Zema nega projeto para 2026, mas diz que consórcio de Sul e Sudeste apoiará candidato

Governador de MG afirmou que não quer concorrer e que união da direita precisa incluir bolsonarismo

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São Paulo

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse nesta segunda-feira (25) em São Paulo que descarta concorrer à Presidência em 2026, mas afirmou que governadores dos estados do Sul e Sudeste pretendem apoiar em bloco um nome consensual que represente a direita.

"Eu estarei colaborando, sim, mas quero muito apoiar alguém, não quero ser o nome", disse Zema durante almoço do Lide, grupo fundado pelo ex-governador paulista João Doria, para empresários e investidores.

O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), durante evento do Lide nesta segunda em SP - Rubens Cavallari/Folhapress

Quando questionado sobre a corrida ao Planalto, o mineiro vinha falando preferir apoiar um nome a ser ele próprio o aglutinador do campo que se fortaleceu com a passagem de Jair Bolsonaro (PL) pela cadeira de presidente. Ele reiterou a posição nesta segunda, mas ao fim do comentário disse objetivamente não querer ser o líder do projeto eleitoral.

No encerramento do evento, ao conversar com jornalistas, Zema disse que a união da direita deve incluir todos os segmentos, inclusive o bolsonarismo. O governador apoiou Bolsonaro em 2018 e 2022 e sempre se apresentou como um antipetista convicto.

"Quando eu falo de [aproximação da] direita, eu falo todos", afirmou.

Ele evitou responder às críticas de Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação e assessor de Bolsonaro, que no fim de semana fez uma série de provocações em uma rede social aos que estimulam a unificação dos setores da direita.

Zema fez a defesa da união durante sua participação no sábado (23) no Cpac Brasil 2023, o encontro anual de representantes de movimentos de direita, em Belo Horizonte. Na ocasião, ele disse que "a direita precisa trabalhar unida" e não pode se dissipar nas próximas eleições.

Horas depois, sem citar o nome do governador, Wajngarten disse que é "muito bacana esse papo de unir a direita, mas, quando se olha a realidade, quem o propaga não mexe uma palha pela tal 'direita'". O auxiliar de Bolsonaro também falou em "nojinho oportuno, conveniente".

"Se tiver dois ou três candidatos, com toda certeza você vai ter menos chances de ser bem-sucedido numa eleição. Espero que até lá todas essas rusgas sejam eliminadas para que haja um trabalho mais cooperativo", comentou o mineiro nesta segunda.

Questionado sobre a chance de o presidenciável ser Tarcísio de Freitas (Republicanos), ele disse estar disposto a apoiar o governador de São Paulo caso se chegue à conclusão de que ele seja o postulante mais competitivo.

"Eu estarei trabalhando junto com a direita naquele candidato que for definido como o melhor nome, o mais viável. Se for o Tarcísio, ótimo nome. Se for outro nome, eu estarei junto também."

Zema usou o evento do Lide para fazer propaganda de seu governo, enaltecer o liberalismo e a iniciativa privada e acenar a investidores, além de repetir as críticas ao PT tanto pela gestão que o antecedeu no estado, de Fernando Pimentel, quanto pela administração federal, com Lula e Dilma Rousseff.

Após a palestra, uma das perguntas da plateia foi sobre a possibilidade de ele próprio ser presidenciável. "Gostaria muito mais de apoiar um nome bom que venha a surgir pela direita", reforçou.

O governador disse também que os integrantes do Cosud (Consórcio de Integração dos Estados do Sul e Sudeste do Brasil) articulam apoio a um postulante para enfrentar o campo do presidente Lula.

"Estamos muito unidos, alinhados. Queremos trabalhar em grupo para que os estados do Sul e do Sudeste, que têm uma semelhança muito grande, possam em bloco apoiar um nome que represente a direita."

O Cosud foi jogado em uma polêmica depois de Zema dizer, em agosto, que Sul e Sudeste deveriam ter maior protagonismo nas discussões nacionais. Ele apresentou um discurso considerado separatista, chegando a fazer uma analogia com "vaquinhas que produzem pouco" ao se referir aos estados do Nordeste.

Governadores que compõem o Cosud: Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Leite (PSDB-RS), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Cláudio Castro (PL-RJ), Renato Casagrande (PSB-ES) e Ratinho Jr. (PSD-PR) - Rogério Santana - 3.jun.23/Governo do Rio de Janeiro

Zema afirmou no evento do Lide que apoiou Bolsonaro nas duas últimas eleições muito mais por aversão ao PT, pelo "estrago no Brasil e em Minas Gerais" feito pelo partido, do que por "propriamente concordar com todas as propostas" do ex-presidente.

Instado por um repórter a explicitar suas discordâncias com Bolsonaro, ele lembrou que é de outro partido, citou seu comportamento distinto durante a pandemia e afirmou que não mistura família e governo.

"[Em] Minas Gerais, apesar de nós termos 320 mil funcionários públicos, eu não tenho nenhum parente [na máquina]. Então, também temos aí uma diferença. Eu [acho que é] família pra lá, negócios [e] carreiras pra cá. Acho que são algumas diferenças, mas eu tenho muito mais proximidade com ele do que com quem governou Minas antes e atrasou o estado."

Sobre Lula, disse que o atual governo está muito mais preocupado do que com o passado do que com o futuro e demonstrou ceticismo com a capacidade da gestão petista de executar mudanças estruturais e aprovar reformas em uma direção liberal, como a administrativa.

O mineiro também pregou contra auxílios e bolsas do governo à população ao exaltar a importância do investimento privado como motor de emprego e renda. Ele deu como exemplo regiões de Minas que têm recebido recursos em função de atividades como mineração e geração de energia limpa.

Zema citou o caso de uma moradora do Vale do Jequitinhonha, área subdesenvolvida do estado, que lhe relatou estar com a carteira de trabalho assinada pela primeira vez na vida. Segundo ele, a mulher afirmou que agora não precisa "ficar dependendo de 'bolsa isso', 'auxílio aquilo'".

Doria circulou pelo evento no Palácio Tangará, hotel de luxo na zona sul da capital paulista, como anfitrião. Disse que se desligou da política e não pretende voltar à atividade. O ex-governador se desfiliou do PSDB após a malfadada tentativa de concorrer à Presidência em 2022.

Ao microfone, o paulista descreveu Zema como alguém que "sempre manteve a forma ponderada e equilibrada" e um "convicto defensor da economia liberal, pela experiência no setor privado". Antes de entrar na política, o mineiro administrou o Grupo Zema, de venda de móveis e eletrodomésticos.

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