Descrição de chapéu Legislativo Paulista

PL e PT lideram comissões na Assembleia de SP, e bolsonaristas ganham palanque

Partidos da base de Tarcísio devem ter comando de 17 das 22 comissões da Casa

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São Paulo

A base do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) deve ficar com 17 das 22 comissões permanentes na Assembleia Legislativa de São Paulo, sendo quatro delas a cargo do PL.

O partido, que já elegeu como presidente da Casa André do Prado, ganhou nesta terça-feira (18) o comando da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), a mais importante da Alesp, que ficará com Thiago Auricchio.

As votações começaram nesta terça e devem se estender até esta quarta (19). No entanto, os partidos já chegaram a um acordo sobre quem presidirá cada um dos grupos fixos da Casa.

Plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo durante sessão em janeiro de 2023
Plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo durante sessão em janeiro de 2023 - Rodrigo Costa - 31.jan.23/Divulgação Alesp

Filho do prefeito de São Caetano do Sul, José Auricchio Jr. (PSDB), o novo presidente da CCJ tem 29 anos e é o mais jovem presidente da comissão que funciona como porta de entrada de todos os projetos de lei.

O deputado afirmou considerar natural a prevalência de seu partido, o PL, na Casa, pela proporcionalidade.

"O PL tem a maior bancada, somos em 19. E historicamente todos os presidentes que estiveram aqui cumpriram a proporcionalidade. André do Prado conseguiu encaixar o PL em grande parte das comissões, principalmente a mais importante, que é a de Constituição e Justiça", disse.

O deputado estadual Thiago Auricchio, novo presidente da CCJ da Assembleia de SP
O deputado estadual Thiago Auricchio, novo presidente da CCJ da Assembleia de SP - Divulgação

A expectativa é que em breve o grupo passe a analisar algumas prioridades da gestão Tarcísio, como o aumento do salário de policiais.

O PL também levará a comissão de Transportes e Comunicações, que deve ser presidida por Ricardo Madalena.

As outras duas sob comando do partido —Segurança Pública e Assuntos Penitenciários e Defesa dos Direitos das Mulheres— serão lideradas por Major Mecca e Valeria Bolsonaro, respectivamente, dois nomes da bancada bolsonarista.

O PL, que ganhou corpo após a chegada de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, deixou para esses grupos assuntos que rendem palanque para o eleitorado conservador.

Em Defesa dos Direitos das Mulheres, Valeria atuará em dobradinha com a secretária estadual da área, Sonaira Fernandes (Republicanos). Sonaira levou a agenda antiaborto para o governo Tarcísio e mantém aceso o bolsonarismo raiz na gestão, que tem se mostrado com um viés de direita mais moderado.

Na Segurança, Mecca também deve atuar em consonância com o secretário estadual da área, Guilherme Derrite, também policial e filiado ao PL.

De acordo com deputados ouvidos pela reportagem, a distribuição de comissões entre os partidos foi costurada por André de forma a não haver grandes disputas, já que o tamanho das bancadas foi o principal fator levado em conta —considerando os partidos que apoiaram a sua eleição.

Parte dos bolsonaristas afirma que o grupo ideológico foi bem contemplado com as comissões distribuídas a Mecca e Valéria, mas que a deputada acabou preterida diante de outros cargos que pleiteava, como a liderança do PL e a comissão de educação.

Turbinado na Casa por ter a maior bancada, com 19 cadeiras, o PL, além das comissões e da presidência, ainda ganhou a corregedoria, a cargo de Alex de Madureira. O posto é importante em casos de pedidos de cassação e punições de outros parlamentares.

Mesmo na oposição, o PT terá controle de comissões importantes para a atuação da sigla, como Direitos Humanos, para a qual o veterano Eduardo Suplicy deve ser eleito presidente nesta quarta-feira (19).

O partido, que apoiou a eleição de André do Prado e tem a segunda maior bancada, com 18 parlamentares, terá quatro comissões pelo princípio da proporcionalidade. As outras três serão Educação, Infraestrutura e Relações Internacionais.

Pelo arranjo que elegeu André, o PT também ganhou a primeira secretaria da Casa. Na prática, os petistas repetiram um acordo que vinham fazendo desde 1995 com o PSDB. Antes da derrocada de Rodrigo Garcia (PSDB), os tucanos vinham presidindo a Alesp nas últimas décadas.

Mesmo alijado do poder, o PSDB mantém ainda três comissões na Alesp: Ciência, Tecnologia, Inovação e Informação; Saúde; e o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

Cargo chave na Casa conhecida por agressões entre deputados e polêmicas, o Conselho de Ética será presidido pelo veterano Barros Munhoz, que já comandou a Alesp.

O partido do governador Tarcísio, o Republicanos, também terá três comissões. Elas serão Finanças, com Gilmaci Santos; Assuntos Desportivos, com Altair Morais; e Direitos do Consumidor, com Jorge Wilson Xerife do Consumidor, que também é líder do governo na Casa.

A Alesp ainda ganhou três novas comissões fixas neste ano: Turismo, que ficará com o PSD; Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que será comandada pelo PSB; e Habitação, Desenvolvimento e Reforma Urbana, que será chefiada pela União Brasil.

A comissão voltada a pessoas com deficiência será presidida por Andrea Werner, ativista de causas a área e ex-filiada ao PSOL.

O próprio PSOL, no entanto, mesmo com cinco deputados, ficou de fora do comando das comissões.

Legenda que costuma fazer a oposição mais ferrenha e crítica do tradicional governismo na Casa, a sigla acabou excluída dos principais espaços após resolver lançar Carlos Giannazi para presidente da Alesp, com objetivo de marcar posição contra André do Prado.

A 20ª legislatura terá um novo establishment, oposição numerosa e recorde de mulheres e negros. O alinhamento entre a Assembleia e o Palácio dos Bandeirantes, contudo, deve permanecer, já que o governador Tarcísio de Freitas tem mais de 60 deputados em sua base de apoio —de um total de 94 na Alesp. A principal bandeira do governo, a privatização da Sabesp, precisa do aval do plenário para avançar.

O governo começou vencendo a oposição na briga pela instalação da CPIs. Após confusão, o protocolo de CPIs seguiu a ordem da fila de assessores instalada três dias antes nos corredores da Casa, o que privilegiou os parlamentares aliados a Tarcísio e a André do Prado.

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