Memória seletiva, diz advogado de Bolsonaro sobre depoimento de ex-chefe do Exército

Fabio Wajngarten destaca fato de general ter dito à PF não se recordar da data de reunião com ex-presidente

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São Paulo

Espécie de faz tudo de Jair Bolsonaro, o advogado e ex-chefe da Secom Fabio Wajngarten criticou nas redes sociais o general Marco Antônio Freire Gomes, após o ex-comandante do Exército ter ligado o ex-presidente à minuta golpista encontrada na casa de Anderson Torres.

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Jair Bolsonaro e o general Freire Gomes, último comandante do Exército no governo do ex-presidente - Gabriela Biló - 25.ago.2022/Folhapress

Wajngarten postou nesta sexta-feira (15) um print de reportagem da Folha sobre o tema e criticou o fato de o general ter afirmado à PF não se recordar da data exata de uma reunião realizada com Bolsonaro.

"Tem General com memória seletiva….Recorda-se de vírgulas e frases e palavras, mas não se recorda de datas. Bem curioso. Mais ainda as defesas não terem nenhum acesso à esse depoimento folclórico", escreveu na legenda.

O advogado disse também: "Eu convivo próximo com o Presidente @jairbolsonaro ? Tenho informações qualificadas e diretamente de fonte primária? Em nenhum momento ouvi nada de golpe, nem de prisão, nem de nada. Tem um monte de focas adestradas, bajuladores nato, que falavam o que que queriam para ganhar segundos de atenção e notoriedade. Quando apertados, se escondem e ou se portam feitos melhores amigos de infância de quem sempre repudiaram".

Bolsonaro ficou em silêncio em depoimento sobre o caso, em fevereiro, e tem reclamado de que não foi autorizado a acessar a íntegra da investigação.

Em discurso em ato na avenida Paulista, no último dia 25, o ex-presidente disse que "golpe é tanque na rua, é arma, é conspiração" e "nada disso foi feito no Brasil".

"O golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Golpe usando a Constituição. Deixo claro que estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não. Apesar de não ser golpe o estado de sítio, não foi convocado ninguém dos conselhos."

O ex-comandante do Exército disse à Polícia Federal que a minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres é a mesma versão que foi apresentada pelo ex-presidente aos chefes das Forças Armadas em reunião em dezembro de 2022.

No depoimento, obtido pela Folha, o general afirmou que o documento foi apresentado por Bolsonaro em uma segunda reunião entre os chefes militares e o então presidente da República.

A reunião teria ocorrido após um primeiro encontro, em 7 de dezembro de 2022, no qual o ex-presidente teria apresentado aos chefes militares um documento que listava uma série de supostas interferências do Judiciário no governo —os "considerandos" relatados pelo tenente-coronel Mauro Cid que embasariam a ação golpista.

O depoimento de Freire Gomes à Polícia Federal ocorreu em 1º de março e durou cerca de sete horas. Ele falou aos investigadores como testemunha.

Segundo o ex-comandante, as minutas apresentadas por Bolsonaro passaram por edições até se chegar ao texto que decretava estado de defesa e criava uma comissão de regularidade eleitoral para apurar a "conformidade e legalidade do processo eleitoral".

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