Jean Wyllys chama Eduardo Leite de gay homofóbico e governador rebate: 'deprimente'

Discussão nas redes sociais foi motivada por decisão sobre escolas cívico-militares; ex-deputado deverá ocupar cargo na Secom de Lula

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São Paulo

O ex-deputado federal Jean Wyllys (PT) chamou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), de "gay com homofobia" ao criticar a decisão do líder do executivo gaúcho de manter as escolas cívico-militares no estado.

"Que governadores héteros de direita e extrema-direita fizessem isso já era esperado. Mas um gay?", questionou, em comentário no Twitter. Wyllys deverá ocupar um cargo na Secretaria de Comunicação do governo Lula .

O ex-deputado, que voltou ao Brasil quatro anos após deixar o país e desistir do seu terceiro mandato na Câmara em meio a ameaças, também disse que gays "com homofobia internalizada desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes".

Jean Wyllys durante a live em que confirmou sua filiação ao PT, em maio de 2021, após 12 anos no PSOL.
Jean Wyllys durante a live em que confirmou sua filiação ao PT, em maio de 2021, após 12 anos no PSOL. - Reprodução

Leite rebateu afirmando que a manifestação do ex-deputado foi deprimente e cheia de preconceito. "Em nada contribui para construir uma sociedade com mais respeito e tolerância", disse. "Eu lamento a sua ignorância", completou o presidente nacional do PSDB.

"Deprimente é tentativa de pinkwashing", respondeu Wyllys, citando o movimento de apropriação dos temas da comunidade LGBTQIA+ para a venda de produtos e serviços por empresas que não têm histórico de apoio à causa ou proximidade com esse público.

A gestão Lula (PT) extinguiu, nesta semana, o programa federal de fomento a escolas cívico-militares, uma bandeira do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Poucas horas após a divulgação da extinção, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou a criação de um programa estadual de escolas cívico-militares. Ele não detalhou como será a ação e quantas unidades devem recebê-lo. Outros governadores também anunciaram a manutenção dos programas.

Na quinta (13), Leite informou que pretende manter o programa estadual de escolas cívico-militares, que existe em paralelo à iniciativa do governo federal e tem a adesão de 18 unidades.

Wyllys mantém relação próxima com a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, que o recebeu em seu gabinete no Palácio do Planalto e publicou um vídeo nas redes sociais, no dia 6. Após a volta ao Brasil, Wyllys deve atuar na pasta comandada pelo ministro Paulo Pimenta na área de planejamento de comunicação.

SEGMENTOS LGBTQIA+ DO PARTIDO PRESTAM SOLIDARIEDADE

A Diversidade Tucana, ala do PSDB que trabalha em prol dos LGBTQIA+ e de outras minorias, emitiu nota de repúdio a Wyllys pelo que classificou como "colocações errôneas" e desserviço à causa.

O segmento partidário lamentou o caso e disse que o episódio mostra que a homofobia pode, algumas vezes, vir de dentro da própria comunidade. Para o grupo, o ex-deputado incitou discurso de ódio e homofobia contra Leite.

"Ressaltamos a importância de nos mantermos atualizados com o cenário político de nosso país, para evitar colocações errôneas, mas principalmente a importância de entender que ataques e preconceito não são, de forma alguma, o meio correto de iniciar qualquer diálogo sobre decisões de gestão."

Ainda segundo a Diversidade Tucana, "as falas do ex-BBB e ex-deputado federal são um desserviço para um governo [o de Lula] que diz prezar pela união e reconstrução, e não o ódio, e com certeza, um desserviço à causa LGBTQIAP+, que precisa estar unida e buscar diálogo e políticas públicas".

Os tucanos disseram ainda que o respeito a essa população ultrapassa barreiras pessoais e partidárias e, indiretamente, cobraram coerência do petista, declarando que a pacificação nacional exige que eventuais críticas se pautem por respeito e civilidade, para "fazer o que se prega".

Támbém a Diversidade Tucana Municipal de São Paulo, presidida por Gabriella Bueno, divulgou um comunicado em solidariedade a Leite por causa do que considerou um ataque.

"É preocupante que a fala de Jean Wyllys sobre Eduardo Leite tenha aberto espaço para críticas e incitação de discursos de ódio e preconceito em diversos setores da sociedade. É lamentável quando o preconceito parte de pessoas que se consideram defensoras dos direitos humanos LGBTQIA+."

Segundo o texto, respeito e a tolerância são fundamentais mesmo em meio a divergências políticas democráticas. O grupo prega "combater o preconceito em todas as suas formas, inclusive quando parte de pessoas que se dizem defensoras" dos próprios direitos.

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