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PT e PSD têm impasse em Belo Horizonte e jogam pressão sobre Lula

Posição do partido do presidente em MG é que a candidatura na capital só será retirada se o diretório nacional mandar

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Belo Horizonte

O PT e o PSD voltaram a se estranhar em Minas Gerais, agora por causa da eleição para a Prefeitura de Belo Horizonte e, mais uma vez, colocando o presidente Lula sob pressão.

Os dois partidos têm pré-candidatos à prefeitura da capital mineira. O PT definiu o deputado federal Rogério Correia como nome para a disputa. Pelo PSD, o prefeito Fuad Noman ainda não assumiu a entrada na corrida, mas é certo que disputará a reeleição.

A cúpula das duas legendas no estado não admite a possibilidade de perder a cabeça de chapa em uma possível composição, estabelecendo o impasse.

O presidente Lula (PT e o governador Zema (Novo) se cumprimentam durante anúncio de investimentos da União em Minas em 8 de fevereiro. Ao fundo, o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD). - Ricardo Stuckert/Presidência da República

"O prefeito Fuad vem fazendo uma gestão muito boa, e seu nome está consolidado como pré-candidato", afirma o presidente do PSD em Minas, deputado estadual Cássio Soares.

"A definição pela candidatura própria pelo PT de Belo Horizonte já ocorreu", diz, por sua vez, o presidente do partido no estado, deputado estadual Cristiano Silveira.

As duas legendas já passaram por situação semelhante na montagem da chapa para a disputa pelo governo do estado, em 2022. O PSD, que tinha como candidato o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, negociava o apoio do PT.

Houve acerto em relação ao posto de vice na chapa, que acabou entregue ao então deputado André Quintão (PT). As negociações se arrastaram, porém, para a definição do candidato à vaga no Senado.

Estavam na disputa pelo posto o atual ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e o deputado federal Reginaldo Lopes (PT). Ao final, por decisão que envolveu o presidente Lula e o diretório nacional da legenda, ficou definido que o candidato seria Silveira.

A disputa foi um dos motivos pelos quais Kalil deixou de ir a um ato com a presença de Lula em Belo Horizonte em maio de 2022. A justificativa oficial do ex-prefeito, porém, foi que o evento era específico do PT.

Quem é quem nas disputas das capitais

Veja quais são os pré-candidatos para a disputa de outubro

Assim como em 2022, Lula, em 2024, teve que lidar com o embate entre os dois partidos estando em terras mineiras. O presidente visitou o estado no dia 8 de fevereiro, para anunciar investimentos do governo federal.

Antes da viagem, chamou Rogério Correia ao Palácio do Planalto para discutir a agenda da visita. O parlamentar fez postagens com Lula falando da viagem nas redes sociais.

Já ao desembarcar em Belo Horizonte, ainda próximo ao avião que o trouxe à capital, fez uma selfie com Fuad Noman.

Um fator que pesa a favor do PSD é a boa relação que existe entre um dos principais líderes do partido, o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, com Lula.

Os dois iniciaram, por exemplo, em reunião no Planalto, discussão sobre uma saída para o pagamento da dívida de R$ 160 bilhões que Minas tem com a União.

O entorno de Fuad afirma que o prefeito teve atenção especial de Lula na visita a Belo Horizonte. Depois da selfie no aeroporto, os dois conversaram e o presidente, conforme interlocutores de Fuad, se colocou à disposição do prefeito em Brasília.

Lula teria demonstrado preocupação em tentar unir o maior número possível de partidos em uma aliança, com o objetivo de enfrentar um nome bolsonarista em Belo Horizonte. O pré-candidato do ex-presidente na cidade, ao menos até o momento, é o deputado estadual Bruno Engler (PL).

O presidente do PT de Minas Gerais, mesmo com o cenário, afirma que somente uma decisão do diretório nacional poderá retirar a candidatura própria do partido no estado. "A condução e a palavra final da tática nas capitais são do PT nacional", reconhece.

Rogério Correia afirma não haver a menor possibilidade de sua candidatura ser retirada. "Sem chance. Está tudo acertado. Estamos muito animados para derrotar o bolsonarismo e governar Belo Horizonte, diz.

Aliados de Fuad apontam uma vantagem que o PT teria caso aceitasse indicar o vice do prefeito, relacionada às eleições de 2028.

Caso vença a eleição de outubro, Fuad entrará em seu segundo mandato, ou seja, não disputaria reeleição e, da sua parte, pelo menos, poderia deixar o caminho livre para seu vice.

A última vez que o PT conseguiu eleger um prefeito em Belo Horizonte foi há quase 20 anos, nas eleições de 2004.

Além de Fuad, Correia e Engler, a corrida pela prefeitura da capital mineira tem outros cinco pré-candidatos.

A deputada federal Duda Salabert (PDT), o senador Carlos Viana (Podemos), a secretária de Estado do Planejamento Luísa Barreto (Novo), o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (sem partido), e a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL).

A janela partidária, prazo para que quem deseja concorrer no pleito de outubro troque ou entre em uma legenda, começa no próximo dia 7 e termina em 5 de abril.

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