Bolsonaro quer defender legado no Nordeste, reduto de Lula, e retomar motociata

Ex-presidente traça planos para se manter em evidência, e PL fará pesquisas para definir itinerário

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que retornou ao Brasil na quinta-feira (30), deixou claro a aliados que pretende se manter em evidência e afirmou querer viajar o país para defender o seu governo.

Durante encontro que manteve com parlamentares e políticos em seu primeiro dia em Brasília, o ex-presidente ainda disse ao general Walter Braga Netto (PL), que foi candidato a vice na sua chapa, querer voltar a andar de motocicleta.

Segundo relatos de pessoas presentes, Bolsonaro sugeriu que poderia dar um passeio já neste domingo (2).

Jair Bolsonaro acena para apoiadores do hotel onde tomou café com correligionários - Gabriela Biló/Folhapress

Durante seu governo, Bolsonaro realizou diversas motociatas. Nesses eventos, centenas de motociclistas apoiadores se reuniam para percorrer um trajeto com o então presidente —que em diversas ocasiões infringiu normas de trânsito ao trafegar sem capacete.

A agenda de viagens não está pronta. Segundo o ex-ministro Gilson Machado (Turismo), a ideia também é fazer giros de carro pelo país.

Machado afirma que Bolsonaro expressa muita vontade de ir ao Nordeste, única região em que Bolsonaro foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.

"Ele quer muito correr o Nordeste. Foi lá que tivemos uma votação que não foi a esperada. E lá tivemos a maior quantidade de pessoas nos eventos que fizemos. Tem que entender o que houve lá", diz Machado.

Ele acrescenta que Bolsonaro também deve ir a Portugal, em maio, para um evento de políticos conservadores.

De acordo com integrantes do PL, a agenda de viagens de Bolsonaro deve ser definida na próxima semana. O itinerário será resolvido após análise do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, que usará pesquisas encomendadas pelo partido.

A decisão sobre os locais que serão percorridos vai ser balizada pelo objetivo do PL de aumentar o número de prefeitos e vereadores na eleição de 2024. Bolsonaro disse na quinta que pretende fazer "uma ou duas viagens pelo Brasil a cada mês".

Embora tenha afirmado publicamente não pretender "ser o líder da oposição", os sinais que deu ao regressar ao Brasil vão no sentido contrário.

O ex-chefe do Executivo desembarcou pela manhã em Brasília de um voo com origem em Orlando. Bolsonaro estava nos Estados Unidos desde dezembro de 2022, quando deixou o país para não passar a faixa presidencial a Lula.

Em seguida, foi para o escritório do PL, na região central da capital, onde se reuniu com Valdemar e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, além de um conjunto de parlamentares aliados.

De acordo com aliados, o ex-chefe do Executivo tem sido aconselhado a comparecer a festas populares no interior do país, como o São João de Caruaru (PE) e a Festa do Peão de Barretos (SP). Esses interlocutores destacam que o embate direto com o governo sobre pautas específicas deve ser feito pela bancada bolsonarista no Congresso.

Durante a campanha, ele recebeu conselho similar. Pesquisas mostravam que Bolsonaro desempenhava melhor e diminuía a rejeição quando não adotava uma postura crítica ou agressiva.

Além de dizer que quer viajar o país para defender "o que fez", Bolsonaro afirmou a aliados o que disse em público sobre a intenção de ajudar o partido a crescer nas eleições municipais.

O ex-presidente afirmou que pretende se reunir com prefeitos, deputados e partidos pequenos que são aliados para fazer articulações políticas e eleger o máximo de candidatos possíveis.

Além de Bolsonaro, o PL quer que Michelle e Braga Netto também assumam uma agenda de viagens.

O objetivo da legenda é aproveitar o máximo os "ativos políticos" que eles consideram ter.

Diante da possibilidade de que Bolsonaro seja declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), aliados de Bolsonaro passaram a trabalhar com a hipótese em que Michelle poderia ser candidata à Presidência em seu lugar.

O ex-mandatário, porém, rejeitou essa possibilidade em entrevista à Jovem Pan na quinta. Disse ainda que ela não "tem vivência" e que lhe "falta algo".

"Alguém lançou o nome dela. Ela já falou que não quer saber de cargo no Executivo, está fora disso, até porque não tem a vivência. Até para você ser prefeito não é fácil. Eu vejo alguns prefeitos que, quando terminam o mandato, apesar de ter feito um bom trabalho, se arrependem dado ao número de processos que respondem por improbidade administrativa", declarou Bolsonaro.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.