Descrição de chapéu Folhajus tecnologia

Digitalização avança na Justiça de SP, e 'montanhas' de processos têm data para acabar

Acervo em papel do país deve migrar para o formato eletrônico até 2024

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Calhamaços de processos se avolumam em uma sala no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. As muralhas de papel ilustram o final da primeira fase de digitalização do acervo do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), que terminou em dezembro.

Pilhas de processos de papel sobre as mesas, monitores ao fundo e, atrás deles, uma ampla estante totalmente preenchida com mais pilhas de processos. Acima, várias caixas de arquivo de papelão
Sala da 3ª Vara de Execuções Criminais do Fórum da Barra Funda, em São Paulo - Eduardo Knapp - 18.nov.22/Folhapress

A conversão para o formato eletrônico era uma demanda dos profissionais do direito, especialmente advogados.

Desde 2016, o tribunal não aceita processos em papel. Porém a falta de capacidade de armazenamento do sistema eletrônico da corte à época impediu que a digitalização ocorresse naquele momento.

Ao todo, são 6,4 milhões de processos físicos em tramitação no estado, o que representa 29% do acervo. Mantê-los assim significa gasto com espaço físico e lentidão na resolução dos casos, o que ficou evidente na pandemia.

Nesse período, o fechamento de fóruns e a redução do expediente prejudicaram a tramitação dessas ações, que ficaram paralisadas.

O tribunal fez parcerias com o Ministério Público do Estado e procuradorias, por exemplo, e também autorizou advogados e pessoas envolvidas nas ações a retirar os processos para digitalizá-los por conta própria. Mas a adesão foi baixa, principalmente pelo custo.

Em maio de 2021, o tribunal contratou uma empresa para fazer o serviço. De agosto daquele ano até outubro de 2022, foram gastos R$ 18,3 milhões para digitalizar quase 200 milhões de imagens, o equivalente a 567 mil processos.

Vanessa Martiniano, secretária de primeira instância do tribunal, explica que cada vara é comunicada sobre a retirada dos processos para digitalização. Até a conclusão do trabalho, os prazos das ações permanecem suspensos.

Os processos são organizados por lotes e transportados pela empresa até as centrais de digitalização. No local, cada ação recebe um código de barras e é encaminhada para as equipes.

Na Barra Funda, a central foi montada em uma sala ampla, com vários scanners e computadores. Há um funcionário para cada etapa, da logística até a remontagem.

Após a digitalização, os processos são devolvidos aos cartórios, que verificam se a digitalização foi feita corretamente. Em caso afirmativo, o processo é inserido no sistema do tribunal. A partir daí, há um prazo de 30 dias para questionamentos.

Os processos físicos permanecem arquivados por um ano antes da eliminação. Aqueles que tiveram a guarda determinada pela Justiça, caso de ações criminais com condenação, por exemplo, serão mantidos.

Até março, o tribunal deve lançar outro edital para digitalizar o acervo dos municípios do interior.

A previsão era concluir a digitalização no estado até 2026, mas o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) estabeleceu que tribunais com mais de 20% do acervo em formato físico devem finalizar esse processo até dezembro de 2024.

O prazo será cumprido, segundo o juiz Ricardo Dal Pizzol, assessor do gabinete civil da presidência do tribunal.

"A digitalização estava muito incipiente e finalizamos 2022 com a capital inteira digitalizada, boa parte da Grande São Paulo e várias outras comarcas do interior. Com mais uns dois anos, a partir de maio deste ano, terminaremos o estado inteiro."

Além do ganho em celeridade na Justiça, ele afirma que a digitalização melhora os ambientes do tribunal e libera espaço, o que deve permitir a integração de unidades a longo prazo.

Erramos: o texto foi alterado

A servidora Vanessa Martiniano é secretária de 1ª instância do tribunal, não juíza, como afirmou versão anterior desta reportagem

 

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.