Descrição de chapéu STF Folhajus

Barroso defende Moraes e cita 'desgaste pessoal' e ameaças contra ministro

Presidente do STF diz que colega 'tem um papel muito importante neste momento brasileiro'

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São Paulo

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, defendeu e fez elogios ao ministro do tribunal Alexandre de Moraes em debate na tarde desta segunda-feira (22), após recentes atritos com o colega de corte.

Barroso também afirmou que as apurações em andamento indicam que houve uma "efetiva tentativa de golpe" sob o governo de Jair Bolsonaro (PL).

O ministro Luís Roberto Barroso, em sessão plenária do STF - Gustavo Moreno - 21.mar.24/Divulgação STF

O magistrado participou de debate na Fundação FHC, no centro de São Paulo, sobre o papel do STF na democracia.

Ao falar sobre a atuação de extremistas no país, Barroso elogiou Moraes, que é o principal alvo de bolsonaristas no Supremo.

"Tivemos essa situação, que foi o 8 de janeiro [de 2023]. Nós lidamos com um quadro muito complicado, em que o Supremo teve que assumir um pouco o front desse embate com o extremismo. Por isso que eu tenho defendido a atuação do ministro Alexandre de Moraes. Primeiro, pelo custo pessoal: ele foi um sujeito que corajosamente enfrentou um desgaste pessoal, que tem ameaça para ele, para a mulher, para o filho. Todos nós sofremos. Mas ele mais do que todo mundo", afirmou o presidente do STF.

Barroso completou: "No conjunto, eu acho que a atuação dele merece a admiração e respeito, e eu tenho defendido que acho que ele tem um papel muito importante nesse momento brasileiro".

O presidente da corte também criticou as redes sociais, tema sempre alvo de declarações públicas de Moraes. "É um modelo de negócio que, no entanto, muitas vezes invoca a liberdade de expressão para justificar o incentivo algorítmico à difusão do ódio", disse ele, sem citar especificamente o bilionário Elon Musk, que tem reclamado publicamente das decisões da corte nas últimas semanas.

No mesmo evento, Barroso também falou sobre as investigações que apuram se houve tentativa de golpe de Estado no governo Bolsonaro, no fim de 2022.

"Tivemos, segundo aparentemente as apurações conduzem, pelo que eu leio na imprensa, uma efetiva tentativa de golpe que não aconteceu porque o comandante do Exército disse que não participaria. Isso está sendo apurado ainda, mas os depoimentos do ajudante de ordem e dos comandantes militares, dois deles pelo menos, é que houve essa conversa efetiva", disse.

O ministro afirmou também que as iniciativas para regressar ao voto em papel na gestão passada já era um "gérmen de golpe". Ele foi presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de 2020 a 2022, quando houve propostas de voltar ao antigo modelo.

"O voto de papel no Brasil sempre foi o caminho da fraude eleitoral desde o início da República, e portanto nós conseguimos superar. E voltar a esse momento? Ali para mim já tinha um gérmen de golpe, que era dizer que a eleição foi fraudada."

O governo anterior também foi alvo de críticas em relação à gestão da pandemia de Covid-19 e à proteção do meio ambiente e das comunidades indígenas.

"Tivemos o negacionismo pleno durante a pandemia, que foi dramático: o Brasil tem 2,7% da população mundial e teve 10,2% dos mortos. Esse foi o tamanho da má gestão na pandemia. Tivemos a paralisação do fundo Amazônia e do fundo Clima, a crença equivocada que proteção ambiental e enfrentamento à mudança climática é coisa de comunista", disse Barroso.

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