depois, o corpo do subtenente Alberto foi retirado do quarto e colocado nos fundos de um carro policial.

No quarto ao lado, onde estava o também policial Adeilton D’Almeida, a porta foi arrombada, e o hóspede ficou sob a mira das armas dos policiais —um na porta e outro na janela do quarto.

O policial que estava junto à porta se aproximou, mas na sequência se afastou e disparou uma rajada de tiros em direção ao quarto. D’Almeida saiu do quarto caminhando com as mãos na cabeça e vestido com apenas uma bermuda.

Atingido por cinco tiros, ele foi colocado sentado do lado de fora do quarto, ao lado da porta, sob a mira de policiais. As câmeras marcavam o horário 23h17, e ele foi levado para o veículo às 23h49, pouco mais de meia hora depois.

Na época do incidente, o governador Rui Costa afirmou em uma rede social que o subtenente Alberto Alves morreu "após confronto no qual outros três PMs ficaram feridos".

A Secretaria da Segurança Pública da Bahia também disse na época que houve um confronto, que os policiais foram ao hotel após receber a informação de que havia homens armados no local e que a equipe estava em busca de assaltantes de bancos.

A versão, contudo, é questionada pelos membros da equipe de segurança de ACM Neto. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o policial Adeilton D’Almeida negou a versão de que houve confronto. Ele afirmou que estava dormindo no quarto do hotel, desarmado, quando os policiais já entraram atirando.

Procurada novamente na sexta-feira (28), a Secretaria da Segurança Pública da Bahia informou que as investigações sobre o caso correm em sigilo e que não iria se manifestar sobre o vídeo.

Após o incidente, em setembro, a coligação liderada por ACM Neto encaminhou uma petição ao Ministério da Justiça na qual afirma que os seguranças do candidato foram monitorados pela Polícia Militar em todo o trajeto entre Salvador e Itajuípe, sem que houvesse nenhum motivo plausível para isso.

Na petição, foram anexados prints de um grupo de policiais em um aplicativo de mensagens nos quais eles trocam informações sobre uma operação policial que acompanhava a possível fuga de um traficante.

Em meio às conversas, foram encaminhadas mensagens que apontavam as placas dos dois carros alugados pela equipe de ACM Neto como suspeitas.

Segundo a petição, assinada pelo advogado Paulo de Tarso Peixoto, a troca de mensagens entre os policiais envolvidos na operação aponta que, "ao que tudo indica, quem soltou a informação equivocada, tomando quatro policiais sérios e honestos como se fosse um traficante em fuga" foi a SEAP/CMASP/GSI.

As siglas fazem referência a órgãos do sistema de inteligência da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária.

"Causa enorme estranheza como os dois veículos que nunca possuíram qualquer vinculação com atividade ilícita, sem qualquer restrição nos órgãos de controle, foram inseridos nesse contexto e passaram a ser perseguidos como se fossem bandidos de alta periculosidade", afirmou o advogado.

Ele disse, na época, que a ação reforça a suspeita de que se tratou de uma ação orquestrada para monitorar as atividades de campanha de ACM Neto "com nítido cunho intimidatório, a poucos dias das eleições".

Em nota divulgada na época, o Comando Geral da Polícia Militar da Bahia classificou a informação como "leviana, vazia e desprovida de qualquer evidência" e destacou que qualquer tipo de monitoramento é feito de acordo com autorização legal e seguindo normas rígidas e transparentes.

A Secretaria de Segurança afirmou que os prints anexados na petição que mostram trocas de mensagens entre policiais são de um grupo de um aplicativo de mensagens que não era oficial e que foi criado por policiais militares envolvidos na operação, contando também com um membro da Polícia Rodoviária Federal.

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