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Lula diz não ter pressa e evita se comprometer com indicação de negro ou mulher ao STF

Presidente também cobra solução de impasse no Congresso e afirma que 'país não pode ficar parado'

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (6) que não tem pressa para a escolha de um novo ministro ao STF (Supremo Tribunal Federal) e evitou se comprometer com a indicação de uma mulher ou um negro, como já pediram entidades e integrantes do próprio governo.

A declaração do mandatário, feita durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, ocorre no mesmo dia em que Lula publicou decreto de aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski no Diário Oficial da União.

"Se vai ser negro, se vai ser mulher, se vai ser homem, é um critério que eu vou levar muito em conta na escolha. Mas não te darei nenhuma referência, porque, se eu der uma referência, estarei carimbando a futura pessoa que vai ser a ministra da Suprema Corte", disse o chefe do Executivo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de café da manhã com jornalistas no Planalto. - Pedro Ladeira/Folhapress

Lula disse que seu indicado será uma pessoa "altamente gabaritada, do ponto de vista jurídico", e que tenha sensibilidade social. O chefe do Executivo disse ainda que escolherá um ministro que não vai dar seu voto "na imprensa", mas nos autos do processo.

"A escolha do substituto dele será feita por mim no momento que eu achar que tenha que fazer. Não adianta ficarem plantando nome, tentando vender candidato pela imprensa, que não é assim que se escolhe ministro da Suprema Corte. (...) Não tem data, não tem mês. Eu não tenho pressa de escolher", completou.

Com a oficialização da aposentadoria de Lewandowski, que já estava anunciada para abril, Lula já pode indicar oficialmente o substituto para a vaga.

O ministro anunciou, no último dia 30, que se aposentaria em 11 de abril, um mês antes do prazo máximo para que ele deixe a corte por completar 75 anos de idade.

O favorito de Lula para a vaga é Cristiano Zanin, que atuou como seu advogado nos casos da Operação Lava Jato.

A possível indicação é tratada nos bastidores desde a campanha eleitoral, mas o próprio Lula vem falando publicamente das chances de seu advogado.

No início de março, em entrevista à BandNews, o presidente afirmou que "todo mundo compreenderia" caso ele indicasse Zanin ao STF.

Depois, Lula disse ao portal Brasil 247 que ainda não sabe quem vai indicar e que não tem compromisso assumido com nenhum candidato. Por outro lado, exaltou o defensor de seus processos relacionados à Operação Lava Jato.

"O Zanin foi a grande revelação jurídica nesses últimos anos. O Zanin foi muito criticado [ao fazer a defesa de Lula na Lava Jato], porque não era criminalista, muita gente pediu para mim 'você tem que contratar fulano', muita gente do meu partido mesmo", afirmou.

Naquela ocasião, Lula também comentou o eventual estabelecimento de mandatos para ministros do Supremo. Ele disse que "vai discutir proximamente" o assunto, embora não tenha tomado posição ao ser questionado sobre esse formato.

País não pode ficar parado, diz presidente sobre impasse no Congresso

Lula afirmou que até hoje não sentiu "nenhuma dificuldade com o Congresso Nacional", mas afirmou que "nós ainda não tivemos um teste" e que vai "esperar a primeira votação de interesse do governo".

O petista cobrou os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para a solução do impasse sobre a tramitação de MPs (medidas provisórias), alvo de disputa entre as duas Casas.

"Essa base não foi testada ainda em nenhuma votação. Nós temos, eu vejo pela imprensa, uma divergência entre o presidente do Senado e o presidente da Câmara. Quem é que pode mais, quem é que pode menos. Eu já tive a oportunidade de conversar com o presidente do Senado, já conversei com o presidente da Câmara e eu tenho certeza que os dois vão se colocar de acordo para começar a votar as coisas que precisam ser votadas, porque o país não pode ficar parado", disse Lula.

"Estou muito tranquilo com a construção da união que nós fizemos. É muito difícil conversar num sistema de coalizão política com a quantidade de partidos que temos. É muito mais fácil fazer coalizão num mundo em que tenha três partidos políticos, quatro partidos políticos. Porque é muita gente para você conversar e dentro dos partidos também tem muita divergência", afirmou, em relação à base do governo.

Nesta quinta, foram convidados para o café com Lula jornalistas de Folha, GloboNews, Valor Econômico, Jota, O Globo, UOL, Amazônia Real, TV Globo, Rádio Itatiaia, Poder 360, ICL Notícias, Metrópoles, Rede TV!, DCM, Fórum, O Tempo, Plataforma Brasília, Revista Piauí, Congresso em Foco, Zero Hora, Meio, Rádio Jornal, CBN, Agência Pública, Carta Capital, Nexo, CNN Brasil, SBT, Correio Braziliense, O Estado de S. Paulo, EBC, Band, TV Record e O Cafezinho.

Profissionais de GloboNews, Revista Fórum, O Globo/CBN, Correio Braziliense, UOL, Metrópoles, CNN, Piauí, Estadão, Jota, Nexo, TV Record fizeram perguntas ao presidente durante o encontro, por escolha da assessoria.

A Folha não foi escolhida, mas fez uma pergunta ao final do encontro para tentar esclarecer uma declaração de Lula sobre a meta de inflação.

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