Gestão Tarcísio e PM batem cabeça sobre estimativa de público em ato na Paulista

Secretaria de Segurança informou que a polícia estimou 750 mil presentes; PM diz que não foi responsável pelo cálculo

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São Paulo

A Secretaria da Segurança Pública do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e a Polícia Militar, subordinada à pasta, bateram cabeça sobre a estimativa de público no ato em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na avenida Paulista, na tarde deste domingo (25).

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em ato em sua defesa na avenida Paulista - Bruno Santos/Folhapress

No fim da tarde, o secretário de Segurança, o bolsonarista Guilherme Derrite, escreveu nas redes sociais que 750 mil pessoas estiveram presentes no protesto. "Não tivemos ocorrências relevantes, mesmo com público de 750 mil pessoas na avenida e em todo o entorno. Parabéns PM e PC", escreveu Derrite.

A Polícia Militar não costuma mensurar os participantes neste tipo de evento, informação reiterada pela assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança no início da tarde.

Após a publicação de Derrite, a reportagem procurou a sala de imprensa da corporação às 19h para questionar se a PM havia produzido o cálculo divulgado pelo secretário. O oficial de plantão informou que a polícia não faz estimativas do tipo.

A reportagem, então, procurou mais uma vez a assessoria da secretaria, que encaminhou nota afirmando que o ato contou "com a presença de, aproximadamente, 600 mil pessoas na Avenida Paulista e 750 mil pessoas no total, quando levado em conta o público presente nas ruas adjacentes".

O número de 750 mil era justamente o que a organização do ato dizia aguardar na Paulista.

Já o grupo da USP Monitor do Debate Político no Meio Digital estimou em 185 mil pessoas o público presente no pico da manifestação, às 15h. Para o cálculo, foi utilizada metodologia que conta o número de cabeças em imagens ao longo de toda a avenida, sem sobreposição.

Questionada, a pasta informou que a estimativa havia sido feita pela Polícia Militar. A secretaria não respondeu por que teria havido a mudança no procedimento, já que a corporação usualmente não faz esse tipo de cálculo. Tampouco quais métodos foram utilizados para a estimativa.

Mais cedo, Derrite havia divulgado mensagens aéreas do protesto. "Estou monitorando de perto a segurança na manifestação na Avenida Paulista neste domingo. Nossos policiais estão trabalhando para que o direito ao livre exercício da democracia seja cumprido", escreveu.

Em 2021, quando o ato do 7 de Setembro reuniu uma multidão na Paulista, o Governo de São Paulo disse que o evento havia contado com 125 mil pessoas. Os organizadores esperavam 2 milhões de pessoas.

Segundo o Datafolha, a lotação máxima do trecho Consolação-Paulista é de 1,5 milhão de pessoas —num cálculo intencionalmente superestimado, considerando sete pessoas por metro quadrado.

As duas vias têm, somadas, 216 mil metros quadrados. A área medida pelo Datafolha incluiu bancas de jornais, árvores, canteiros e outros espaços que não são ocupados. O instituto usa imagens de satélite e fotos do alto para determinar quantos metros quadrados tem um determinado espaço.

No ato deste domingo na Paulista quatro quarteirões da Paulista ficaram superlotados. Havia bolsonaristas, mais espalhados, em cerca de um total de dez quarteirões da avenida.

Para o Datafolha, sete pessoas podem ocupar um metro quadrado, mas com pouca mobilidade, o que não ocorre em manifestações ao ar livre, por exemplo. O instituto usou como referência o manual de cálculo de multidões feito pelo CEPD (Centro de Estudos e Pesquisas de Desastres), da Prefeitura do Rio.

O Datafolha calculou o público de diversas manifestações na avenida Paulista, em 2013, 2015 e 2016. O maior deles, em 13 de março de 2016, reuniu 500 mil pessoas contra a então presidente Dilma Rousseff (PT).

No método de contagem desenvolvido pelo instituto, pesquisadores percorreram a avenida e mapearam a concentração de manifestantes em setores da Paulista divididos em quadrantes. Ao mesmo tempo, manifestantes também foram questionados sobre há quanto tempo estavam no ato.

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