Servidores saem em defesa da Abin no aniversário do 8/1 após suspeita de uso político sob Bolsonaro

Entidade que representa a categoria afirmou em comunicado que atua para identificar eventuais ameaças aos atos desta segunda (8) que vão marcar a data

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Brasília

Em meio a investigações sobre o uso político do órgão sob Jair Bolsonaro (PL), servidores da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) fizeram nesta segunda-feira (8) uma defesa "incondicional" do Estado democrático de Direito e afirmaram que trabalham na identificação de ameaças a ele, incluindo quanto aos atos que vão marcar o aniversário de um ano do 8 de janeiro.

"Mesmo em meio a ataques de atores mal intencionados, que tentam atribuir malfeitos à Abin e aos seus servidores e transformar alegados desvios individuais em ataques políticos para a desestabilização de toda a instituição, seguimos trabalhando incansavelmente, imparciais e discretos, inclusive hoje [segunda], detectando ameaças ao aniversário da fatídica data do dia 08", afirmou, em nota, a Intelis, entidade que representa a categoria.

Por razões de segurança, os servidores não confirmam ou negam eventuais ameaças identificadas contra os eventos desta segunda que vão contar com a presença dos chefes dos três Poderes.

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Fachada da entrada da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), no Setor Policial Sul, em Brasília - Pedro Ladeira - 20.out.2023/ Folhapress

Sob Bolsonaro, segundo o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, a Abin monitorou ilegalmente 30 mil pessoas que seriam contrárias ao governo passado.

A PGR (Procuradoria-Geral da República), por sua vez, citou a suspeita de que Alexandre Ramagem, diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na gestão Bolsonaro e cotado para disputar a Prefeitura do Rio de Janeiro, se corrompeu para evitar a divulgação de informações sobre o uso irregular do software espião durante sua administração, segundo reportagem a Folha.

Em defesa da atuação dos servidores da agência, a Intelis afirmou que a Abin atuou para reportar ameaças extremistas a autoridades públicas, especialmente na organização das eleições do ano passado.

"Ao longo do processo eleitoral, o órgão [Abin] enviou relatórios de inteligência a diversos destinatários engajados nas eleições", disse a entidade no comunicado.

"Foi elaborado, ainda o Protocolo de Prevenção a Ameaças do Extremismo Violento Ideologicamente Motivado, e produziu informações que culminaram em operações policiais coma identificação e a prisão de indivíduos radicalizados."

Os servidores afirmam que, mesmo após as eleições, atuaram na defesa da soberania popular pois "já estavam previstos inconformismos a atos violentos por uma minoria de eleitores insatisfeitos com os resultados" do pleito.

"Ao longo de quarenta dias, até o dia 08/01, foi feito monitoramento incessante e produção de conhecimento e alertas sobre a gravidade da retórica antidemocrática, de atos como bloqueios de vias e acampamentos em espaços públicos próximos com discursos de ódio e atentatórios à democracia", disse a Intelis.

Apesar da alegada proatividade por parte do corpo funcional da agência, uma das linhas de apuração da CPI instalada no Congresso para investigar os atos antidemocráticos do 8 de janeiro foi a falha no sistema de inteligência do país, composto pela Abin e por outros órgãos.

O referido sistema não foi capaz de antecipar os atos que resultaram na invasão e depredação das sedes dos três Poderes, causando milhões em prejuízos aos cofres públicos.

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