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Nobel da Paz só divulga indicados ao prêmio após 50 anos, diferentemente do que alega post sobre Lula

Conteúdos de desinformação envolvendo o presidente e o prêmio circulam pelo menos desde 2019

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São Paulo

É enganoso o post que afirma que o presidente Lula (PT) ficou na 299ª colocação para o prêmio Nobel da Paz, organizado pelo Comitê Norueguês do Nobel. Um boato a respeito disso circula desde 2019, quando o ativista e escultor argentino Adolfo Pérez Esquivel, vencedor do Nobel da Paz em 1980, iniciou uma campanha para que Lula fosse indicado ao prêmio. Como um dos ganhadores da honraria, Esquivel tem a prerrogativa de fazer uma indicação, como prevê o estatuto da organização. Este ano, após o prêmio ser outorgado à iraniana Narges Mohammadi, o conteúdo voltou a circular.

Como verificado pelo Comprova, não há como saber se a nomeação realmente aconteceu porque o comitê só divulga os nomes selecionados depois de 50 anos que o prêmio é entregue. Também não é possível saber se, caso indicado, em qual posição Lula terminou. As suposições acerca do prêmio são, segundo o comitê, "produto de pura especulação ou de informações divulgadas pela pessoa ou pessoas por trás da nomeação".

Os integrantes da comissão discutem todas as nomeações qualificadas e, então, é criada uma lista dos candidatos mais "interessantes e dignos". Os candidatos da lista restrita são então sujeitos a avaliações e exames realizados pelos conselheiros permanentes do comitê, juntamente com outros especialistas noruegueses ou internacionais.

Adolfo Perez Esquivel, homem branco, tem cabelos brancos (parte superior da cabeça careca) e usa óculos. Está de roupa social. Foto é da altura do peito dele para cima
Adolfo Perez Esquivel, em evento em Brasília, em 2016 - Ueslei Marcelino - 28.abr.2016/Reuters

Segundo a organização, o comitê procura alcançar consenso na seleção do laureado. Nas raras ocasiões em que isso se revela impossível, a decisão é tomada por maioria simples de votos. Apenas o nome do vencedor é anunciado. A informação foi reforçada pela Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência) que reiterou, por meio de nota, que os nomes não são divulgados até serem completados 50 anos da premiação.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Por que investigamos

O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984. Sugestões e dúvidas relacionadas a conteúdos duvidosos também podem ser enviadas para a Folha pelo WhatsApp 11 99486-0293.

Leia a verificação completa no site do Comprova.

A investigação desse conteúdo foi feita por Nexo, O Povo e Alma Preta e publicada em 31 de outubro pelo Comprova, coalizão que reúne 41 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por Folha, Porta Norte, GZH, Metrópoles e Estadão.

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