O economista e colunista da Folha Joel Pinheiro da Fonseca lança neste domingo (12) o livro "Deus não é mais Brasileiro", apresentando suas perspectivas sobre o processo de polarização política, a crise econômica e a ameaça à democracia brasileira de 2017 a 2022.
A tarde de autógrafos será às 15h na Livraria Drummond, no Conjunto Nacional (avenida Paulista, 2.073).
A obra, que marca a estreia do autor no mercado editorial, reúne uma coletânea de artigos publicados no jornal e que abordaram desde o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e o governo de Michel Temer (MDB) até a eleição de Jair Bolsonaro (PL) ao Planalto, a pandemia e o pleito do ano passado, que levou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de volta à Chefia do Executivo.
De acordo com o colunista, as análises presentes na obra tentam priorizar a discussão do desenvolvimento econômico, o pensamento em questões sociais e o meio ambiente, além do respeito às instituições e ao regime democrático, considerados por ele parte de uma perspectiva liberal.
Joel também afirma que boa parte dos artigos por ele escolhidos debatem as instituições e os valores de uma sociedade liberal, que, segundo ele, "apesar das suas falhas, é o melhor modelo político e social que a gente tem".
O economista ainda levanta a importância da imprensa e dos artigos jornalísticos —a principal fonte do livro— para a criação de um solo comum de fatos a todos, a fim de que o debate de ideias antagônicas, natural para a democracia, não corra para a desinformação.
O título do livro é o mesmo de uma das colunas publicadas pelo autor em 12 de junho de 2018 —o texto criticava como o comportamento político e econômico demandava por benefícios, mas evitava discutir os custos, que acabariam recaindo nas camadas mais vulneráveis socioeconomicamente.
"A gente tem uma tendência no Brasil a não encarar as questões difíceis de frente, a achar que de algum jeito sem que a gente tenha que se preocupar muito com isso os grandes problemas serão solucionados pelas circunstâncias. Um pouco na ideia do 'Deus é brasileiro', ou seja, tudo conspira nosso favor, o universo de alguma maneira está do nosso lado", comentou Joel.
"Deus não é mais brasileiro, mas nós somos brasileiros, cabe a nós e não as circunstâncias externas ou causas maiores, cabe a nós a solução dos nossos problemas."
Ele ainda vê o cenário internacional como um dos fatores de tensão econômica e política para o país, além de destacar na obra o papel da tecnologia e o impacto da desinformação no debate público —apesar de reconhecer a ampla liberdade de discussão nas redes, Joel afirma haver muita manipulação de informação.
"A causa mais profunda [da polarização no país] está em como a tecnologia impacta o debate público. Isso vale para o Brasil, mas vale para o mundo inteiro, o mundo inteiro tá passando por essa instabilidade e ela veio para ficar e a gente vai ter que encontrar soluções para isso, mas eu também acredito que as soluções são possíveis."
A editora Coerência, que publica a obra de Joel, afirma esperar que ela traga solidez aos leitores no desenvolver de seus pensamentos sobre o cenário político do país por meio das colunas publicadas, e agora compiladas e organizadas pelo autor.
A companhia foca os autores em início de carreira no mercado editorial, considerado bastante desafiador. Esse é o caso do colunista, já que "Deus não é mais Brasileiro" é seu primeiro livro publicado.
"Ansiamos para que os artigos de Joel, que antes foram publicados em sua coluna na Folha, cheguem até o leitor com qualidade, assim, talvez, formando pensamentos mais sensatos no cenário político brasileiro."
Já o jornalista Pedro Doria, que assina o prefácio da coletânea de Joel, destaca o ponto de vista liberal adotado por Joel para a análise dos fatos ocorridos no Brasil, e afirma que essa perspectiva político-ideológica está marcada no livro como uma oposição ao processo de radicalização do país.
"Que anos vivemos. Anos de mudanças extremas, de um radicalismo que deseja calar o debate, e aqui, neste livro, cara leitora, prezado leitor, o que há é um liberal acompanhando todos esses momentos. Tateando em busca de compreensão. Propondo caminhos. Evidentemente, sempre massacrado por um lado e pelo outro. É de praxe. Mas o Brasil é melhor por conta deste olhar constante e reflexivo", escreveu.
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