Doria recebe Alckmin em gesto de reaproximação e diz que desafeto político tem 'grandeza'; veja foto

Aliados do vice-presidente dizem que foi o ex-governador quem pediu o encontro

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Presidente da República em exercício, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) se encontrou em São Paulo com o ex-governador João Doria, que se tornou seu desafeto na política e a quem já chamou de traidor.

O gesto de reaproximação dos ex-tucanos foi publicado pelo próprio Doria em suas redes sociais na manhã desta segunda-feira (4). A reunião, contudo, não foi registrada na agenda oficial de Alckmin, que participou, na capital paulista, do 28º Encontro Anual da Indústria Química e, à tarde, seguiu para Curitiba.

O ex-governador João Doria e o vice-presidente Geraldo Alckmin, que se encontraram em São Paulo - 4.dez.23/jdoriajr no Instagram

De acordo com aliados de Alckmin, Doria foi quem pediu um encontro com o vice-presidente.

"Recebi a honrosa visita do presidente Geraldo Alckmin. Chegou dirigindo seu carro particular. Tivemos uma excelente conversa sobre o Brasil e suas boas perspectivas. Alckmin tem grandeza, capacidade e bom sentimento", escreveu Doria.

Segundo o ex-governador afirmou à Folha, os dois conversaram sobre economia e estão ambos otimistas com os rumos do país.

Alckmin substitui Lula (PT) na Presidência da República até terça-feira (5), quando o petista retorna da Alemanha. Lula viajou na última segunda-feira (27) para visitas a Arábia Saudita, Catar e Alemanha, além de participar da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28), em Dubai.

Foi Alckmin o responsável pela ascensão de Doria dentro do PSDB.

O movimento de reconciliação com o vice-presidente vem após uma aproximação do ex-governador com o próprio presidente Lula, de quem é opositor e a quem fez duras críticas.

Em setembro passado, Doria pediu desculpas por declarações que deu, cinco anos atrás, quando disse que a decisão pela prisão de Lula lavava "a alma dos bons brasileiros". Em outra ocasião, o ex-governador disse ver no petista a capacidade de "pacificar o Brasil".

Neste ano, Lula manifestou descontentamento e pediu a membros do governo que não participassem mais de eventos do grupo Lide, fundado por Doria, justamente por causa das críticas que sofreu do ex-governador no passado. Em maio, a presença de Flávio Dino (Justiça) e José Múcio (Defesa) em eventos gerou incômodo em petistas.

Já Alckmin, que era padrinho e entusiasta de Doria no PSDB desde 2016, quando o ex-governador venceu a eleição para a Prefeitura de São Paulo, rompeu com o outrora aliado em meados de 2021. Naquele momento, Alckmin viu seus planos de concorrer ao Governo de São Paulo pelo PSDB impedidos por Doria, que preferiu lançar seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB), que não se reelegeu.

Em dezembro de 2021, Alckmin deixou o PSDB após 33 anos e, numa costura para ser candidato a vice-presidente na chapa de Lula, acabou se filiando ao PSB. Doria também deixou o PSDB, em outubro de 2022.

Foi em 2017 que o então prefeito de São Paulo começou a causar dores de cabeça ao seu então padrinho, que seria o candidato tucano ao Planalto em 2018. Doria, com viagens pelo país, chegou a tentar se cacifar para aquela disputa da Presidência da República.

Em 2018, a distância entre eles aumentou. Doria se elegeu ao Governo de São Paulo fazendo campanha colada com Jair Bolsonaro (PL), algo que Alckmin desaprovou. Após o primeiro turno, em uma reunião da cúpula tucana, Alckmin, então presidente do partido, disse a Doria: "traidor eu não sou", em um episódio que se tornou um marco do desgaste na relação dos então tucanos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.