Descrição de chapéu STF Congresso Nacional

Flávio Bolsonaro afirma não ver crime em caso Marcos do Val, que diz que foi convidado para o PL

Filho do ex-presidente afirma saber da encontro de Bolsonaro com Daniel Silveira sobre Alexandre de Moraes

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Brasília

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que não vê crime na reunião entre seu pai, Jair Bolsonaro (PL), seu colega, Marcos do Val (Podemos-ES), e o ex-deputado preso, Daniel Silveira, na qual teria sido abordado um plano para realizar um grampo ilegal contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Flávio afirmou que o caso precisa ser esclarecido, mas disse não ver crime.

"Ele [Do Val] já havia me relatado o que tinha acontecido, que isso iria ser trazido a público. Contudo, numa linha de que essa reunião que aconteceu seria uma tentativa de um parlamentar [Silveira] de demover as pessoas que estavam [na] reunião de fazer algo absolutamente inaceitável, absurdo e ilegal. Então o que eu peço aqui é que todos os esclarecimentos sejam feitos", afirmou.

"E eu não digo nem abertura de inquérito, porque a situação que foi narrada não configura nenhuma espécie de crime. Mas que todos os esclarecimentos sejam feitos para que não fiquem narrativas em cima de narrativas no intuito de superar os fatos. Fato é que, no dia 31 de dezembro, o presidente Bolsonaro deixou a presidência", completou o filho do ex-presidente.

Flávio Bolsonaro e seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, durante evento da transição de governo, em 2018
Flávio Bolsonaro e seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, durante evento da transição de governo, em 2018 - Sergio Lima - 28.nov.18/AFP

Mas tarde, o filho do ex-presidente emitiu uma nota dizendo que seu pai é um defensor da lei e que sempre jogou dentro dos limites da Constituição.

"Nunca houve qualquer tentativa de golpe", diz o texto. "Seu mandato presidencial se pautou pelo estrito respeito à legislação e às instituições, mesmo quando setores da mídia tentaram induzir o público a uma imagem diferente. Tanto não houve qualquer tentativa de golpe ou crime, que o presidente Bolsonaro deixou a presidência em 31 de dezembro."

Já Do Val disse que, após a revelação do caso e sua divulgação de que sairia da política, recebeu diversas ligações de outros parlamentares pedindo para que ele não renunciasse o seu mandato, inclusive do filho do ex-presidente —que o teria convidado para seu partido.

"[Uma dessas ligações foi dele, me] chamando para ir para o PL e pedindo para eu não sair, que o país precisava do meu trabalho. E o senador [Rogério] Marinho [PL] a mesma coisa, pegou o telefone e reforçou isso, ‘não saia’", disse o senador capixaba.

Ele afirmou ainda que recebeu ligações não só de Flávio, mas também de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Weverton (PSD-MA), Sergio Moro (União Brasil-PR) e Eliziane Gama (PSD-MA).

O caso foi citado por diversos senadores antibolsonaristas no contexto dos atos golpistas de 8 de janeiro e da minuta encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, atualmente preso.

Humberto Costa (PT) disse que, caso comprovado, este seria o mais grave caso deste contexto.

"Se for verdadeira essa informação trazida por Marcos do Val, [...] nós temos aí indícios muito fortes da participação direta do presidente da República [Jair Bolsonaro, na tentativa de golpe]", afirmou.

"[O caso] traz os elementos que faltam para pedir o indiciamento do ex-presidente da República por atentar contra o Estado. Por isso, iremos propor que seja recolhido o depoimento do senador no inquérito dos atos antidemocráticos", disse, por sua vez, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou nesta quinta-feira (2) que tomou um "susto" quando viu as notícias relacionadas a Marcos do Val e defendeu que este tema não tem nada a ver com o governo e que cabe à Justiça analisar a situação.

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