'Não vou descer a esse nível', diz Padilha após ataques de Lira; veja vídeo

Ministro de Lula cita 'rancor é tumor', diz que 'quando um não quer, dois não brigam' e afirma seguir trabalho com Congresso

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Rio de Janeiro

O ministro-chefe das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta sexta-feira (12) que não desceria ao nível dos ataques do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e que seu foco é seguir trabalhando com o Congresso para aprovar pautas de interesse do país.

"Não vou descer a esse nível", disse Padilha, em entrevista antes de evento no Rio de Janeiro, um dia após Lira chamá-lo de "incompetente".

O ministro repetiu algumas vezes versos do rapper Emicida: "rancor é tumor, envenena a raiz, e a plateia quer ser feliz". "O Brasil quer ser feliz", completou. Disse ainda que sua mãe lhe ensinou que "quando um não quer, dois não brigam".

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, durante cerimônia de sanção de lei que regula a profissão de sanitarista, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 16.nov.23/Folhapress

Padilha sofreu ataques de Lira nesta quinta (11), em resposta a reportagens sobre derrota na votação que manteve a prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).

Lira acusou Padilha de vazar tese de que ele teria saído enfraquecido do episódio e o chamou de "desafeto" e "incompetente". "Não existe partidarização, eu deixei bem claro que ontem a votação é de cunho individual, cada deputado é responsável pelo voto que deu. Não tem nada a ver."

O ministro afirmou que o governo se manifestou publicamente a favor da manutenção da prisão, lembrando que a irmã de Marielle, Anielle Franco, é ministra da Igualdade Racial. Mas disse que a decisão final foi dos parlamentares.

Na quinta, Padilha usou as suas redes sociais para rebater a crítica, embora sem mencionar Lira ou mesmo o episódio. Ele publicou um vídeo no qual é elogiado por Lula, que fala que o ministro tem o "cargo mais espinhoso do governo".

Ele repetiu o argumento nesta sexta. "Sobre competência, eu deixo as palavras do presidente Lula. O presidente Lula já falou sobre isso".

Padilha afirmou avaliar que a relação do governo com o Congresso "é um sucesso". "Considero que governo e Congresso Nacional fizeram uma dupla de sucesso na agenda econômica, na agenda de retomada das políticas sociais."

Como palestrante do evento desta sexta, o ministro disse que apresentaria alguns desses resultados, principalmente o avanço em projetos ligados a energias renováveis. "Vou seguir o meu trabalho alimentando essa dupla governo e Congresso, não vou desviar meu foco de forma nenhuma", prosseguiu.

Em seu discurso, voltou a falar sobre a relação com o Congresso na aprovação de pautas que levem a crescimento econômico com redução das desigualdades e equilíbrio das contas públicas. "Tenho certeza que o congresso nacional não faltará este ano para que a gente consiga isso."

E, sem mencionar Lira, afirmou que faz política "para agregar, não para agredir".

Sobre o episódio entre Padilha e Lira, o ministro da Comunicação Social, Paulo Pimenta, disse em entrevista à CNN Brasil, nesta sexta-feira (12), que a relação do governo com o Congresso deve buscar sempre a convergência e o equilíbrio. "Eventual ponto de desencontro entre uma ou outra pessoa é algo absolutamente superável". Ele também afirmou que o governo vai achar "ponto de equilíbrio" e que o episódio não iria prejudicar o andamento do processo legislativo.

O diretório nacional do PT divulgou nesta sexta nota de solidariedade a Padilha. O texto defende a competência do ministro e diz que Lira "compromete a liturgia do cargo".

"É inegável a competência e a capacidade do ministro Alexandre Padilha, tanto no atual governo quanto nas inúmeras oportunidades em que serviu aos interesses do povo brasileiro", diz.

"Ao atacar o ministro Alexandre Padilha, o deputado Arthur Lira compromete a liturgia do cargo de presidente da Câmara Federal e ofende a harmonia entre os Poderes da República", completou a nota.

Desde o fim do ano passado, Lira tem criticado a atuação de Padilha, o principal articulador do Executivo no Congresso Nacional. Ele chegou a levar essas queixas a Lula e a indicar que, sem a troca do ministro, a pauta do governo na Câmara não avançaria.

Desde então, o diálogo entre os dois foi rompido —Lira, agora, trata diretamente com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, após acordo firmado com o presidente.

Em fevereiro, em um sinal de pacificação, Lira e lideranças da Câmara foram recebidos pelo mandatário no Palácio da Alvorada. O encontro contou com a participação de Padilha. No entanto, a relação permaneceu tensa entre os dois.

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