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Lula se encontrou com liderança religiosa da Nigéria em evento de igualdade racial, não com feiticeiro

Post tira de contexto presença do africano em evento do governo brasileiro

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São Paulo

Não é verdade que o presidente Lula (PT) tenha convidado um "feiticeiro" e que ele tenha realizado qualquer tipo de cerimônia religiosa no Palácio do Planalto. Publicações mencionam de forma ofensiva a presença do rei da cidade nigeriana de Ifé, Oba Adeyeye Enitan Ogunwusi, em evento do governo federal no dia 21 de março.

Na data, como verificado pelo Projeto Comprova, houve o lançamento de um pacote de medidas para promoção da igualdade racial, em alusão aos 20 anos de políticas públicas voltadas para o tema. O evento foi transmitido ao vivo nos veículos de comunicação do governo e durou cerca de 1h40. Em nenhum momento houve a realização de cerimônia religiosa. Foi um evento institucional que seguiu protocolos.

O rei de Ifé, no entanto, não veio ao Brasil a convite nem do MIR (Ministério da Igualdade Racial) nem do presidente. Sua visita fazia parte de um movimento do monarca iorubá de convidar outros países para visitarem a Nigéria, conforme informou o MIR. Ele cumpriu outras agendas aqui, como a assinatura de carta de intenções para cooperação científica entre a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e uma universidade nigeriana, no Rio de Janeiro, e a entrega de título de reconhecimento a um território quilombola, na Bahia.

Anielle veste blusa ou vestido vermelho com as mangas compridas brancas e estampado. Ela fala ao microfone. Fundo é vermelho.
Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, no evento de lançamento de pacote de medidas para promoção da igualdade racial, em março, em Brasília - Pedro Ladeira - 21.mar.2023/Folhapress

As assessorias de imprensa da Presidência e do MIR lamentaram o cunho da publicação e repudiaram o racismo religioso. "Referir-se ao monarca africano como um ‘feiticeiro’ é expressão latente do racismo religioso que tanto movimenta as indústrias de notícias falsas e disseminação do ódio", escreveu o ministério em nota.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

A reportagem entrou em contato com o perfil responsável pela publicação do conteúdo, que afirmou que seu post apenas afirma que "Lula queria ser mito" e que "nunca falou em magia negra". O usuário disse que viu o vídeo no Kwai e compartilhou porque achou engraçado. Após o contato, ele excluiu a publicação.

Por que investigamos

O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984. Sugestões e dúvidas relacionadas a conteúdos duvidosos também podem ser enviadas para a Folha pelo WhatsApp 11 99486-0293.

Leia a verificação completa no site do Projeto Comprova.

A investigação desse conteúdo foi feita por Plural e O Povo e publicada em 28 de agosto pelo Projeto Comprova, coalizão que reúne 41 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por Folha, Estadão, Correio Braziliense, O Popular e Nexo.

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