Próximo anúncio de ministérios deve contemplar centro e centrão

Presidente eleito diz que ainda faltam 13 definições para completar a Esplanada, que pode ter 37 pastas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O bloco político do centrão e outros partidos como PSD, MDB e União Brasil acabaram não sendo contemplados no maior anúncio ministerial feito até agora pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quinta-feira (22), um dia após o Congresso Nacional aprovar a PEC (proposta de emenda à Constituição) da Gastança.

Os 16 nomes escolhidos oficialmente por Lula nesta quinta somam-se aos cinco já anunciados, somando 21. Restam ainda 16, caso se confirmem 37 pastas anunciadas pelo futuro ministro da Casa Civil, Rui Costa, ou 13, que é o número citado como ainda indefinido por Lula.

O centrão é comandado pelo PP de Arthur Lira (AL), presidente da Câmara, PL e Republicanos, que integram a base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Lula (dir.) e Arthur Lira (esq.) durante encontro em Brasília
Lula (dir.) e Arthur Lira (esq.) durante encontro em Brasília - Sergio Lima - 9.nov.2022/AFP

Ainda restam, no entanto, uma série de pastas que devem alocar nomes dos partidos do centro ou do centrão, como Cidades, Planejamento, Turismo, Minas e Energia e Integração Nacional.

Um dos principais nós ainda a ser desatados diz respeito à senadora Simone Tebet (MDB), terceira colocada na disputa presidencial e que aderiu a Lula no segundo turno. Ela desejava ocupar Desenvolvimento Social, mas a pasta foi dada ao senador petista eleito Wellington Dias (PI).

Tebet poderá ocupar Meio Ambiente, mas a pasta também é reivindicada pela Rede para a ex-ministra e ex-presidenciável Marina Silva.

Carlos Fávaro, que vai ocupar a Agricultura, mas ainda não foi anunciado oficialmente, é senador pelo PSD do Mato Grosso e foi um dos articuladores da campanha petista junto ao agronegócio, desde o primeiro turno.

O senador Alexandre Silveira (MG), é outro dos nomes do PSD cotados para o primeiro escalão de Lula.

Apesar de apoiar o governo Bolsonaro, o centrão foi essencial para a aprovação da PEC da Gastança no Congresso e já vem pleiteando algumas pastas, tendo à frente Arthur Lira, que terá apoio do PT à sua reeleição em fevereiro.

Além de ter angariado votos —uma vez que, atualmente, a base aliada do futuro governo não é capaz de garantir o apoio dos 308 deputados necessário para aprovação de PECs—, o presidente da Câmara atuou como articulador das negociações entre a equipe de transição e os líderes dentre os deputados.

Lira tentou emplacar uma indicação para o comando da Saúde, mas Lula anunciou Nísia Trindade, socióloga, professora e presidente da Fiocruz desde 2017.

No entanto, ao grupo não interessa apenas pastas no alto escalão do Executivo, mas também o comando de postos estratégicos como a Codevasf. Como revelou a Folha, a empresa foi usada pelo centrão, durante o governo de Bolsonaro, para direcionar verbas para aliados por meio de obras nas quais há inclusive suspeitas de corrupção.

Tradicionalmente, o centrão tem papel essencial no Congresso, pois forma o maior bloco em ambas as Casas. Por isso, governos costumam ter dificuldades para avançar propostas sem conquistar o apoio do grupo —o que, muitas vezes, é feito em troca de postos na Esplanada.

Bolsonaro, por exemplo, teve em Arthur Lira um nome de oposição no início de sua gestão. O cenário acabou mudando muito em razão das emendas de relator, dispositivo que deu ao deputado alagoano grande influência sobre o Orçamento.

Lira apoiou Bolsonaro durante as eleições de 2022. Por outro lado, tão logo as urnas definiram a vitória de Lula, o presidente da Câmara foi o primeiro chefe dos Três Poderes a reconhecer o resultado publicamente.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.