Descrição de chapéu Folhajus ataque à democracia

Estão criando muita coisa sobre Bolsonaro, diz Tarcísio em meio a suspeita golpista

Governador afirmou que sempre esteve e que sempre estará ao lado do ex-presidente

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São Paulo

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou nesta quinta-feira (15) que não enxerga responsabilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado, na preparação de golpe de Estado relatada pela Polícia Federal em operação deflagrada na última semana.

O governador Tarcísio de Freitas
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em entrega de conjunto habitacional em Maresias, em São Sebastião, para vítimas das chuvas - Claudio Rodrigues - 3.fev.24/Folhapress

"Não consigo ver, e não é opinião minha, tem muitos juristas divididos, nada que traga uma responsabilização para ele. Acho que o pessoal está criando muita coisa. Com o tempo tudo vai ser esclarecido", disse.

Ex-ministro de Bolsonaro, Tarcísio afirmou que sempre esteve e sempre estará ao seu lado. "Lealdade e gratidão não vão embora nunca. Vou estar ao lado do Bolsonaro seja no momento que for. Nos momentos bons, nos momentos difíceis."

O governador deu a declaração a jornalistas após entrega da reconstrução da escola estadual Plínio Gonçalves de Oliveira Santos, em São Sebastião, litoral norte.

Um dia antes, o governador já havia dito que irá à manifestação a favor do ex-presidente marcada para o dia 25, um domingo, na avenida Paulista.

"É uma manifestação pacífica a favor do [ex-] presidente, e estarei ao lado dele, como sempre estive", afirmou o governador bolsonarista à CNN Brasil.

Eleito com apoio do ex-presidente, de quem foi ministro, Tarcísio cultiva uma relação de atritos e aproximações com a base bolsonarista.

Assim como o prefeito Ricardo Nunes (MDB), ele é frequentemente cobrado a se posicionar publicamente em defesa do ex-presidente pelos aliados mais próximos de Bolsonaro.

Mais recentemente, o governador tem sido pressionado por bolsonaristas por interação amistosa com o presidente Lula (PT) durante evento em Santos (SP) e por não ter se manifestado publicamente em defesa de Bolsonaro após a operação da Polícia Federal que mirou articulações golpistas no governo do ex-presidente.

Enquanto ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, Tarcísio endossou a postura negacionista do então presidente. O agora governador estava ao lado de Bolsonaro na live em que o ex-presidente ri ao comentar um suposto aumento de suicídios na pandemia.

No último final de semana, Bolsonaro gravou vídeo no qual chama apoiadores para o ato na Paulista. A mensagem começou a ser espalhada por aliados no domingo (12), em meio às investigações da PF.

No vídeo, Bolsonaro pede aos apoiadores que não levem faixas e cartazes contra ninguém e fala em ato de apoio ao que chama de "estado democrático de direito". "Nesse evento eu quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas à minha pessoa nos últimos meses", afirmou.

Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, o ex-presidente poderá pegar uma pena superior a 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos.

Bolsonaro ainda não foi indiciado por esses delitos, mas as suspeitas sobre esses crimes levaram a Polícia Federal a deflagrar operação que mirou seus aliados na última quinta-feira (8).

Entre outros pontos, a investigação diz que o ex-presidente teve acesso e pediu modificações em uma minuta golpista que lhe teria sido apresentada por um assessor. Também aponta que Bolsonaro abandonou a ideia de aceitar a derrota nas urnas para analisar a possibilidade de golpe, como defendido por alguns militares e integrantes de seu governo.

Reportagem da revista Veja na quarta-feira (14) mostrou que, segundo relatório da PF, o delator Mauro Cid menciona em depoimento o hoje deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) como integrante do "grupo de radicais que queriam reverter o resultado das eleições". A polícia diz que Cid menciona em mensagem de novembro de 2022 uma conversa de Bolsonaro com Pazuello, ex-ministro da Saúde, sobre proposta de "ruptura institucional".

A reportagem da revista também afirma que, segundo relatório da polícia, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, relatou que empresários como Luciano Hang, da rede de lojas Havan, e Meyer Nigri teriam pressionado o então presidente para que o Ministério da Defesa fizesse um relatório "mais duro" sobre as eleições com o "objetivo de virar o jogo".

A defesa de Hang disse que ele nega com veemência as acusações e que ele jamais pediu a quem quer que fosse medida que atentasse contra o "ordenamento jurídico e as instituições democráticas".

A defesa de Meyer Nigri diz que a referência ao empresário é absurda e que ele nunca pressionou o ex-presidente Bolsonaro "a romper com o sistema democrático". "Já presenciamos no passado recente delatores afirmarem disparates sem qualquer elemento de corroboração, francamente mentirosos. É precisamente o caso do sr. Mauro Cid."

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