Descrição de chapéu Folhajus

Bia Kicis e Cabo Junio Amaral têm redes suspensas; Moraes nega reativação de perfis de Zambelli

Ministro encaminha caso de Zambelli para manifestação e providências do Ministério Público Eleitoral

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São Paulo | UOL

Os deputados federais Bia Kicis (PL-DF) e Cabo Junio Amaral (PL-MG) tiveram suas contas no Twitter suspensas nesta segunda-feira (5).

Quando os perfis dos dois são acessados, mostram as mensagens "conta retida em resposta a uma demanda judicial".

No Instagram, Kicis disse ter sido informada de que "o Xandão mandou bloquear" suas redes sociais" e que "logo mais tudo estará fora do ar". A deputada se refere ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

"Quando se censura parlamentar não se trata apenas de censura (o que já é grave e inconstitucional), mas de interferência na própria atividade parlamentar, o que é um atentado a democracia e à separação dos Poderes", escreveu a deputada.

A deputada Bia Kicis - Pablo Valadares-9.jun.21/Agência Câmara

Na mesma linha, Cabo Junio também informou a decisão de bloqueio e disse que "o justotalitarismo dominou". Segundo o parlamentar, não foram informados os motivos para o bloqueio. As outras redes dele seguem ativas.

A reportagem entrou em contato com o Twitter para entender o motivo da suspensão e também questionou o STF sobre a suspensão da parlamentar. O texto será atualizado em caso de retornos.

Outros deputados também tiveram seus perfis suspensos, como Carla Zambelli (PL-SP), o deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL-MG) e o economista Marcos Cintra (União Brasil), ex-candidato a vice-presidente na chapa de Soraya Thronicke.

No caso de Zambelli, Moraes negou o pedido da defesa da deputada federal para reconsiderar a decisão que bloqueou as redes sociais da parlamentar bolsonarista e removeu o sigilo do processo, conforme decisão publicada nesta segunda.

Zambelli diz que Moraes "conseguiu, praticamente, calar uma deputada".

Os perfis de Carla no Facebook, Twitter, Instagram, YouTube, Telegram, TikTok, Gettr, WhatsApp e LinkedIn foram suspensos após determinação do TSE em 1º de novembro.

A deputada Carla Zambelli (PL-SP) - Michel Jesus-6.jul.22/Câmara dos Deputados

A decisão, obtida pela reportagem, aponta que Zambelli —que está com redes sociais suspensas desde 1º de novembro, após uma determinação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)— fez a solicitação da reativação das contas, porém, "logo em seguida, fez vídeo com nítido interesse na ruptura do Estado democrático de Direito".

"[No vídeo, a parlamentar pede] que os generais de quatro estrelas tomem medidas para fazer valer a incidência do art. 142 da Constituição Federal, sob o argumento de que o processo eleitoral foi fraudado", aponta o ministro, em referência ao vídeo com falas golpistas divulgado na última semana.

"Vê-se, assim, que, mesmo sem as redes sociais, a requerente insiste em incentivar atos antidemocráticos em apologia ao crime contra a democracia e utiliza-se, ainda, de seguidores para disseminar informação falsa. Por essa razão, não há como ser deferida a pretensão de reativação das redes sociais da requerente porque a finalidade dela é de desestabilizar as instituições e pugnar por ato criminoso, atitude que passa ao largo do direito que invoca de utilização das referidas redes para comunicação com seus eleitores", diz a decisão de Moraes.

O ministro também exigiu que as plataformas digitais informem os dados cadastrais, em até 24 horas, de alguns perfis apontados na sentença que compartilharam conteúdos feitos por Zambelli e suspendam essas contas imediatamente sob pena de multa de R$ 150 mil por hora de descumprimento.

Além disso, a decisão aponta que os aplicativos deverão "impedir o registro de novas contas ou canais pelos responsáveis ou sob seu controle, assim como a utilização de perfis, contas ou canais contingenciais previamente registrados" sob pena de descumprimento do Código Eleitoral.

Moraes determinou a multa diária de R$ 20 mil em caso de novas publicações de Zambelli que atentem à Justiça Eleitoral e ao Estado democrático de Direito, com desconto direto em seu salário de parlamentar.

O presidente do TSE também mandou que os autos sejam encaminhados ao MPE (Ministério Público Eleitoral) para manifestação "sobre os crimes cometidos, bem como adotar as providências cabíveis".

Em vídeo enviado pela assessoria de Zambelli, a parlamentar chama a decisão de Moraes de "monocrática".

"Bom, como a gente nunca sabe como o Alexandre de Moraes vai interpretar os nossos vídeos, esse provavelmente é o último vídeo que eu faço para vocês até que essa situação se reverta de alguma maneira", afirma a deputada.

Na gravação, com 1 minuto e 26 segundos de duração, a parlamentar também comenta que o presidente do TSE determinou o bloqueio de contas de apoiadores que compartilharam seus vídeos.

"Além disso, ele mandou bloquear contas aleatórias de apoiadores, pessoas, cidadãos que divulgaram vídeos meus. Ou seja, mais um motivo para eu não publicar e não divulgar vídeos meus porque essas pessoas correm o risco de terem suas contas bloqueadas. Realmente, ele conseguiu. Conseguiu, praticamente, calar uma deputada. Uma deputada mulher, mais votada do Brasil."

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