Regular inteligência artificial é 'imperativo', diz Barroso

Presidente do STF participa de debate em Davos e afirma que massificar desinformação pode ter impacto negativo sobre democracia

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Davos (Suíça)

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso, defendeu a regulação da inteligência artificial diante de seu potencial risco para a democracia.

Ele afirmou haver uma "necessidade imperativa de regulação" —a campanha eleitoral nos Estados Unidos, neste ano, pode servir de teste para a disseminação dos chamados "deep fakes", que são falsificações de áudio e vídeo para atribuir frases e feitos a uma determinada pessoa.

Barroso, um homem branco, cabelos escuros grisalhos, sentado em uma poltrona bege diante de um fundo azul. Ele usa terno e gravata escuros com camisa branca
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso - Carlos Moura - 27.nov.2023/SCO/STF

"Tem muitos riscos da inteligência artificial. Um deles é esse. O seu impacto sobre as democracias. As potencialidades da desinformação e do deep fake. Porque a democracia é feita da participação esclarecida das pessoas", declarou a jornalistas em Davos.

"Um mecanismo que possa massificar a desinformação pode produzir um impacto extremamente negativo sobre a liberdade das pessoas e sobre a democracia."

Além dos painéis, o presidente do Supremo participou de reuniões bilaterais com o CEO do YouTube, Neal Mohan, e o ex-premiê britânico Nick Clegg, hoje o presidente de assuntos globais da Meta, dona de WhatsApp, Facebook e Instagram —as plataformas são alvo de preocupação por seu papel na disseminação de conteúdo falso produzido por terceiros.

Segundo Barroso, os encontros versaram sobre o estágio atual da tecnologia e os meios de conter a desinformação. "Foram conversas informais, não foram conversas formais para assumir nenhum tipo de compromisso", afirmou.

Ele não respondeu se está otimista com a eventual colaboração das empresas com o combate às fake news, algo que tem sido um cabo de guerra nos últimos anos, mas afirmou que "hoje em dia as plataformas digitais já têm a clara percepção de que é necessária a regulação" e que é preciso "colaborar para evitar os usos impróprios" de seus meios.

Barroso está em Davos para o encontro anual do Fórum Econômico Mundial, do qual participa pela primeira vez, e do qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Fernando Haddad (Fazenda) se ausentaram. O Brasil é representado no evento pelos ministros Marina Silva (Meio Ambiente), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Nísia Trindade (Saúde), além do presidente do STF.

Barroso também comentou a visão que tem tentado transmitir da democracia do país aos estrangeiros. "Do ponto de vista institucional, acho que o Brasil deu um exemplo para o mundo de superação das dificuldades com o populismo autoritário, preservando as instituições democráticas", afirmou.

"Divergência e polarização sempre vão existir em todo o mundo. Mas o que eu acho que nós estamos, aos poucos, resgatando é a civilidade, a capacidade de as pessoas que pensam diferente poderem sentar-se à mesma mesa sem se agredirem, sem se insultarem, pensando nas melhores soluções."

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