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Com redes derrubadas, Marçal convoca eleitores a fazerem lives e diz que será presidente

Influenciador adota narrativa de censura após decisão judicial que mirou seus canais de monetização

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São Paulo

Com as redes de Pablo Marçal (PRTB) suspensas em decorrência de decisão da Justiça Eleitoral, sua campanha agora pede que apoiadores façam vídeos ao vivo para ajudar na divulgação de eventos com presença do candidato.

Na manhã deste domingo (25), o influenciador visitou uma comunidade no Jaguaré, na zona oeste de São Paulo (SP), e disse ter certeza de que será presidente.

Durante o percurso, que durou mais de três horas, a equipe de Marçal pediu diversas vezes para os seguidores "ligarem o Instagram" e fazerem transmissões ao vivo para burlar o que chamaram de "censura".

Pablo Marçal (PRTB) em vista no Jaguaré; apoiadores responderam a pedido da equipe e fizeram vídeos ao vivo do candidato - Bruno Santos/Folhapress

O discurso está em linha com a narrativa antissistema adotada pelo influenciador desde o início da campanha e reforçada após a suspensão de suas redes.

A suspensão dos perfis de Marçal foi determinada pelo juiz eleitoral Antonio Maria Patiño Zorz, atendendo a uma ação movida pelo PSB, de Tabata Amaral. A ordem foi motivada pelas suspeitas de que o empresário paga seguidores que divulgam cortes favoráveis a ele nas plataformas.

O magistrado ressaltou que a suspensão mira apenas contas que promoverem a monetização de trechos de vídeo.

"Destaco que não se está, nesta decisão, a se tolher a criação de perfis para propaganda eleitoral do candidato requerido, mas apenas suspender aqueles que buscaram a monetização dos 'cortes' por meio de terceiros interessados", escreveu.

Os cortes são trechos de entrevistas, sabatinas, participações em debates e outros vídeos que depois são postados separados em perfis criados com esse objetivo. O influenciador promove competições de cortes de vídeos com direito a remuneração aos seguidores.

Neste domingo, diversos apoiadores presentes na agenda de campanha responderam ao comando do candidato e fizeram transmissões ao vivo. Muitos dos que participavam da agenda eram aspirantes a influenciadores, atividade que projetou Marçal, e tinham o próprio nicho de pessoas que os acompanhavam.

"Tentaram me derrubar, mas acabaram me empurrando para frente", afirmou o candidato.

Ele voltou a dizer que nunca remunerou os seguidores para fazer cortes de suas falas e que eles ganham dinheiro usando sua imagem, com pagamento feito pelas próprias plataformas, como TikTok e Youtube.

A afirmação contraria o que ele havia dito em abril em entrevista ao canal do Youtube "AchismosTV". "Eu criei um campeonato de cortes (...) Quem tiver mais visualizações, eu pago em dinheiro. Tem garotos ganhando 400, 600 mil reais [por mês]", disse na ocasião.

Depois da suspensão dos perfis de Marçal no sábado (24), ele criou novas contas nas redes sociais. Em um dia, seu novo perfil do influenciador no Instagram soma 2 milhões de seguidores. Segundo ele, agora com mais engajamento do que antes.

"Até quem não gosta de mim está me defendendo, ou seja, foi uma péssima escolha fazer isso", afirmou.

Marçal agradeceu "a perseguição" que diz sofrer dos outros candidatos à prefeitura de São Paulo e voltou a chamar Tabata de "para-choque de comunista".

A equipe do candidato entrou com recurso contra a decisão. Ele diz estar confiante que as páginas originais voltem ao ar.

Ao longo de sua agenda no Jaguaré, Marçal passeou por uma feira e conversou com comerciantes e moradores. Uma residente chegou a perguntar qual era o presidente apoiado pelo influenciador, ao que ele respondeu "sou amigo do [Jair] Bolsonaro".

Na última semana, o influenciador e a família do ex-presidente trocaram farpas nas redes sociais. Bolsonaro chegou a dizer que "falta caráter" a Pablo Marçal, em entrevista.

Em motociata realizada no sábado (24), o candidato do PRTB cobrou o ex-presidente. Disse que ele "abandonou o povo" e que a direita não tem dono.

A uma moradora que o indagou, Marçal lembrou que o ex-presidente está inelegível e disse que, se isso não for revertido, os apoiadores de Bolsonaro deverão buscar outro líder, que sinalizou ser ele próprio.

Perguntado se concorreria às eleições presidenciais de 2026, Marçal negou, mas disse ter recebido um "chamado de Deus" e que tem certeza que ocupará o cargo eventualmente.

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