Descrição de chapéu Folhajus Congresso Nacional

Deltan diz que Câmara se curvou a decisão injusta do TSE

Após Mesa Diretora da Casa confirmar perda de mandato, deputado cassado diz que Legislativo cedeu ao Judiciário

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Brasília

O deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirmou nesta terça-feira (6) que a Câmara dos Deputados cedeu diante de uma decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que ele chama de injusta.

"Hoje a Mesa da Câmara dos Deputados decidiu se curvar diante de uma decisão injusta do TSE. Mais uma vez, o Poder Legislativo decidiu se curvar à criação da lei pelo Poder Judiciário. Hoje a Casa do Povo se dobrou contra a vontade do povo", afirmou a jornalistas.

Deltan Dallagnol após Mesa Diretora declarar a perda de seu mandato - Pedro Ladeira/Folhapress

Nesta tarde, a Mesa Diretora da Câmaras declarou, por unanimidade, a perda do mandato do deputado e ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, após uma reunião realizada na residência oficial da Câmara.

À Mesa cabe apenas fazer a declaração oficial da perda de mandato, atendendo a decisão do TSE. No último dia 16, a corte eleitoral cassou, por unanimidade, o registro da candidatura e, consequentemente, o mandato de deputado.

Deltan afirmou que não se arrependeu "em nenhum momento" do que fez enquanto parlamentar e disse que não faria nada diferente para manter o seu mandato.

"Deixo hoje a Câmara dos Deputados, mas deixo com a paz com quem honrou os seus eleitores. Deixo o Congresso Nacional com a paz de alguém que não foi cassado porque cometeu algum crime, porque praticou corrupção, porque esteve em farras de guardanapos ou porque aceitou um tríplex em troca de favores", afirmou.

"Não fui cassado pela minha saída do Ministério Público. Fui cassado pelo que eu fiz dentro do Ministério Público, por ter ousado colocar corruptos pela primeira vez debaixo da lei. O meu crime foi ter defendido meus valores, defendido a verdade e ter buscado colocar políticos corruptos na cadeia pela primeira vez na história do Brasil. Hoje sou cassado pelas mãos de um ministro delatado no TSE e a partir das mãos de um deputado acusado na Câmara", seguiu.

Ele disse ainda que seguirá "lutando" e que irá recorrer da decisão "até o fim". "Hoje o sistema corrupto vence, sim, uma batalha. Mas vou seguir lutando com todas as minhas forças para que ele não vença a guerra."

Após a confirmação da perda do mandato, Deltan foi caminhando do seu gabinete ao plenário da Casa, onde abraçou os deputados Adriana Ventura (Novo-SP) e Marcel Van Hattem (Novo-RS).

O deputado Osmar Terra (MDB-RS) chegou a perguntar a Deltan se a Mesa já havia se posicionado. O deputado cassado respondeu que sim e fez gestos apontando para a porta, ao que Osmar afirmou: "Que burrice".

Minutos depois, cumprimentou Deltan e os dois posaram para uma foto. O deputado Alencar Santana (PT-SP), um dos vice-líderes do governo Lula, passou por Deltan e disse: "tchau, tchau, tchau, tchau, abraços".

Com o plenário esvaziado, o deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB) pediu um minuto de silêncio em repúdio à decisão da Mesa.

A ação de cassação decorre de representação da Federação Brasil da Esperança (PT, PC do B e PV) e do PMN, que alegaram que Deltan não poderia ter deixado a carreira de procurador da República para entrar na política porque respondia a reclamações disciplinares, sindicância e pedido de providências junto ao CNMP —que fiscaliza os deveres funcionais dos integrantes do Ministério Público.

Os adversários do ex-procurador afirmaram que o caso se encaixa em uma das previsões de inelegibilidade definidas com a edição da Lei da Ficha Limpa, de 2010.

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