Interventor no DF diz que houve 'operação de sabotagem' que permitiu ato golpista

Ricardo Cappelli diz que ex-secretário Anderson Torres mudou todo comando das forças de segurança e fugiu do Brasil

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Brasília

O interventor na Segurança Pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, afirmou nesta terça-feira (10) que a manifestação golpista promovida por militantes bolsonaristas foi possível por causa da "operação de sabotagem" nas forças de segurança locais, que foi promovida pelo então secretário Anderson Torres.

Capelli acusa Torres de deixar as forças de segurança do Distrito Federal sem liderança, pois trocou todo o seu comando e depois "fugiu para o exterior".

Anderson Torres foi ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL). Dias após deixar o governo federal, foi nomeado secretário de Segurança Pública do Distrito Federal pelo governador Ibaneis Rocha. Acabou exonerado por causa das manifestações golpistas.

Ricardo Cappelli (esq.) e Flávio Dino durante a cerimônia de posse do ministro da Justiça - Mauro Pimentel-3.jan.2023/AFP

"O que faltou no domingo foi o comando e a liderança da Secretaria de Segurança do Distrito Federal. Nessas poucas horas à frente da secretaria, posso afirmar que o que aconteceu não foi por acaso. Foi um ato de sabotagem do secretário Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro, que assumiu a Secretaria de Segurança no dia 2, mudou todo o comando [das forças de segurança] e viajou. Não foi por acaso", afirmou Cappelli, em entrevista à CNN.

Neste domingo (8), militantes golpistas ocuparam a Esplanada dos Ministérios, em um violento ato e ataque contra as instituições democráticas. Eles enfrentaram a Polícia Militar e furaram o cordão de isolamento, para na sequência invadir o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal.

Lula então decretou a intervenção na Segurança Pública do Distrito Federal.

Cappelli afirmou que as forças de segurança pública do Distrito Federal haviam montado uma exitosa operação para a posse do presidente Lula, que havia acontecido apenas uma semana antes. Acrescentou que na sequência Torres foi nomeado e então houve a operação de sabotagem.

"O problema não são os oficiais, não é a corporação, não são os oficiais da Polícia Militar que passaram as últimas 36 horas [atuando comigo] Tive ao meu lado, nas últimas 36 horas, tive ao meu lado, praticamente sem dormir, dezenas de oficiais, de delegados da Polícia Civil do DF que cumpriram as suas missões", acrescentou.

"O que faltou no domingo foi a liderança da Secretaria de Segurança. Houve uma operação estruturada de sabotagem comandada pelo ex-ministro bolsonarista Anderson Torres, que viajou. Ele montou a sabotagem e fugiu do Brasil", repetiu o interventor.

SUBSTITUIÇÃO NA PF

Também nesta terça-feira foi exonerado do cargo de superintendente da Polícia Federal no Distrito Federal o delegado Victor Cesar Carvalho dos Santos. A saída do profissional acontece dois dias após as manifestações golpistas, que não foram contidas pelas forças de Segurança.

A exoneração foi publicada no Diário Oficial da União.

Cappelli, que é secretário-executivo do Ministério da Justiça, afirmou que a substituição do delegado já estava programada e não teve relação com os episódios de domingo.

"Claro que os fatos nos chamaram a atenção, mas foi um fato de rotina [a troca] porque estão sendo efetuadas as trocas em todas as superintendências da Polícia Federal e foi feita também a troca na Superintendência da Polícia Federal aqui no Distrito Federal", afirmou.

"O diretor [da PF], doutor Andrei [Rodrigues], já tinha determinado essa alteração e ela foi feita. A gente está assumindo o comando de todas as forças de segurança que atuam no DF. Agora, volto a dizer, a responsabilidade central foi a falta de comando."

"Foi uma operação estruturada de sabotagem comandada pelo ex-ministro de Bolsonaro Anderson Torres, que assumiu a Secretaria, trocou todo o comando, deixou a Secretaria sem direção, sem liderança e fugiu para o exterior", repetiu novamente, na entrevista.

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