Bolsonaro é fugitivo confesso, diz ministro de Lula após vídeos de embaixada

Padilha afirma que ex-presidente 'mostrou mais uma vez seus planos de fugir'

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Brasília

O ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) afirmou nesta segunda-feira (25) que os vídeos do sistema de segurança da embaixada da Hungria, em Brasília, mostram que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um "fugitivo confesso".

"Que o Bolsonaro é um fugitivo confesso é zero surpresa, mais uma vez ele mostrou os seus planos de fugir. Ele fez isso no final do ano retrasado, depois das eleições, de ter fugido para os Estados Unidos", disse Padilha, após ter acompanhado sessão em homenagem aos 200 anos do Senado Federal.

"Várias vezes disse que tinha a possibilidade, [que] tem contato com chefes de estado da extrema direita do mundo, a coalizão da morte, do desrespeito aos direitos humanos. Mais uma vez essas imagens só reforçam que Bolsonaro é um fugitivo confesso", continuou o ministro.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha - Gabriela Biló - 31 out.23/Folhapress

O ministro afirmou que cabe à Polícia Federal ao Judiciário ver o que será feito a partir das imagens e disse que o presidente Lula (PT) tem dado todas as condições de "absoluta autonomia ao funcionamento institucional" da PF. Ele também disse que o governo tem apoiado o conjunto de ações que reafirmam o estado democrático de direito do país.

Vídeos do sistema de segurança da embaixada da Hungria, em Brasília, mostram que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permaneceu na missão diplomática por dois dias após uma operação da Polícia Federal que apreendeu seu passaporte.

De acordo com o jornal New York Times, as imagens captadas mostram Bolsonaro em frente à missão diplomática no dia 12 de fevereiro.

Quatro dias antes, a Polícia Federal havia apreendido o passaporte de Bolsonaro, no âmbito de uma investigação que apura uma trama golpista liderada pelo ex-presidente para mantê-lo no poder apesar da derrota eleitoral para Lula.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou, por sua vez, que não poderia fazer "divagações" em relação a um fato que pouco conhece.

"É preciso que se esclareça o fato, uma visita à embaixada por si só não é indicativo. As circunstâncias devem ser apuradas em relação a isso e cabe ao próprio ex-presidente Jair Bolsonaro poder dar as explicações devidas, porque, de fato, é muito importante que a sociedade possa esclarecer essas circunstâncias", disse.

"Não podemos aqui fazer ilação em relação às circunstâncias pelas quais houve esse envolvimento do ex-presidente. Cabe a ele esclarecer ou ao advogado dele. Cabe às autoridades públicas fazerem apuração devida em relação a isso", continuou.

Como mostrou a Folha, a PF irá investigar o caso. Segundo investigadores da corporação, é cedo para dizer se houve uma tentativa de fuga, mas é preciso investigar a veracidade e a motivação de o ex-presidente ter ficado na embaixada.

O deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ) afirma que "é óbvio" que a ida de Bolsonaro à embaixada ocorreu porque ele "tentou fugir". "Quem no Carnaval vai para a Embaixada da Hungria? Não tem Carnaval na Hungria", diz. Para o parlamentar, esse episódio demonstra que Bolsonaro confessa a própria culpa.

"O Lula sofreu a condução coercitiva e a prisão e foi lá e disse que ia cumprir e enfrentou a Justiça para comprovar sua inocência. O Bolsonaro diante da ameaça de ser preso foge para embaixada de um parceiro seu. Lógica de confissão de culpa. Golpista e fujão. Já não tinha passado a faixa para o Lula, não reconhece o resultado das urnas e tenta fugir quando tem passaporte confiscado ", critica.

As deputadas Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Fernando Melchiona (PSOL-RS), por sua vez, encaminharam à Polícia Federal e ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito contra Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal), um pedido de prisão preventiva do ex-mandatário para evitar eventual fuga.

"Ele quis se amparar na inviolabilidade das embaixadas, prevista na legislação, para fugir de um eventual pedido de prisão da Polícia Federal. Ele tem fortes relações políticas com o autoritário Victor Orbán, então é natural que busque refúgio na embaixada húngara. O episódio prova o quanto é um risco ele seguir em liberdade, portanto, sua prisão preventiva é muito necessária", diz Sâmia Bomfim.

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), usou as redes sociais para fazer um paralelo com a ida de Bolsonaro para os Estados Unidos a fim de evitar a passagem de faixa para Lula.

"E não é que o Bolsonaro estava querendo fugir outra vez? Primeiro ele se escondeu em Miami e agora ficamos sabendo que foi se hospedar na Embaixada da Hungria, por cortesia do extrema direita Orbán. Medo é tudo que resta para o inelegível", disse.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, por sua vez, preferiu questionar como o New York Times teve acesso às imagens.

"Estranho como imagens de um circuito interno de TV de uma embaixada estrangeira vazam e ninguém se pergunta como. Serviço de inteligência de algum país? Hacker a serviço de quem?", escreveu na rede social X, antigo Twitter.

O deputado federal Pedro Campos (PSB-PE) lembra do seu bisavô, o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, para falar sobre a situação de Bolsonaro.

"Sou bisneto de exilado político, meu bisavô recebeu asilo político da Argélia depois de passar um tempo preso no Brasil após o golpe de 1964. Esse instrumento do asilo político, de buscar o exílio, é natural para aqueles que fogem de uma ditadura. Para aqueles que tentam implementar uma ditadura e dar golpe, o lugar é na prisão, não é no exílio", afirma.

E prossegue: "Cada dia está mais claro que o que houve foi tentativa de golpe, de instaurar regime autoritário e não deu certo e pessoas devem pagar por isso aqui no Brasil."

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