Material genético faz PGR acusar mais 31 pessoas de vandalismo no 8/1

Peritos analisaram objetos recolhidos nas sedes dos três Poderes como meia, batom, máscaras, garrafas de água e restos de sangue

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

Vestígios de material genético coletados nas sedes dos três Poderes permitiram à PGR (Procuradoria-Geral da República) acusar mais 31 pessoas de vandalismo ao patrimônio público e outros crimes relacionados ao 8 de janeiro.

Os fragmentos foram confrontados com amostras recolhidas de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) presos no acampamento em frente ao QG do Exército na manhã do dia seguinte.

O resultado forneceu ao órgão elementos para sustentar a acusação de participação desses suspeitos na invasão e depredação dos prédios.

A lista de objetos recolhidos e analisados pelos investigadores inclui itens como meia, batom, camisas, toalha de rosto, máscaras de proteção facial, bandeiras, barras de metal, garrafas de água, latas de refrigerantes, bitucas de cigarro e restos de sangue.

Manifestantes durante confronto com a tropa de choque da Polícia Militar na praça dos três Poderes - Pedro Ladeira - 8.jan.2023/Folhapress

Esse grupo de 31 pessoas já havia sido denunciado pela PGR e respondia a ações penais por dois crimes: associação criminosa e por incitar as Forças Armadas contra os Poderes constituídos.

Agora, com base nos novos laudos técnicos produzidos pelos peritos da Polícia Federal, a Procuradoria encaminhou ao STF (Supremo Tribunal Federal) aditamento aos processos.

Pede à corte que os suspeitos sejam processados por associação criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, além de deterioração de patrimônio tombado.

Caso o tribunal acate os pedidos, esse grupo se somará aos 232 réus que já respondem por esses cinco crimes e poderão ser condenados a penas que somadas chegam a 30 anos de reclusão.

Os acusados também perderão o direito a firmar acordo de não persecução penal com o Ministério Público Federal.

"Com essas provas, é possível dizer com segurança que, mesmo que essas pessoas não tenham sido detidas em flagrante no Congresso Nacional, no Palácio do Planalto ou no STF, elas estiveram nesses locais", afirma o subprocurador Carlos Frederico Santos, coordenador do grupo GCAA (Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos) da PGR.

De acordo com informação divulgada pela Procuradoria nesta segunda-feira (11), os peritos da PF produziram dezenas de laudos e perfis genéticos.

As análises foram feitas pelo Serviço de Perícias em Genética Forense, que recebeu quase 1.400 amostras biológicas dos presos. O processamento do material coletado levou à elaboração de 1.385 perfis genéticos: 896 de pessoas do sexo masculino e 489 do sexo feminino.

O passo seguinte foi confrontar essas informações com os perfis genéticos obtidos dos vestígios coletados no âmbito das investigações dos atos de 8 de janeiro e com dados do Banco Federal de Perfis Genéticos. Foram também consideradas informações de bancos de dados públicos, como o do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e de secretarias estaduais de Segurança Pública.

O julgamento das primeiras ações penais relacionadas aos ataques do início do ano está previsto para começar nesta quarta-feira (13), em sessão extraordinária dedicada ao caso.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.