Engajamento e mobilização de Marçal despencam sem Nunes, Boulos e Datena em debate

Ausência de candidatos afeta estratégia de influenciador, que usa redes sociais para aumentar visibilidade

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A ausência de Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e José Luiz Datena (PSDB) no mais recente debate com candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado pela revista Veja na segunda-feira (19), diminuiu o total de postagens e interações nos perfis oficiais do influenciador e também candidato Pablo Marçal (PRTB), segundo levantamento da Quaest.

Marçal tem se destacado na corrida pela prefeitura por declarações controversas pensadas para render cortes nas redes sociais, estratégia que o influenciador já afirmou ser importante para a sua atuação pública.

Pablo Marçal fala com jornalistas em debate em São Paulo, na segunda-feira (19)

Na disputa eleitoral, Marçal tem se aproximado do eleitorado bolsonarista e investido em polêmicas para se destacar. Uma das estratégias é atacar os opositores com postura agressiva e fake news, o que fez com que parte das campanhas aventasse se ausentar dos debates como forma de dar uma resposta ao influenciador.

Segundo levantamento da Quaest, a ausência de Boulos, Nunes e Datena no último debate conseguiu diminuir o engajamento do candidato do PRTB. O debate online transmitido pela Veja teve menos espectadores, gerando menor repercussão nas redes sociais quando comparado aos debates anteriores.

Marçal teve menos chance de gerar conteúdo para as redes sociais, com a redução de menções gerais ao influenciador durante e após o debate e impacto no total de postagens e interações em seus perfis oficiais.

As menções a Marçal nos debates da Band, O Estado de S. Paulo e Veja caíram de mais de 3 milhões para 760 mil, segundo levantamento da Quaest feito a pedido da Folha.

No debate da Band, no último dia 8, com média de audiência de 3,4 pontos na Grande São Paulo e live no YouTube com 1,9 milhão de visualizações, o influenciador foi mencionado 3,4 milhões de vezes.

No segundo debate, transmitido no YouTube pelo jornal O Estado de S. Paulo, e com 2 milhões de visualizações, o candidato teve 2,1 milhões de menções.

No debate da Veja, com 600 mil visualizações no YouTube e sem a presença de três dos líderes da disputa, as menções a Marçal caíram para 760 mil. Além do influenciador, participaram as candidatas Tabata Amaral (PSB) e Marina Helena (Novo).

Em comentários que citaram candidatos nas lives dos debates, a menção a Marçal também caiu de 75,9% no evento da Band para 53% no de O Estado de S. Paulo e 50% no da Veja. A live do primeiro debate teve no total 40 mil comentários, ante 120 mil do segundo e 32 mil do evento desta semana.

Segundo Felipe Nunes, que é cientista social e CEO da Quaest, a postura de Boulos, Nunes e Datena de não comparecer ao debate foi decisão estratégica em contexto no qual as redes sociais são mecanismo de comunicação direta com os eleitores.

"Eles [Boulos, Nunes e Datena] estavam dando a Marçal uma oportunidade de visibilidade que só lhes prejudicou nesse começo de campanha. A dúvida que fica é se essa decisão não veio tarde demais, já que as ferramentas que medem engajamento e mobilização, como o IPD da Quaest, já mostram uma diferença significativa em favor de Marçal", afirma Felipe Nunes.

O influenciador é quem tem maior popularidade digital entre os concorrentes à Prefeitura de São Paulo. Ao mesmo tempo, enfrenta pedido do Ministério Público de suspensão do registro da candidatura por abuso de poder econômico, em ação envolvendo a prática de incentivar, com remuneração, seguidores a propagar cortes de vídeos na internet.

Segundo a lei eleitoral, é proibida a contratação de pessoas físicas ou jurídicas para fazer publicações de cunho político-eleitoral em seus perfis nas redes sociais. Eventual condenação pode provocar a inelegibilidade por oito anos e cassação do registro de candidato ou mandato.

O debate na Veja também foi aquele que menos rendeu publicações no Instagram e no TikTok de Marçal. No Instagram, o número de publicações no período do debate (considerado pela pesquisa como o tempo compreendendo o dia da transmissão e o dia posterior) caiu de 60 para 28 postagens quando comparado ao debate de O Estado de S. Paulo. No TikTok, o valor foi de 33 para 5.

O debate na Band rendeu 50 publicações no Instagram e 25 no TikTok. Instagram e TikTok são as redes sociais de Marçal que têm mais publicações.

O segundo debate, promovido no último dia 14, levou a pico de interações no Instagram do candidato, que é sua principal plataforma de divulgação. Durante o período do evento, houve um crescimento de cerca de 5 milhões de interações em comparação com o da Band.

No evento da Veja, as interações tiveram queda expressiva, com cerca de 12 milhões de interações a menos quando comparado com o debate da semana anterior.

No TikTok, a quantidade despencou de 1,66 milhões de interações no primeiro encontro e 1,4 milhões no segundo para apenas 40 mil na Veja.

Quanto às postagens com maior interação, a publicação com maior destaque no debate da Band foi imagem em que Marçal acusa Tabata de estudar apenas manchetes. A postagem alcançou mais de 900 mil curtidas.

No segundo debate, a postagem de destaque faz referência a discussão com Boulos, quando o deputado do PSOL dá um tapa em uma carteira de trabalho exibida por Marçal. Na ocasião, o influenciador chamou o oponente de "vagabundo" que nunca trabalhou. A publicação teve mais de 1,3 milhão de curtidas.

No mais recente debate, a postagem com mais interações destacou a ausência de Boulos, Nunes e Datena no evento. A mensagem é acompanhada pela frase "Quer me enfrentar nos debates?" e insinua que os candidatos teriam medo de encarar Marçal. A publicação teve mais de 390 mil curtidas.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.