Descrição de chapéu Folhajus

Silvinei passa mal em depoimento à PF, e defesa descarta delação dizendo ser só 'para criminoso'

Ex-diretor-geral da PRF nega que blitze sob Bolsonaro tivessem objetivo de impedir eleitores de Lula de votar

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Brasília

Advogados do ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal) Silvinei Vasques afirmaram nesta quinta-feira (10) que seu cliente não fará delação premiada, sob a justificativa de que o instrumento é "para criminoso".

Eduardo Nostrani Simão, um dos responsáveis pela defesa de Silvinei, disse que a proposta nem sequer foi oferecida e que, mesmo se fosse, não seria aceita.

"Delação premiada é para criminoso. Ele é um herói nacional", afirmou o advogado ao deixar a sede da Polícia Federal em Brasília, onde o ex-diretor prestou depoimento e chegou a passar mal e ser atendido por brigadistas.

De acordo com informações de pessoas que acompanharam o depoimento, Silvinei chegou à PF relatando estar se sentindo mal, tendo sido atendido no local. Ele deixou o prédio pouco antes das 19h.

O ex-diretor geral da PRF Silvinei Vasques desembarca do avião da polícia federal, em Brasília, após ter sido preso em Florianópolis - Pedro Ladeira -9.ago.2023/Folhapress

O ex-diretor-geral da PRF negou que as blitze realizadas em 30 de outubro, dia do segundo turno das eleições de 2022, tinham o objetivo de impedir eleitores de Lula (PT) de votar.

Silvinei afirmou à PF que toda orientação repassada aos quadros da corporação então comandada por ele foi para cumprir as determinações que a legislação exige, de fiscalizar crimes eleitorais, sem direcionamento a eleitores de um candidato específico.

"Não existe nenhuma gravação em nenhuma reunião com ele dizendo para fiscalizar A ou B. A situação foi sempre para fiscalizar independente de partido, de condição; isenção total, não teve nada de perseguição em reação a ninguém", disse Simão.

A defesa frisou ainda que o órgão responsável pela operação relacionada às eleições foi o Ministério da Justiça, pasta à qual a PRF é subordinada e que era então comandada por Anderson Torres, alvo de investigações relacionadas aos ataques golpistas do 8 de janeiro.

"Então, tem que obedecer, né? Mas não teve nenhum pedido no sentido de cometer alguma infração ou perseguir um viés político ou outro, nada disso."

Silvinei, que comandou a PRF no governo de Jair Bolsonaro (PL), foi preso em Florianópolis nesta quarta-feira (9), em uma operação sobre as suspeitas de interferência da corporação no segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Ele foi transferido ainda na quarta para Brasília.

A ordem de prisão foi expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Intimada a se manifestar sobre o pedido de diligências da PF, a PGR (Procuradoria-Geral da República) opinou contra, por entender que bastariam a busca e o interrogatório do investigado.

Em depoimento à CPI do 8 de janeiro no mês passado, Silvinei disse que a corporação é alvo da "maior injustiça" da história e negou que ela tenha atuado para prejudicar eleitores de Lula no dia do segundo turno das eleições.

Também encarregado da defesa de Silvinei, o advogado Marcelo Rodrigues disse que seu cliente respondeu a todas as perguntas formuladas pelos investigadores.

"Sem exceção, sem contradição, apresentou documentação probatória, documentação essa que pode ser checada junto à administração, basta um serviço atento de bastante presteza para chegar à veracidade dos documentos que foram apresentados", afirmou Rodrigues.

"A defesa está convicta que, após a análise desses documentos que naturalmente demandam um certo tempo, não haverá outra situação senão a liberação de Silvinei".

Dados do Ministério da Justiça indicam que o ex-diretor omitiu da CPI do 8 de janeiro mais de 200 pontos de fiscalização dos agentes rodoviários no segundo turno das eleições de 2022.

Ao tentar rebater a suspeita de uso político da corporação em prol de Bolsonaro, Silvinei informou à comissão por escrito que a PRF atuou em 694 locais. Números do ministério, porém, indicam que a quantidade de pontos de fiscalização foi bem superior, totalizando 911.

Enquanto o Ministério da Justiça, já sob o comando de Flávio Dino (PSB), identificou 290 pontos de fiscalização no Nordeste, o ex-diretor informou à comissão 228 pontos na região.

Durante o segundo turno, as operações da PRF no Nordeste superaram as do Sudeste. Nesta última região, que concentra mais de 40% dos eleitores do país, foram 161 pontos de fiscalização, segundo Silvinei, e 191, segundo Dino —quase cem a menos na comparação com o Nordeste.

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