Descrição de chapéu ataque à democracia

Condenado por bomba em Brasília distorce fatos em CPI ao citar Folha

Wellington Macedo disse que frequentou acampamento para levantar informações para o jornal, mas nunca recebeu pedido para fazer isso

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Brasília

O blogueiro Wellington Macedo, condenado pela tentativa de explosão de um caminhão-tanque nas proximidades do aeroporto de Brasília, distorceu fatos ao afirmar à CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal que esteve no acampamento golpista montado em frente ao quartel-general do Exército para realizar cobertura jornalística para a Folha.

Em depoimento à comissão nesta quinta-feira (5), Macedo disse aos deputados distritais que frequentava o acampamento e manifestações antidemocráticas a trabalho, para levantar informações jornalísticas para a Folha.

"Eu tinha um contrato de correspondente em Brasília com a agência Folhapress, do Grupo Folha de S.Paulo, e todo o material por mim produzido está publicado no site da agência Folhapress", declarou Macedo. Ele também afirmou que sua presença no quartel-general e nas manifestações sempre teve "cunho profissional".

As informações distorcem a relação que Macedo teve com a Folhapress, agência de notícias do Grupo Folha.

A Folhapress nunca pautou nem pediu que Macedo fosse às manifestações para produzir material jornalístico para a agência.

Wellington Macedo em depoimento à CPI do 8 de janeiro, do Congresso Nacional, no mês passado - Gabriela Biló-21.set.2023/Folhapress

Macedo assinou um contrato com a Folhapress em 2020 para o envio exclusivamente de material fotográfico, assim como ocorre com dezenas de outros colaboradores.

Ele enviava fotos produzidas por ele, e a agência o remunerava por isso apenas quando o material era publicado ou adquirido por veículos clientes.

O deputado distrital Fábio Félix (PSOL) rebateu a declaração de Macedo durante a sessão: "Nos últimos anos, o senhor se dedicou a uma militância política no YouTube pró-Bolsonaro. O senhor foi expulso do sindicato dos jornalistas, aquilo não era jornalismo".

Macedo foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal a seis anos de prisão, em regime inicial fechado, e multa. Ele foi preso no mês passado em Ciudad del Este, no Paraguai. Cumpre pena no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.

Macedo já havia sido detido em setembro de 2021 por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), sob a acusação de incentivar ato antidemocrático no 7 de Setembro de 2021. Ele passou a cumprir prisão domiciliar em outubro do mesmo ano.

Segundo informações da Polícia Federal, ele rompeu a tornozeleira eletrônica em 25 de dezembro do ano passado —um dia depois da tentativa de explosão. O monitoramento da tornozeleira permitiu à polícia refazer os passos de Macedo e de outros dois condenados por participação no atentado a bomba frustrado.

A PF tem registros de que ele também participou de tentativa de invadir a sede da corporação em Brasília, em 12 de dezembro, quando veículos e ônibus foram incendiados diante de uma tímida reação da Polícia Militar do Distrito Federal. Ninguém foi preso na ocasião.

Macedo já esteve empregado no governo de Jair Bolsonaro (PL). Em 2019, foi nomeado assessor no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos na gestão de Damares Alves (Republicanos-DF), hoje senadora.

Em depoimento nesta quinta, Macedo repetiu a versão que tem dado às autoridades. O bolsonarista disse que deu uma carona para Alan Diego dos Santos até o aeroporto de Brasília sem saber que ele carregava o explosivo.

A investigação aponta, no entanto, que Macedo e Santos cogitaram instalar a bomba em uma subestação de energia de Samambaia, região a cerca de 30 km do centro da capital federal. Santos e o terceiro envolvido, George Washington de Oliveira, também foram condenados pela Justiça.

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