Descrição de chapéu Datafolha ditadura militar

Datafolha: Democracia é melhor forma de governo para 71%; para 18%, tanto faz

Para 7%, ditadura pode ser melhor; 46% veem regime no Brasil com grandes problemas

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São Paulo

Para 71% dos brasileiros, a democracia é a melhor forma possível de governo. Já 18% dizem que tanto faz se o país vive sob o regime ou não, enquanto 7% acreditam que sob certas circunstâncias uma ditadura é preferível.

O quadro apurado pelo Datafolha nos dias 19 e 20 de março mostra um país que defende majoritariamente o regime democrático no Brasil, mas que se vê apenas um pouco satisfeito com ele, o qual qualifica de problemático.

Ato em favor da democracia realizado pela sociedade civil na Faculdade de Direito da USP,  em 2022
Ato em favor da democracia realizado pela sociedade civil na Faculdade de Direito da USP, em 2022 - Zanone Fraissat - 11.ago.2022/Folhapress

Esta é a trigésima vez em que o instituto afere a disposição democrática do país, em uma série histórica iniciada em setembro de 1989, um mês antes da primeira eleição presidencial direta após a ditadura militar encerrada em 1985.

O apoio de 71% está entre os mais altos do período estudado, mas vem apresentando uma queda desde o pico de 79%, apurado em outubro de 2022, quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) promovia abertamente sua campanha contra o sistema eleitoral às vésperas do segundo turno que perderia para Lula (PT).

A campanha custou os direitos políticos de Bolsonaro até 2030. Em 8 de janeiro de 2023, o país assistiu aos atos golpistas que depredaram as sedes dos três Poderes e à reação institucional a eles, e agora vê investigações apontarem uma trama para manter o ex-presidente no poder.

O apoio à democracia caiu para 74% na ocasião seguinte em que o Datafolha questionou isso a eleitores, em dezembro de 2023. Em relação àquela rodada anterior, o "tanto faz" oscilou três pontos percentuais para cima, enquanto a aceitação da ditadura ficou no mesmo patamar.

Na série do instituto, o menor apoio à democracia foi registrado em fevereiro de 1992, quando o país já vivia na crise política do seu primeiro governo eleito pós-ditadura, o de Fernando Collor (então PRN). Em setembro daquele ano, quando foi aberto o processo de impeachment do então presidente, o OK à ditadura ocasional atingiria seu maior nível até aqui, 23%.

O maior apoio ao regime democrático é registrado entre a classe média e os mais ricos. Entre quem ganha de 5 a 10 salários mínimos, é de 87%, passando a 85% na faixa superior de renda. Mulheres são o grupo menos entusiasmado, com 66% de apoio.

Não há diferenças significativas de opinião quando o que está na balança é a posição política do entrevistado. Elas são vistas, contudo, de forma clara quando o Datafolha questiona o grau de satisfação e a avaliação do ouvido acerca da democracia brasileira.

Essas duas questões haviam sido feitas antes em fevereiro de 2014. De lá para cá, subiu de 9% para 18% o índice de quem se diz muito satisfeito com o regime democrático. Os que se dizem um pouco satisfeitos caíram de 59% para 53%, enquanto os insatisfeitos oscilaram de 28% para 27%.

Já os que acreditam que o país vive numa democracia plena foram de 3% para 6%, com os que a consideram com pequenos problemas subindo de 21% a 28%. O maior contingente, de quem vê um regime com grandes problemas, caiu de 61% para 46%, enquanto aqueles que afirmam que o Brasil não é uma democracia passaram de 9% para 16%.

Nesta pesquisa foi feito o cruzamento com aqueles que se dizem muito ou um pouco petistas (41%), bolsonaristas (30%) e neutros (21%). Um quarto dos apoiadores de Bolsonaro acha que o Brasil não é democrático, ante 9% de petistas e 15% de quem declara neutralidade na polarização.

Já 32% dos que se dizem ao lado do PT afirmam estar muito satisfeitos com o regime —ante só 6% de bolsonaristas, dos quais 46% se dizem nada felizes com o estado da democracia. Petistas insatisfeitos são 10%, enquanto neutros são 30% (e 11% deles muito satisfeitos).

O Datafolha ouviu 2.002 eleitores em 147 cidades brasileiras. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou menos.

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