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Post satiriza deputado que votou contra igualdade salarial entre homem e mulher

Conteúdo envolvendo o nome de Deltan Dallagnol viralizou como se fosse verdadeiro

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São Paulo

Um texto satírico do perfil @GloboFakeNews envolvendo o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) está sendo interpretado como verdadeiro nas redes sociais. Nele, o autor diz que o parlamentar justificou seu voto contra a igualdade salarial entre homens e mulheres dizendo que "não era de Deus" e que mulheres "deveriam se resignar em ganhar menos".

O tuíte, verificado pelo Projeto Comprova, faz referência ao projeto de lei 1085/23, do Poder Executivo, que equipara salários de homens e mulheres em cargos com a mesma função ou de igual valor. O texto foi aprovado na Câmara e segue para análise no Senado.

Apenas 36 parlamentares foram contra a aprovação na Câmara, e 325 foram favoráveis. Entre aqueles contrários, está o ex-procurador Deltan Dallagnol. Contudo, a reportagem não encontrou registro de que ele tenha justificado seu voto da forma como diz o tuíte ou de qualquer outra.

Tampouco foram encontradas postagens nas redes sociais de Dallagnol a respeito do projeto de lei. O registro da sessão do dia 4 de maio, quando ocorreu a aprovação, mostra que ele sequer discursou naquela ocasião. Ainda assim, a reportagem contatou a assessoria de imprensa do deputado, que confirmou que "o plenário foi virtual, então, ele nem falou na Tribuna".

Deltan Dallagnol, homem branco, usa terno azul, camisa branca e gravata. Ele fala ao microfone
O deputado federal Deltan Dallagnol, que teve o nome envolvido em post satírico - Pablo Valadares - 28.fev.2023/Câmara dos Deputados

Uma análise do perfil @GloboFakeNews deixa evidente que trata-se de postagem com intenção satírica. O autor diz na bio do perfil que publica "a verdade revelada através da fake news". Além disso, há diversos outros tuítes que têm como alvo políticos bolsonaristas e outras figuras conservadoras, como o pastor Silas Malafaia.

O Comprova identifica como sátira, os memes, paródias e imitações publicadas com intuito de fazer humor e verifica conteúdos satíricos quando percebe que há pessoas tomando-os por verdadeiros.

Alcance

O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 9 de maio, o tuíte satírico havia sido compartilhado 425 vezes e recebido 1,2 mil curtidas. Um vídeo que publicou a história como se fosse verdadeira foi visualizado no YouTube 8,8 mil vezes até a mesma data.

Como verificamos

Inicialmente, fizemos uma busca no Google pelos termos Dallagnol + mulheres + salários, que retornou links para checagens do Boatos.Org e da agência Aos Fatos sobre o caso. Em seguida, buscamos informação sobre o PL que trata sobre a igualdade salarial entre homens e mulheres para saber como votou o deputado paranaense. Também foram feitas buscas nas redes sociais do parlamentar para saber se ele havia se manifestado sobre o assunto. O Comprova também consultou o registro escrito da sessão da Câmara dos Deputados do dia 4 de maio, quando o projeto de lei foi aprovado para saber se ele chegou a se manifestar naquela ocasião.

Foi feito contato ainda com o deputado Deltan Dallagnol.

O que diz o responsável pela publicação

O autor do perfil @GloboFakeNews foi contatado, mas não respondeu até a publicação deste texto.

O que podemos aprender com esta verificação

O perfil que publicou o conteúdo satírico que se espalhou como verdadeiro é @GloboFakeNews. Neste caso, pode-se gostar ou não da Rede Globo, mas o nome da página já deveria fazer com que o leitor ligasse o alerta e desconfiasse da informação. Uma rápida pesquisa na internet com o nome do deputado e termos usados no post já mostraria que nenhum veículo da imprensa profissional noticiou tal informação.

Também aprendemos que sátiras podem ser entendidas de diferentes formas e, quando tidas como verdades, podem ser perigosas, já que, como neste caso, causam desinformação.

Por que investigamos

O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984. Sugestões e dúvidas relacionadas a conteúdos duvidosos também podem ser enviadas para a Folha pelo WhatsApp 11 99486-0293.

Outras checagens sobre o tema

O site Boatos.org e a agência Aos Fatos também checaram o conteúdo verificado aqui. Além disso, Dallagnol já esteve no centro de outras checagens do Comprova. No tuíte verificado aqui, ele não é o autor da peça de desinformação, mas, recentemente, o projeto verificou post do deputado que enganava ao dizer que projeto de lei proíbe versículos bíblicos nas redes sociais.

A investigação desse conteúdo foi feita por Folha e A Gazeta publicada em 9 de maio pelo Projeto Comprova, coalizão que reúne 41 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por UOL, Estadão, Diário do Nordeste, Plural Curitiba e AFP.

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