O MDB deverá ter três ministérios no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT): Transportes, Cidades e uma pasta que ainda deve ser definida para a senadora Simone Tebet (MDB-MS).
Dirigentes do partido conversaram nesta quinta-feira (22) com o petista.
O Ministério dos Transportes deve ficar com o senador eleito Renan Filho (MDB-AL), enquanto Cidades deve ser oferecida a um nome indicado pela Câmara dos Deputados.
Integrantes da cúpula do MDB afirmam que Tebet será ministra, mas ainda não há definição sobre a pasta que ela deve ocupar. A senadora pode assumir o Meio Ambiente ou o Planejamento.
Lula e Tebet devem se reunir nesta sexta-feira (23) para selar um acordo.
O PT tenta articular uma solução que contemple tanto a emedebista como a ex-ministra Marina Silva (Rede), com a primeira no Ministério do Meio Ambiente e a segunda no cargo de autoridade climática.
Essa configuração pode falhar, porém, já que não é certo que Marina aceitaria o cargo no novo órgão. Nesse cenário, Tebet poderia declinar da pasta do Meio Ambiente, por temer um desgaste com Marina. Se isso ocorrer, Lula pode convidar a emedebista para o Planejamento, que terá sob seu guarda-chuva a Secretaria de Orçamento Federal.
Segundo integrantes da cúpula do MDB, o desejo é que o ministério também fique com o PPI (Programa de Parcerias de Investimento).
Pelo plano original de Lula, essa estrutura ficaria subordinada à Casa Civil. O governo eleito já indicou o secretário de Infraestrutura da Bahia, Marcus Cavalcanti, para o posto. De acordo com petistas, o presidente eleito já decidiu sobre o programa e não deve recuar.
A ideia de assumir o Planejamento, até aqui, não havia sido levada a Tebet. Integrantes do partido avaliam que ela tem experiência e trânsito suficientes para o trabalho.
O Meio Ambiente, por sua vez, é uma pasta que deve ter protagonismo no próximo governo, como Lula tem indicado em diversos discursos antes e depois de ter sido eleito.
O nome de Tebet para a pasta, no entanto, enfrenta resistência entre ambientalistas e servidores do setor.
Nesta quinta-feira, a Ascema (Associação dos Servidores do Meio Ambiente) publicou duas notas: uma defendendo o nome de Marina Silva para o ministério e a segunda, no fim da tarde, criticando a possível escolha de Tebet por sua relação com o agronegócio.
O MDB foi o primeiro partido chamado para a definição de ministérios no grupo de legendas do centrão que deve ampliar a base aliada de Lula no Congresso. Os outros partidos são o PSD e a União Brasil.
Os emedebistas afirmam que escolheram o Ministério dos Transportes pelo potencial de investimentos que poderá ser executado pela pasta e, Cidades pela capilaridade de suas ações.
A escolha de ministérios com esse perfil já havia sido traçada pelos dirigentes do MDB. Renan Filho, que é ex-governador de Alagoas, chegou a ser convidado pelo futuro ministro Fernando Haddad (Fazenda) para ocupar o Planejamento, mas recusou o posto porque preferia uma pasta menos ligada à gestão e mais relacionada à execução.
O ministro das Cidades será indicado pela bancada do MDB na Câmara. A tendência, segundo integrantes da sigla, é que os parlamentares do Pará tenham preferência —uma vez que o estado elegeu 9 dos 42 deputados do partido.
O deputado José Priante (MDB-PA) chegou a despontar como favorito, mas há resistências dentro do PT a seu nome.
Segundo participantes da reunião, Lula agradeceu ao MDB pelo empenho e destacou a importância do apoio de Tebet no segundo turno, o que a credenciaria para um ministério.
Com a definição dos ministérios do MDB, as pastas de Minas e Energia e Desenvolvimento Regional seriam divididas entre União Brasil e PSD. Os mais cotados são os senadores Alexandre Silveira (PSD-MG) e Davi Alcolumbre (União-AP).
Mas as bancadas da Câmara desses partidos também querem indicar ministros. No PT, há a ideia de que o deputado Celso Sabino (União-PA) possa ser indicado pela bancada da União Brasil, embora Elmar Nascimento (União-BA) tenha o apoio do grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Outros ministérios como Pesca e Turismo devem completar as ofertas aos partidos que Lula quer atrair.
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