Descrição de chapéu Governo Lula

Lula diz a Chomsky que quer reunir todos os presidentes democratas

Presidente visitou linguista americano nesta segunda-feira, em São Paulo

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Mario Sergio Conti
São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou 40 minutos com o linguista Noam Chomsky nesta segunda-feira (24), em São Paulo. Durante todo o tempo, ficaram de mãos dadas e se olharam nos olhos com admiração.

Lula passou várias vezes a mão na testa e na cabeça de Chomsky, de 95 anos. "Você é mais velho que eu, mas tem muito mais cabelo", disse-lhe o presidente, que tem 78. Assim que Valéria, casada com o escritor, terminou a tradução da frase, Chomsky abriu um vasto sorriso.

O presidente Lula, que visitou Noam Chomsky nesta segunda-feira (24) - Adriano Machado - 17.jun.24/Reuters

O linguista e analista político teve um AVC em junho do ano passado, nos Estados Unidos. Trazido para São Paulo, foi internado no Hospital Beneficência Portuguesa, que lhe deu alta na terça-feira passada (18).

"Vim aqui ver o amigo e retribuir a visita que você e a Valéria me fizeram quando estava preso", disse-lhe o presidente. "Fico feliz que esteja tão bem, porque você tem muito a dar para melhorar a humanidade. Não passa semana sem que eu e o Celso Amorim não falemos de você."

Lula lhe contou que trabalha no momento na organização de uma reunião internacional de presidentes democratas, para discutir formas de atuação frente ao avanço da extrema direita.

"Eu queria fazer um encontro só de presidentes progressistas, mas aí perguntei ao [presidente francês] Macron se ele é progressista", relatou. "Bom, ele não é. Nem o Biden. Então acho melhor reunir todos os democratas. Temos de nos mexer."

O presidente disse a Chomsky que tem certeza de que, quando deixar o Planalto, o Brasil estará mais próximo do ideal de justiça pelo qual Chomsky age. "Sempre digo ao [Fernando] Haddad [ministro da Fazenda], também seu amigo, que precisamos ter paciência, mas sem nos afastarmos do nosso propósito."

A visita foi acompanhada pelas irmãs de Valéria, a jornalista Márcia e a arqueóloga Flávia, e pela mãe das três, Lourdes, de 96 anos, que lhe deu algumas sugestões sobre o relacionamento com o Parlamento.

O presidente comentou que seu papel é argumentar e convencer, mas prefere não tomar partido na eleição dos presidentes do Senado e da Câmara. "Preciso deles para aprovar medidas que beneficiem o povo", disse.

A linguista também apresentou Lula a Eduardo Silva, o coordenador da equipe de enfermagem que se reveza no atendimento ao linguista. O presidente deu parabéns a Eduardo Silva pelo trabalho e disse: "O Brasil tem os melhores atendentes, enfermeiros e dentistas do mundo. Só a elite brasileira não vê isso".

Ele visitara o escritor Raduan Nassar antes de ver Chomsky. Achou que o autor de "Lavoura Arcaica" está em boa forma. "Me falaram que ele está com problemas de deglutição, mas comeu um pedação de bolo na minha frente na maior naturalidade," disse-me.

Lula foi depois para o apartamento de Fernando Henrique Cardoso. "É importante estar sempre com os amigos", disse, antes de se despedir do escritor indiano Vijay Prashad, coautor de dois livros com Chomsky. Ele mora em Santiago, no Chile, e veio visitar o linguista. "Nunca vi nada igual, foi um encontro emocionante", disse o indiano.

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Lula com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nesta segunda-feira (24) - Ricardo Stuckert/Divulgação Presidência
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