Descrição de chapéu Congresso Nacional

Randolfe toma celular de youtuber que se envolveu em confusão com Bolsonaro

Wilker Leão foi detido após tentar fugir de agentes; ele ficou famoso por chamar ex-presidente de 'tchutchuca do centrão'

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Brasília

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), tomou o celular da mão do youtuber Wilker Leão, que ficou conhecido por chamar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de "tchutchuca do centrão", durante uma discussão dos dois no Congresso Nacional.

Leão estava nesta quinta-feira (2) no Congresso com adesivo de visitante. Pouco antes, o senador havia participado da abertura do ano legislativo, realizada no plenário da Câmara dos Deputados.

Com uma câmera de celular na mão, o youtuber perguntava insistentemente a opinião do senador sobre terrorismo e assédio político. Em determinado momento, a reportagem presenciou Randolfe agarrando a mão do influencer para tomar o celular.

Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), toma celular da mão do youtuber Wilker Leão no Senado
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), toma celular da mão do youtuber Wilker Leão no Senado - Danielle Brant-2.fev.23/Folhapress

Enquanto os dois disputavam a posse do aparelho, seguranças terceirizados do Senado intervieram para afastar o influencer do líder do governo, de forma que o celular do youtuber ficou com o senador. Ele, na sequência, passou o aparelho para uma assessora do Senado.

"Ele tomou meu celular, cara. Você está doido? Devolve meu celular aí", gritou o youtuber enquanto o senador era encaminhado por sua assessoria para um elevador.

Randolfe seguiu para seu gabinete, mas algumas imagens mostram que ele não estava mais com o celular, apesar da acusação do youtuber.

Momentos depois, essa assessora do Senado desceu novamente e entregou o telefone a Leão.

"Está tudo gravado, as câmeras estão gravando. Ele danificou a cordinha do meu celular", disse o youtuber, contido por seguranças. "O senhor está certinho, hein, senador. Vai sair com meu celular daqui? Cadê a Polícia Legislativa?"

Uma funcionária do Senado, em seguida, disse que ele não respeitou o senador. "Ah, não respeitei? O que eu fiz? Questionamento político sobre assédio político e o cara comete um crime de dano, vocês não fazem nada", criticou.

A Folha também presenciou quando Leão foi detido pela Polícia Legislativa e levado para prestar esclarecimento.

Inicialmente, a Polícia Legislativa sugeriu ao influencer ir até a delegacia do Senado para registrar a ocorrência, se ele se sentisse lesado. No entanto, já no pátio, ele voltou a gravar, ignorando pedidos dos policiais para parar.

Em determinado momento, fugiu dos policiais gritando que eles queriam novamente tomar o seu telefone. Um agente chegou a cair no chão na perseguição. Na sequência, se entregou quando foi cercado pelos policiais que apontavam armas taser em sua direção. Foi algemado e levado para a Delegacia da Polícia Legislativa.

Wilker Leão ficou conhecido por se envolver em uma confusão com o ex-presidente na saída do Palácio da Alvorada, no ano passado.

As imagens foram registradas pela TV Globo. Gravando com o celular em meio a apoiadores do presidente, o youtuber questionou Bolsonaro sobre a sanção ao projeto que delimitou a delação premiada. Na sequência, foi jogado ao chão, e seguranças tentaram afastá-lo.

Leão, então, chamou Bolsonaro de "tchutchuca do centrão" e o xingou de "safado", "covarde" e "vagabundo". O ex-presidente agarrou o youtuber pela camisa e pelo braço e tentou tirar o celular de sua mão.

Nesse momento, integrantes da segurança do presidente afastaram Wilker de Bolsonaro e de seus apoiadores. O chefe do Executivo pediu para que eles não filmassem o momento. "Filma não, filma não."

O presidente Jair Bolsonaro se envolve em confusão após ter sido provocado pelo youtuber Wilker Leão, na saída do Palácio da Alvorada. - Emerson Soares/TV Globo

O youtuber costumava ficar no Palácio da Alvorada aguardando Bolsonaro sair para gravar vídeos com provocações ao ex-presidente e a seus apoiadores.

Na época da confusão, Randolfe criticou o episódio em uma rede social. "Bolsonaro tentou tomar o celular de uma pessoa que o questionava sobre a sua covardia e corrupção no governo. Em 1983, em plena ditadura militar, o general Newton Cruz agredia um jornalista durante uma entrevista coletiva. Não é coincidência! Coisa típica do autoritarismo!", escreveu.

Em nota, o líder do governo no Congresso relata a sua versão dos fatos, dizendo ter sido abordado de uma maneira "intimidatória e hostil". Randolfe nega ter agredido o influencer e afirma ser contra qualquer tipo de agressão. Veja a íntegra:

"O senador Randolfe Rodrigues estava a caminho do gabinete e atendendo a jornalistas quando foi abordado de forma intimidatória e hostil pelo influencer em questão. O influencer questionou o senador sobre um suposto projeto de lei relacionado a assédio político. O parlamentar respondeu diversas vezes ao influencer sobre o assunto.

Não satisfeito com a resposta do senador, o influencer tentou entrar no elevador privativo do Senado exclusivo para parlamentares, o que não foi permitido pela segurança. Com isso, o elevador foi bloqueado e a discussão se tornou mais acalorada sem que o senador tenha em qualquer momento agredido o influencer.

Após a discussão, o senador subiu para o gabinete sem o aparelho, que foi entregue a uma funcionária do Senado Federal e, posteriormente, ao influencer.

Nos tempos atuais tornou-se comum ter que lidar com pessoas que usam a internet para sobreviver com polêmicas forjadas. O senador Randolfe Rodrigues reitera que é contra qualquer tipo de agressão".

Wilker Leão afirmou que foi ao Congresso para falar com algum parlamentar sobre "questões controversas" de seu mandato. "Aí apareceu o Randolfe e eu o questionei sobre esse assunto que já estava na minha pauta para falar com ele quando eu tivesse a oportunidade de encontrá-lo."

Ele acusa o senador de roubar o celular e danificar seu relógio após ser questionado sobre um projeto de lei, de autoria dele, que busca tipificar como crime o assédio político/ideológico.

"Depois de uns cinco minutos uma assessora dele me devolveu o celular, mas logo na sequência apareceu um policial do Senado que também tomou o celular à força de mim", afirmou à Folha. "No início, eu consegui me desvencilhar, mas depois não teve jeito. Acabaram me levando para a delegacia da polícia do senado algemado."

Segundo o youtuber, tudo foi esclarecido. "Eu requeri o indiciamento do senador pelo cometimento dos crimes de roubo e dano. Farei o mesmo hoje na Corregedoria da Casa."

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