Glenn Greenwald e David Miranda foram espionados pela Abin de Bolsonaro, diz jornal

Lista de alvos de arapongagem chega a 1.800 alvos de jornalistas a políticos adversários do ex-governo

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Brasília

O jornalista Glenn Greenwald e o ex-deputado federal David Miranda (PDT-RJ), que morreu em maio deste ano, foram espionados ilegalmente pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).

A informação é do jornal O Globo. De acordo com a publicação, os dois estão na lista de jornalistas, advogados e políticos adversários de Bolsonaro entre 2019 e 2021. À época, estava à frente da agência Alexandre Ramagem, hoje deputado federal (PL-RJ).

O ex-deputado federal David Miranda e o jornalista Glenn Greenwald - Evaristo Sá-09.out.13/AFP

A investigação da PF (Polícia Federal) dá conta de um sistema secreto de monitoramento de celulares por um software de rastreamento, segundo a reportagem.

Na relação, estariam 1.800 telefones, que foram entregues pela atual gestão da Abin, do governo Lula (PT), ao STF (Supremo Tribunal Federal), por determinação do ministro Alexandre de Moraes.

"Os mais burros e inofensivos americano liberais de esquerda —que nunca incomodam ninguém no poder e nunca arriscam nada pela causa banal deles— alegaram que eu queria a vitória de Bolsonaro. Hoje, O Globo reportou que David e eu fomos ilegalmente espionados pela Abin, a CIA do Brasil, de 2019-2021", disse o jornalista, na rede social X, antigo Twitter. Glenn e David eram casados.

Na última sexta-feira (20), a PF deflagrou uma operação para investigar o rastreio irregular da geolocalização de oponentes do governo Bolsonaro. Foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva nos estados de São Paulo (2), Santa Catarina (3), Paraná (2) e Goiás (1), além do Distrito Federal (17).

Dois servidores suspeitos de coerção foram presos —Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky, segundo a Folha apurou.

Além de buscas e prisões, o ministro Alexandre de Moraes determinou o afastamento de Paulo Maurício Fortunato Pinto, atual número 3 da Abin, e de outros quatro servidores.

Fortunato foi ainda alvo de uma busca e apreensão em sua casa. Na ocasião, os investigadores encontraram US$ 171 mil em espécie. A PF vai investigar a origem do dinheiro, já que mantê-lo em casa em si não é crime.

A sede da Abin também foi alvo de buscas nesta sexta. Segundo relatos, a PF levou os computadores de todos os suspeitos, incluindo as máquinas usadas por Fortunato.

Abin divulgou nota, na sexta, em que afirma que os servidores na mira da PF foram afastados de forma cautelar e que o sistema secreto de monitoramento deixou de ser usado em maio de 2021.

Segundo a agência, o processo interno aberto pela corregedoria-geral sobre o uso do software espião foi concluído em 23 de fevereiro deste ano. A partir das conclusões, foi instaurada uma sindicância investigativa em 21 de março.

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