Descrição de chapéu Governo Lula

Rui Costa assume Casa Civil, relata paralisia e fala em diálogo e pacto para novo governo

Ministro reclama de falta de dados sobre obras na gestão Bolsonaro e diz querer 'unificar setor agrícola'

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Brasília

O ex-governador da Bahia Rui Costa (PT), 59, tomou posse nesta segunda-feira (2) como ministro da Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou querer intensificar o diálogo com o setor produtivo, citando ainda o desejo de "unificar" o setor agrícola do país.

O ministro também afirmou não haver um diagnóstico certo de obras paradas no Brasil, disse que isso reflete o caos deixado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) e que pretende tirar o país da "paralisia".

O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), abraça Jaques Wagner (PT) em sua cerimônia de posse na pasta, no Palácio do Planalto, na capital federal - Gabriela Biló - 2.jan.23/Folhapress

"As prioridades iniciais, evidente, serão de retomada do Brasil, sair deste momento de paralisia completa. Nem mesmo sabemos quantas obras no Brasil estão paralisadas. Cada um vem com um número, nem os ministérios [conseguem] contabilizar quantas obras temos paralisadas hoje. Isso é demonstração do caos que estamos recebendo."

"O problema é nosso e vamos resolver logo no início as creches, escolas e postos de saúde porque o povo está precisando."

Rui disse que agendará reuniões com cada ministro do governo para definir prioridades, que serão acompanhadas pela Casa Civil, e prometeu ampliar o diálogo com setores da sociedade e auxiliar Lula na montagem de um pacto federativo.

"Nós buscaremos o diálogo intenso com o setor produtivo, com a sociedade. A orientação do presidente Lula é de discutir com todos os atores econômicos, sociais. É a retomada de um país que vai crescer, acelerar, dialogando."

Ele relatou ter conversado com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ministro da Indústria e Comércio, sobre a necessidade de intensificar o diálogo com o setor produtivo, "com a indústria, o comércio e a agricultura."

Rui disse ainda que um dos seus objetivos é "unificar o setor agrícola" e atuar junto ao ministro da Agricultura e o do Desenvolvimento Agrário para "superar esse conceito que as agriculturas são antagônicas."

Rui governou a Bahia por dois mandatos seguidos e transmitiu o cargo ao sucessor, Jerônimo Rodrigues (PT), no domingo (1º). Nesta segunda, Jerônimo o acompanhou na posse.

Ministros e parlamentares participaram da cerimônia, entre eles Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), os senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Jaques Wagner (PT-BA), Aloizio Mercadante, que chefiará o BNDES, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

Rui também anunciou o procurador baiano Wellington César como subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil. Ele foi ministro no governo Dilma Rousseff (PT) por alguns dias em 2016, mas teve de deixar o cargo por ser membro do Ministério Público da Bahia.

Antes do ministro, Jaques Wagner foi o primeiro a discursar na posse. Escolhido para ser líder do governo no Senado, afirmou que o grupo político petista na Bahia venceu cinco eleições e exaltou as qualidades do conterrâneo que assumirá a pasta responsável por coordenar a gestão de toda a Esplanada.

Wagner também comemorou o fato de a posse de Lula ter transcorrido dentro da normalidade.

"Com a graça de Deus, tudo aconteceu da forma mais bonita, amorosa, da forma mais energizada, sem nenhum tipo de incidente ou acidente", afirmou.

Otto Alencar, por sua vez, disse que Wagner é o "mentor" do grupo político que governa a Bahia há 16 anos.

Antes de ser escolhido para o primeiro mandato à frente do estado, em 2014, Rui foi eleito deputado federal, em 2010, mas licenciou-se em 2012 para virar secretário da Casa Civil de Wagner na Bahia, quando pavimentou caminho para disputar o governo.

Na eleição do ano passado, o estado, quarto maior colégio eleitoral do país, deu 72% dos votos para Lula.

A aliados o político diz que quer imprimir uma gestão técnica à pasta que acaba de assumir e se ater menos a articulações políticas. Aliados de Lula se referem a ele como "Rui Correria", uma referência a uma marca que ficou conhecida na Bahia graças ao trabalho de marketing.

Nesta segunda, ele brincou com a fama e disse que vai imprimir um ritmo de "correria" à pasta.

Como mostrou a Folha, o agora ex-governador é conhecido por ter estilo centralizador e minucioso e por ter tocado obras durante os dois mandatos que esteve à frente da Bahia.

Rui nasceu na Liberdade, bairro pobre de Salvador, e é formado em economia pela UFBA (Universidade Federal da Bahia). O petista foi escolhido para ocupar uma das principais pastas do governo Lula após ter atuado para eleger o aliado ao governo baiano.

A Casa Civil é conhecida como a coordenadora dos ministérios, responsável por ajudar a gerir os programas encampados pela gestão federal. Debaixo do guarda-chuva da pasta, há programas, como o PPI (Programa de Parcerias de Investimento).

Para sua equipe, Rui escolheu a ex-ministra do Planejamento da era petista, Miriam Belchior, para ser a secretária-executiva e atuar como número dois da Casa Civil.

Nos últimos dois mandatos de Lula, ela foi responsável por coordenar o PAC (Programa de Aceleração de Crescimento).

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