Tarcísio enaltece Bolsonaro em discurso na Paulista, e Nunes tem presença discreta

Governador de São Paulo discursou em ato a favor do ex-presidente da República

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São Paulo

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) fez um discurso recheado de elogios ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (25) na avenida Paulista, mas sem citar as investigações em torno de uma frente golpista que mira o seu padrinho político.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e Jair Bolsonaro em manifestação na Paulista
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e Jair Bolsonaro em manifestação na Paulista - Danilo Verpa Folhapress

"Estamos aqui para celebrar hoje o verde e amarelo, o amor ao nosso país, o Estado Democrático de Direito", afirmou.

Em sua rápida fala, o governador cobrou liberdade de expressão e mencionou o "desafio da segurança jurídica" no país. "Para que a gente tenha previsibilidade, para trazer os investimentos que vão fazer a diferença", disse. Tarcísio também afirmou que "não era ninguém" antes de ter sido escolhido por Bolsonaro ministro e depois candidato em São Paulo.

Ele disse que o aliado não é mais só uma pessoa, mas sim a representação de um movimento. "Você representa todos eles que descobriram que vale a pena brigar pela família, pela pátria, pela liberdade."

Tarcísio foi ovacionado pelos milhares de presentes no ato e disse que todos ali estavam com saudades de Bolsonaro, a quem chamou de amigo.

Já o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que pleiteia o apoio de Bolsonaro na disputa à reeleição deste ano em São Paulo, teve presença discreta no ato. Ele foi citado por Bolsonaro, mas não chegou a fazer discurso. Em suas redes, postou foto com os governadores Tarcísio e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás.

Como mostrou a Folha, a decisão do prefeito e do governador de ir à manifestação convocada pelo ex-presidente surpreendeu parte do bolsonarismo, que elogia o gesto a favor do aliado.

Aliado e ex-ministro de Bolsonaro, Tarcísio é frequentemente cobrado por aliados próximos de Bolsonaro a se posicionar publicamente em defesa do ex-presidente.

Eles avaliam que o governador, apesar de ter sido eleito com o apoio de Bolsonaro, não é de fato comprometido com as pautas bolsonaristas. Tarcísio já afirmou que não é um bolsonarista raiz e que não quer se envolver em guerras ideológicas e culturais.

Os aliados de Bolsonaro se incomodam especialmente quando o governador e o presidente Lula têm interações amistosas, como quando os dois participaram juntos de evento para selar a parceria para a construção do túnel Santos-Guarujá.

Também gerou irritação no próprio Bolsonaro quando Tarcísio disse, no fim do ano passado, que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), estava fazendo a coisa certa no governo. O ex-presidente reagiu afirmando que não estava tudo certo na sua relação com o afilhado político e que "jamais faria certas coisas que ele faz com a esquerda".

Após a operação da Polícia Federal que atingiu Bolsonaro, investigado por uma suposta tentativa de golpe, o governador demorou uma semana para se manifestar. Quando o fez, disse que sempre estará ao lado do ex-presidente, nos momentos bons e ruins, e que não vê como Bolsonaro poderia ser responsabilizado no caso.

Interlocutores avaliam que Tarcísio está em uma situação delicada. Ao mesmo tempo que deseja descolar sua imagem das franjas mais radicais do bolsonarismo, o governador pode acabar sendo considerado um traidor se virar as costas para o ex-presidente. E, se não for leal a ele, corre o risco de disputar contra algum candidato apoiado por Bolsonaro em uma eleição futura.

Neste fim de semana, Bolsonaro se hospedou no Palácio dos Bandeirantes a convite do governador. O ex-presidente já ficou na sede do Governo de São Paulo em ao menos outras três ocasiões.

Bolsonaro convocou o ato deste domingo com o alegado objetivo de se defender das acusações imputadas contra ele e defender o Estado democrático de Direito. Preocupado com a possibilidade de prisão em meio à investigação sobre a suposta tentativa de golpe, ele pediu que os apoiadores não levassem faixas e cartazes "contra ninguém", em uma estratégia para evitar a ampliação do acirramento com o STF.

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