Descrição de chapéu São Paulo

Tarcísio e Caiado, cotados para 2026, são citados na Marcha para Jesus por aliado como 'futuro da nação'

Governadores rivais de Lula são exaltados por Marcos Pereira, presidente do Republicanos; apóstolo elogia Nunes, prefeito que disputará reeleição em 2024

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), foram citados pelo bispo licenciado Marcos Pereira, presidente do Republicanos, como responsáveis pelo "futuro da nação" durante a Marcha para Jesus na capital paulista.

Os dois têm sido cotados como possíveis candidatos à Presidência em 2026, como representantes da direita, diante da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O governador Tarcísio de Freitas e o prefeito Ricardo Nunes durante a Marcha para Jesus, em São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress

Tarcísio, Caiado, Pereira e outras autoridades, como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), participaram na tarde desta quinta-feira (30) do evento, que não teve a presença de Lula (PT).

"Não tenho dúvidas de que o futuro dessa nação, que a governabilidade dessa nação, passará pelas mãos desses dois homens, Tarcísio e Caiado", disse Pereira no palco.

"No momento em que estivermos orando por eles, a oração não será pelo estado de São Paulo, de Goiás. Será pelo nosso Brasil."

A declaração do presidente do Republicanos ocorre em meio ao desgaste de Tarcísio junto ao entorno bolsonarista. Aliados do ex-presidente estão irritados com o governador por entender que ele tem tentado se viabilizar como uma figura de direita mais palatável, criando pontes para concorrer em 2026.

Nesse sentido, Tarcísio herdaria os votos do bolsonarismo, aproveitando-se de Bolsonaro como cabo eleitoral, sem atuar pela reversão da inelegibilidade do ex-presidente e sem defender os valores ideológicos do grupo.

Incomodam os bolsonaristas os constantes gestos ao Judiciário, especialmente a aproximação com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Também geraram descontentamento a participação do governador em um jantar organizado pelo apresentador da TV Globo Luciano Huck e o aceno ao governo Lula (PT) na terça-feira (28) —Tarcísio afirmou que a administração federal tem sido parceira na renegociação da dívida do estado com a União e elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Publicamente, o governador nega ter a pretensão de concorrer à Presidência em 2026.

Nesta quinta-feira (30), Tarcísio fez um discurso cheio de referências e metáforas bíblicas, dizendo que todos os presentes haviam sido escolhidos por Deus e que é preciso perseverar para superar as dificuldades. O governador afirmou que os dirigentes políticos muitas vezes se sentem incapazes e vacilam, mas que é preciso lembrar que Deus está ao lado de cada um.

O apóstolo Estevam Hernandes, responsável pelo evento, brincou que o governador já estava pregando "melhor que muito pastor".

Tarcísio esteve presente na Marcha para Jesus nos últimos dois anos. Católico, o governador intensificou a agenda com evangélicos durante a campanha de 2022, com reuniões com pastores, participação em eventos religiosos e inclusão de referências a Deus em seus discursos.

Em sua fala nesta quinta, Caiado fez um aceno para valores morais centrais para o eleitor conservador, especialmente os religiosos. "Nós querermos preservar a família em nosso país. A maneira de preservar é fazer com que tenhamos condições de implantar uma segurança pública cada vez melhor para não deixar que a droga avance sobre as famílias", disse.

Já o prefeito Ricardo Nunes, que tem larga vantagem entre o público evangélico em comparação com os principais adversários na corrida eleitoral, cantou e dançou no palco.

Pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira (29) indicou que o emedebista registra 28% entre o grupo, frente a 12% do seu principal oponente, Guilherme Boulos (PSOL), com margem de erro de seis pontos para mais ou para menos. Entre o público geral, com margem de erro de três pontos, para mais ou para menos, Nunes tem 23% dos votos e, Boulos, 24%.

Nunes passou o dia no evento e, pela manhã, percorreu o trajeto da marcha em cima do trio elétrico, ao lado da primeira-dama, Regina Carnovale Nunes. O apóstolo Estevam Hernandes exaltou a presença do prefeito, referindo-se a ele como "um líder que reconhece a importância de Jesus Cristo para São Paulo e para o Brasil". No microfone, Nunes disse que ama Jesus.

O prefeito, que é católico, também fez um aceno a este grupo no último mês. Ele viajou à Itália para participar de uma conferência sobre crise climática e encontrou-se rapidamente com o papa Francisco no Vaticano.

Boulos e a deputada federal Tabata Amaral (PSB), que aparece em terceiro lugar nas pesquisas, ao lado do apresentador José Luiz Datena (PSDB), não participaram da marcha.

O presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro também não estiveram presentes. Lula enviou uma carta a Hernandes agradecendo o convite, se reafirmando cristão, lamentando sua ausência e enaltecendo o evento. O texto não foi lido no palco.

Assim como no ano passado, Lula mandou o ministro-chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias, para representá-lo. Em 2023, Messias foi vaiado ao mencionar que trazia um recado do presidente. Neste ano, o ministro não discursou. No início do evento, no palco, ele apenas participou de uma oração entoada por Hernandes, que pediu bênçãos para a nação. Não houve vaias.

Bolsonaro não participou da marcha porque tem visitado o interior do estado ao longo da semana, organizando com apoiadores eventos de arrecadação para as vítimas da enchente no Rio Grande do Sul.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.