Descrição de chapéu REM-F

Melhor cidade do Brasil está em obras; na pior, prefeito foi preso e ninguém atende o telefone

Botucatu (SP) lidera em eficiência no gasto; Bagre (PA) teve prefeito condenado por improbidade

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Botucatu (SP) e Manaus

A cidade de Botucatu, com 145,1 mil habitantes e a 272 km da capital, é a primeira colocada no Ranking de Eficiência dos Municípios - Folha entre as prefeituras que entregam mais saúde, educação e saneamento à população usando menor volume de recursos.

Botucatu faz parte da mesorregião de Bauru. Outras, como Marília, Ribeirão Preto, Araçatuba, Presidente Prudente e Araraquara —e suas cidades vizinhas— estão entre as melhores do Brasil, todas no estado de São Paulo.

Vista aérea da região central de Botucatu (SP), primeira colocada no Ranking de Eficiência dos Municípios - Folha.
Vista aérea da região central de Botucatu (SP), primeira colocada no Ranking de Eficiência dos Municípios - Folha - Rubens Cavallari/Folhapress

Resultado de décadas de investimentos em escolas, postos de saúde e saneamento, Botucatu também acelerou nos últimos anos a infraestrutura nessas áreas.

Em oito anos, a cidade abriu mais cinco UBSs (Unidades de Atenção Básica), chegando a 23 —e deve alcançar 24 até o fim do ano. A cidade também está em fase de conclusão de um hospital para atender a população local em cirurgias eletivas, com 57 leitos.

Novo hospital em obras para cirurgias eletivas em Botucatu (SP), primeira colocada no REM-F
Novo hospital em obras para cirurgias eletivas em Botucatu (SP), primeira colocada no REM-F - Rubens Cavallari/Folhapress

Na educação, 16 novas escolas e creches foram inauguradas, atingindo 64. O total de alunos em ensino de tempo integral saltou de 300 para 3.000. Em todas as unidades há presença de um guarda civil metropolitano.

No saneamento, a cidade praticamente universalizou a cobertura de água e esgoto e coleta de lixo. Segundo o prefeito Mário Pardini (PSD), outro investimento na área é a construção de uma barragem que deverá dobrar a capacidade de abastecimento de água na cidade, tornando-a autônoma pelos próximos cem anos.

No município, a reportagem visitou alguns locais, como uma creche nova, com capacidade para 235 crianças que funciona das 7h30 às 17h, servindo três refeições. O novo hospital para cirurgias, que demandou investimento de R$ 50 milhões, também está quase pronto.

Valor equivalente foi direcionado para obras às margens do rio Lavapés, onde está sendo construído um parque com quadras, pista de caminhada e outras áreas de lazer. Outro parque será criado às margens da represa da nova barragem.

Obras de barragem na represa do rio Pardo, que deve dobrar a capacidade de abastecimento de Botucatu; abaixo, a cachoeira Véu de Noiva
Obras de barragem na represa do rio Pardo, que deve dobrar a capacidade de abastecimento de Botucatu; abaixo, a cachoeira Véu de Noiva. - Rubens Cavallari/Folhapress

Segundo Pardini, com as contas do município em ordem, Botucatu não está tendo problemas para repor funcionários que se aposentam ou para as áreas que requerem mais pessoal.

Essa não é a realidade de grande parte das cidades do país, que vêm tendo o orçamento cada vez mais espremido por gastos com pessoal ativo e inativo, deixando pouco espaço para novos investimentos.

A última colocada no REM-F é a cidade de Bagre, no arquipélago do Marajó, no Pará. Outros 4 municípios dos 10 piores colocados no ranking estão nessa mesorregião, tanto na parte ocidental quanto na parte oriental de um dos locais mais pobres do país.

A reportagem da Folha tentou, durante três semanas, contato com a prefeitura de Bagre. O telefone geral no site não completa chamadas, a página de telefones úteis está em branco e os das secretarias de Administração e Geral de Governo caem numa caixa postal.

Ninguém retornou aos pedidos de entrevista. A reportagem enviou emails para o endereço geral da prefeitura e para a responsável pela secretaria Geral de Governo, Telma Sena, que também não respondeu.

O prefeito de Bagre, Cleberson Rodrigues (PSD), foi condenado neste ano por improbidade administrativa e, em 2020, chegou a ser preso por crime de fraude em licitação pública.

O arquipélago do Marajó tem 17 cidades e índices elevados de pobreza, insegurança alimentar, desigualdade e desassistência, especialmente na porção ocidental, onde a maioria das famílias vive em comunidades ribeirinhas acessadas apenas por água, dispostas em rios que entrecortam a região. Muitas comunidades estão a horas das cidades, sem acesso a serviços básicos.

Moradores do arquipélago do Marajó carregam água tirada de bica construída pela própria comunidade; região Norte tem os piores índices de saneamento do país
Moradores do arquipélago do Marajó carregam água tirada de bica construída pela própria comunidade; região Norte tem os piores índices de saneamento do país - Lalo de Almeida/Folhapress

Depois de Bagre, Muaná, Cachoeira do Arari, Afuá e Portel estão lista de piores na mesorregião. Bagre está próxima a Breves, a maior cidade da região, e são frequentes os casos de insegurança alimentar e fome em comunidades ou casas isoladas na beira dos rios.

Também são recorrentes casos de violência obstétrica, em que mulheres, na hora do parto, encontram dificuldades para acessar assistência em saúde, em razão do isolamento e da falta de hospitais equipados nos núcleos urbanos.

Bagre tem 31,8 mil habitantes, sendo que mais da metade está em área rural, em comunidades ribeirinhas. A maior parte das famílias é pobre ou extremamente pobre e recebe o Bolsa Família. Dados do IBGE mostram que somente 2,9% dos moradores da região têm acesso a esgotamento sanitário adequado.

Criança brinca em área de igarapé sem saneamento em Ananindeua, no Marajó
Criança brinca em área de igarapé sem saneamento em Ananindeua, no Marajó (PA) - Lalo de Almeida/Folhapress

Consulte todas a sua e demais cidades do ranking em folha.com/remf.

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