Bexiga comemora Dia do Grafite com ideias de renovação
Há cinco anos comemorado no Bexiga, o Dia do Grafite ganhou no evento no domingo (1º/4) uma atração: o lançamento do Ocupaí Bixiga, que reúne um pacote de ideias para dar uma nova cara ao bairro.
"O Bexiga é a periferia do centro. E é a periferia que vai revolucionar esta cidade", diz Toni Nogueira, 65, idealizador da data. Além de consolidar o Dia do Grafite no calendário da cidade, o projeto quer criar um largo entre as ruas Santo Antônio, 13 de Maio, Delegado Everton e Luiz Porrio. O lugar seria batizado com o nome de Amado Maita (1948-2005), músico e jornalista, nascido e criado na região.
Christian von Ameln/Folhapress | ||
Toni Nogueira, 65, em frente à parede que será grafitada hoje (1º/4) |
Outra proposta é transformar o viaduto do Café, na Bela Vista, numa espécie de portal, com um centro esportivo e cultural. Ali já funcionou uma escola de boxe gerida por Nilson Garrido, homenageado na faixa "Balboa da Silva", do primeiro disco da banda Bixiga 70. "Quem sabe a gente não traz ele de volta", anima-se Cris Scabello, 33, guitarrista do grupo e outro idealizador do projeto.
"Como usamos o nome do bairro na banda e ensaiamos toda semana no nosso estúdio, na 13 de Maio, nos sentimos em dívida com o Bexiga", diz ele. Para o músico, o Ocupaí Bixiga também é uma resposta à política de "higienização" na cidade. "Em São Paulo, a rua é terra de ninguém. Queremos que seja de todos nós."
Na comemoração de hoje, haverá pela primeira vez um palco na rua 13 de Maio, onde ocorrerão shows (a programação está disponível no site do evento ). Já tradição, a fachada do espaço Zé Maria Nogueira será pintada de branco e grafitada a partir das 12h.
Jimi Hendrix e Tom Jobim
Hoje às voltas com a tentativa de renovar o bairro, Toni acumula histórias recheadas de gente inovadora. "Não sei se a vanguarda me persegue ou se eu persigo a vanguarda."
Aos 13 anos, começou a tocar bateria com o grupo de rock Os Lunáticos, que acompanhava na rádio Tupi artistas como Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Nos anos 1970, durante a ditadura, arrancou-se para Estocolmo, onde diz ter visto um show de Jimi Hendrix duas semanas antes de o astro morrer.
Em Londres, conta ter morado com o ator Guará Rodrigues debaixo da escada da casa do cineasta Júlio Bressane. Nos anos 1980, virou motorista de táxi em Nova York e jura ter conduzido Tom Jobim. Não vamos entrar em detalhes do show que ele abriu com o guitarrista Arto Lindsay para o grupo Duran Duran, no Madison Square Garden.
Quer mais? Ele aprendeu a surfar aos 65 anos e está cheio de planos para o futuro. "O importante é não se reduzir a um portfólio", diz, com faísca no olhar. A gente acredita.