"Precisamos olhar menos para fora", diz estilista sobre moda nacional
Curitibana radicada no Rio de Janeiro, Priscilla Darolt, 35, é a estilista da Animale. Minutos antes da apresentação que abriu a São Paulo Fashion Week, ela falou com a sãopaulo.
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sãopaulo - Há quanto tempo você desenha para a Animale?
Priscilla Darolt - Nossa, de verdade, não sei te dizer... Já faz muito tempo. Estou ficando velha.
Você começou na Casa de Criadores e no Amni Hot Spot antes de entrar na SPFW. Os eventos menores ainda são a melhor vitrine para um jovem estilista?
Definitivamente não. Acho que antes de tentar desenvolver uma coleção autoral o estilista tem que trabalhar em uma empresa que tenha marcas consolidadas. É preciso estar inserido na indústria, aprender o que há de mais novo em termos de tecnologia para brigar com outros mercados de igual para igual. Mas se ele quiser ter um trabalho em pequena escala, como fazer camisetas, ele pode apostar na internet. É uma questão de escolha de vida.
Você foi assistente do Reinaldo Lourenço, que não desfila essa temporada. Qual o principal entrave desse mercado atualmente? São tempos difíceis para a moda brasileira?
Penso que esperar pelas temporadas internacionais para ditar o que vai ser moda aqui no Brasil atrapalha nosso trabalho. Precisamos olhar menos para fora. A China entrou no jogo, compete em produção, os tempos mudaram e é uma mudança pesada.
Você iniciou na SPFW com uma grife que leva o seu nome. Pretende voltar a desfilar na SPFW? A marca acabou?
Eu nunca tive loja própria, mas vendia para multimarcas. A Priscila Darolt era mais um exercício de criacão livre. O lugar onde eu poderia criar sem depender do lado comercial. Hoje a marca está parada, mas quem sabe um dia eu volto a desfilar...
A Animale é uma marca carioca. Porque vocês não desfilam na semana de moda do Rio de Janeiro?
Boa pergunta, eu adoraria. A paisagem aqui é linda. São Paulo ainda é a maior vitrine para as marcas e a semana de moda é mais profissional. Mas acho que tanto imprensa quanto empresários deveriam investir no Rio também. Venham tomar um solzinho.
Falando em solzinho, fale um pouco sobre a inspiração desse verão.
Fiz uma viagem para Bali há um ano e fiquei bem impressionada com as estampas e as cores das roupas tradicionais. Fizemos uma releitura do xadrez deles, usamos imagens de máscaras típicas nas estampas e apostamos nos bordados em fios metálicos.
Os últimos desfiles da Animale apresentaram uma modelagem bem estruturada e tons mais neutros. Esse verão vem mais relaxado?
Muito mais. É um desfile colorido, cheio de tons rosados, muito pink, e cheio de peças confortáveis, com estilo desconstraído, mas ainda sim sexy.
Quais as peças-chave da coleção?
Aposto nos terninhos com short, nos coletes, vestidos de couro leve e seda. Um verão despreocupado.