Múcio diz que não há constrangimento na convocação de militares e defende depoimento em CPI

Ministro se encontra com líder do governo no Congresso às vésperas do depoimento de Augusto Heleno em CPI

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Brasília

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou nesta segunda-feira (25) que não há "constrangimento" na convocação de militares pela CPI do 8 de janeiro, e defendeu o depoimento do ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier.

Múcio foi consultado sobre o tema pelo líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), na véspera do depoimento do general bolsonarista Augusto Heleno. A base governista também espera aprovar nesta terça-feira (26) a convocação de Garnier.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, durante audiência na Câmara; ao fundo, o comandante do Exército, general Tomás Paiva - Pedro Ladeira-17.mai.23/Folhapress

"Antes que ele falasse qualquer nome [para ser convocado], nós dissemos que não só não temos [nenhum constrangimento] como, se tivéssemos, não poderíamos dizer. Porque estaríamos dando provas de que nós temos algum tipo de preocupação que não temos", afirmou o ministro.

Garnier deve ser convocado pela CPI para explicar o suposto aval a um plano golpista de Jair Bolsonaro (PL) após a vitória do presidente Lula (PT). A informação foi dada pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid à Polícia Federal no âmbito do acordo de delação premiada.

"Conversei com o comandante [da Marinha], nós lamentamos. A Marinha lamenta que é mais um envolvido, mas tem consciência de que precisa do depoimento dele para que os fatos sejam esclarecidos", disse Múcio nesta segunda.

Apesar da declaração do ministro, parlamentares da base admitem que, até a delação de Cid, integrantes do Ministério da Defesa e das Forças Armadas pediam que a CPI evitasse a convocação de militares da ativa e deixasse a investigação para a PF.

Em julho, após o depoimento de Cid, Múcio também disse à Folha que não via problemas na decisão do militar de prestar depoimento fardado. Lula, por outro lado, ficou irritado com a situação e não escondeu seu descontentamento, como mostrou a Folha.

Além de Heleno e Garnier, a CPI do 8 de janeiro espera ouvir o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil de Bolsonaro e candidato à vice-presidente nas eleições passadas. Braga Netto também foi responsável pela intervenção na segurança do Rio de Janeiro, em 2018.

Apesar da investida da base governista contra militares ligados a Bolsonaro, o senador bolsonarista Jorge Seif (PL-SC) protagonizou um dos maiores embates com as Forças Armadas na CPI durante o depoimento do general Gustavo Henrique Dutra, no dia 14.

"Eu quero repetir para o senhor que o senhor é um covarde e o senhor presta continência para comunista. O senhor hoje serve um ladrão e o senhor traiu o seu povo", declarou o senador durante o depoimento do ex-chefe do Comando Militar do Planalto.

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