STF reabre ainda em meio a restauração após ataque de vândalos golpistas

Plenário para julgamentos foi reformado, mas outros setores depredados irão levar alguns meses para voltar a funcionar como antes

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Brasília

Menos de um mês após ter a sua sede depredada por golpistas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o STF (Supremo Tribunal Federal) retorna nesta quarta-feira (1º) às atividades em um plenário restaurado, mas com o restante do prédio principal ainda em reforma.

Os vidros que foram pichados com xingamentos aos ministros ou quebrados já estão limpos ou foram substituídos, mas os danos causados em salas, móveis e equipamentos do edifício ainda não estão reparados.

Em torno de uma mesa de madeira e diante de cadeiras bege, em pé, os ministros do STF, vestidos com a toga preta. O presidente Lula, um homem branco, de barba e cabelos também brancos, vestido de terno, está ao lado esquerdo da ministra Rosa Weber, uma mulher branca de cabelos loiro. Ao lado direito, de terno escurso, o presidente do Congresso Nacional e Senado, Rodrigo Pacheco, um homem branco de cabelos castanhos
Sessão de abertura do Ano Judiciário de 2023 no plenario do Supremo Tribunal Federal - Reprodução/TV BrasilGov

A escultura "A Justiça", que fica em frente ao STF e foi pichada com a frase "Perdeu, mané", também já está limpa desde o último dia 25. Avaliada entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões, a estátua tem cerca de três metros de altura e um metro e meio de largura.

A mesma frase foi pichada em diversos vidros do tribunal, e faz referência à resposta do ministro Luís Roberto Barroso ao assédio feito por um apoiador de Bolsonaro. "Perdeu, mané. Não amola!", disse o ministro ao homem que o abordou na rua em Nova York (EUA), em novembro.

O Supremo receberá nesta quarta-feira (1º) os chefes do Executivo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do Legislativo, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), na cerimônia de início dos trabalhos do ano do Judiciário.

Tanto Lula como Pacheco devem discursar no evento, além do procurador-geral da República, Augusto Aras, do presidente da OAB, Beto Simonetti, e da própria presidente do STF, Rosa Weber.

À tarde, acontecerá a primeira sessão de julgamento do plenário de 2023, com a análise de questões tributárias.

A intenção é demonstrar que, apesar do ataque, o STF retoma normalmente as atividades e suas tarefas essenciais não foram interrompidas devido à ação dos bolsonaristas.

Rosa evitou pautar para este semestre ações que façam a corte se tornar o centro das atenções.

A corte também lançou uma campanha chamada "Democracia Inabalada", que tem a intenção de "chamar a atenção para o lamentável episódio [do ataque], para que ele nunca seja esquecido e nem se repita, e destacar que a democracia e a Suprema Corte saem fortalecidas desses acontecimentos".

Apesar da reforma do plenário, a expectativa é de que algumas salas do prédio principal demorem ao menos seis meses para voltarem a funcionar como antes.

O prédio, à exceção da presidência, não abriga o gabinete dos demais ministros, que ficam localizados nos anexos. No último dia 8, os vândalos invadiram os três andares do prédio principal, e foram contidos quando tentaram entrar no subsolo e nos anexos do Supremo.

A invasão começou por volta das 15h30, com a segurança interna do Supremo tentando conter a multidão que entrou na Praça dos Três Poderes sem ser barrada pela Polícia Militar. Muitos estavam com máscaras e luvas e ignoraram as bombas de gás e de pimenta lançados pela Polícia Judicial.

Folhetos com imagens do plenário destruído e restaurado foram colocados sobre os assentos
Folhetos com imagens do plenário do STF destruído e restaurado foram colocados sobre os assentos - José Marques/Folhapress

O prédio só foi retomado às 16h40, após a ajuda de reforços do COT (Comando de Operações Táticas), unidade tática de elite da Polícia Federal; e do Bope (Batalhão de Operações Especiais) do DF.

Apesar de ter sido a última sede de um dos três Poderes invadidas, o STF foi o mais danificado. Os vândalos invadiram até o Salão Nobre da corte, decorado com peças de mobiliado histórico do século 18.

No local, que foi destruído, os ministros recebiam autoridades estrangeiras e mantinham os itens decorativos presenteados por elas.

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