Hit da Legião Urbana, 'Faroeste Caboclo' vira drama sangrento
Aos 14 anos, após ouvir no rádio a triste saga de um tal João de Santo Cristo, o brasiliense René Sampaio (leia entrevista abaixo) sentiu vontade de ver aquela história, cantada em nove minutos pela banda Legião Urbana, transformada em filme.
Mais de duas décadas se passaram e o hoje diretor realizou o sonho da adolescência com a estreia de "Faroeste Caboclo", seu primeiro longa-metragem.
Inspirada na música homônima lançada em 1987 por Renato Russo --retratado em "Somos Tão Jovens", em cartaz-- e seu grupo, a obra acompanha João (Fabrício Boliveira), jovem pobre e órfão, que deixa Santo Cristo, fictícia cidadezinha baiana, e ruma para Brasília em busca de uma vida melhor.
Chegando lá, procura Pablo (César Troncoso), um primo distante que trafica drogas para a alta sociedade. O parente lhe arruma trabalho como carpinteiro, mas logo João se junta a ele nos negócios ilegais.
Nesse meio tempo, conhece e se apaixona pela rica Maria Lúcia (Isis Valverde), filha de um senador, e inicia uma guerra sangrenta contra o playboy e traficante Jeremias (Felipe Abib), que, assim como na canção, não passa de um "maconheiro sem-vergonha".
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ABAIXO, LEIA ENTREVISTA COM O DIRETOR DO FILME, RENÉ SAMPAIO, 39
sãopaulo - Por que adaptar "Faroeste Caboclo?
René Sampaio - Era um sonho que eu tinha desde os 14 anos, quando ouvi a música pela primeira vez no rádio em Brasília, em uma tarde quente e seca. Já queria ser diretor e, na hora, pensei que "Faroeste" daria um filme.
Ter nascido em Brasília o ajudou a dirigir um filme ambientado lá?
Fez uma boa diferença. Tentei tirar proveito de tudo o que conheço da cidade, tanto na hora de conceber a história quanto durante as filmagens.
Neste ano, "Olhos nos Olhos", de Chico Buarque, também virou filme ["O Abismo Prateado"]. É uma tendência?
Não sei dizer, mas a onda é boa. Música e cinema têm uma relação próxima.
Existe outro título da Legião que daria um longa?
A óbvia é "Eduardo e Mônica", mas muitas outras músicas da banda, não tão narrativas quando "Eduardo" ou "Faroeste", dariam bons filmes.