Descrição de chapéu ataque à democracia

'Não fui encontrar Bolsonaro, não houve trama', diz secretário de Segurança do DF exonerado

Anderson Torres está nos EUA e foi demitido pelo governador do DF após vandalismo golpista em Brasília

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Brasília

Exonerado no fim da tarde deste domingo (8) em meio ao vandalismo golpista que tomou Brasília, Anderson Torres, responsável pela segurança do Distrito Federal, disse à Folha que o governo do DF fez devidamente o "planejamento" para receber a manifestação de bolsonaristas.

Ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro, Torres viajou de férias para os EUA neste sábado (7). Ele acompanhou os atos de vandalismo à distância, de Orlando (Flórida).

Integrantes do governo Lula, membros da nova direção da Polícia Federal e ministros do Supremo atribuem ao agora ex-secretário de Segurança Pública os problemas deste domingo. Eles defendem uma responsabilização dura.

Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro e secretario de Segurança demitido por Ibaneis Rocha (MDB), durante solenidade sobre a emissão de novas Carteiras de Identidade Nacional nos Estados
Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro e secretario de Segurança demitido por Ibaneis Rocha (MDB), durante solenidade sobre a emissão de novas Carteiras de Identidade Nacional nos Estados - Gabriela Biló/Folhapress

"Não houve leniência, é a primeira vez que tiro férias em muito tempo. O planejamento foi feito", disse à Folha.

O ex-ministro também afirmou que há mentiras sendo contadas.

"Não vim para os EUA para encontrar Bolsonaro. Não me encontrei com ele em nenhum momento. Estou de férias com a minha família. Não houve nenhuma trama para que isso [os atos golpistas] ocorresse", declarou.

Quando deixou o Brasil às vésperas da posse de Lula, Bolsonaro viajou para Orlando, mesma cidade americana onde Torres diz passar férias.

No começo da madrugada desta segunda (9), o ex-ministro divulgou um pronunciamento nas redes sociais no qual diz que os atos de vandalismo em Brasília foram "um dos pontos mais tristes dos últimos anos da nossa história". Ele também negou que teria sido conivente com o que ocorreu.

"Lamento profundamente que sejam levantadas hipóteses absurdas de qualquer tipo de conivência minha com as barbáries que assistimos", afirmou em texto.

"Estou certo de que esse execrável episódio será totalmente esclarecido, e seus responsáveis exemplarmente punidos."

Anderson Torres disse também que repudia "veementemente a covardia que assistimos neste domingo" e que os atos são "totalmente incompatíveis com todas as minhas crenças do que seja importante para o fortalecimento da política no Brasil".

"Em um caso de insanidade coletiva como esse, há que se buscar soluções coerentes com a importância da democracia brasileira", afirmou ainda.

O ex-ministro também disse que divergências político-ideológicas "jamais podem ser usadas como combustível para agressões".

A proximidade de Torres com Bolsonaro e sua atuação à frente da Justiça no governo do ex-presidente são alvo de constantes críticas do PT. O próprio Lula criticou Torres na declaração feita na tarde deste domingo (8).

"O secretário de Segurança dele [governador Ibaneis Rocha] todo mundo sabe a fama dele de ser conivente com as manifestações", afirmou o presidente.

Anderson Torres é alvo de inúmeras críticas por parte principalmente de integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal) e também pela oposição por sua atuação como ministro de Bolsonaro.

Ele entrou inclusive na mira de Alexandre de Moraes (STF) em alguns dos inquéritos de suspeitas de crimes cometidos no governo passado, entre elas uma sobre a live de 29 de julho de 2021 em que Jair Bolsonaro atacou a segurança das urnas eletrônicas.

O ex-ministro é policial federal e deve ser reintegrado ao órgão.

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