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Exame que usa fusão de imagens detecta câncer de próstata com precisão

Procedimento combina ressonância magnética e ultrassom para localizar áreas com maior risco da doença

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São Paulo

A detecção do câncer de próstata era um desafio para a medicina, já que métodos tradicionais por vezes não conseguiam identificar o tumor de forma precisa.

Esse cenário tem mudado graças à biópsia por fusão de imagens, considerada um dos principais avanços no diagnóstico dessa doença.

Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de próstata é o mais comum entre os homens, com exceção do de pele não melanoma. Em 2020, foram registrados 65.840 novos casos da doença e 15.841 mortes.

A jornalista Carolina Marcelino faz a mediação do seminário Câncer de Próstata, realizado pela Folha com patrocínio da Dasa Oncologia 
A jornalista Carolina Marcelino faz a mediação do seminário Câncer de Próstata, realizado pela Folha com patrocínio da Dasa Oncologia  - Marcelo Chello/Folhapress

Coordenador da área de radiologia intervencionista do Hospital Albert Einstein, Rodrigo Gobbo diz que a biópsia por fusão de imagens permitiu que os médicos tivessem um alvo definido na hora de examinar a próstata.

Ao contrário do que acontece no câncer de mama, cuja biópsia é direcionada, na próstata o exame é feito de forma aleatória. Isso quer dizer que o profissional pode coletar até 28 fragmentos da glândula sem saber com certeza em quais áreas se localizam os possíveis tumores.

Os dois procedimentos usados para rastrear a doença não a identificam de maneira precisa. O mais conhecido é o toque retal, no qual o médico insere o dedo no ânus do paciente para apalpar a próstata em busca de alterações. Em geral, o profissional examina a zona posterior e lateral da glândula, onde os tumores costumam se instalar.

"Esse teste tem como vantagem a sua disponibilidade, porque ele é simples de ser feito, mas o médico só consegue detectar lesões que estejam ao alcance do toque digital e nem toda lesão da próstata é passível de ser alcançada dessa forma", explica Gobbo.

O outro exame é o PSA, que mede no sangue os níveis do antígeno prostático específico. Essa proteína é excretada pela glândula e, em altos níveis, pode indicar um câncer.

Existem, porém, doenças benignas da próstata que elevam o PSA, como a hiperplasia prostática. Além disso, o exame nem sempre consegue detectar alterações na concentração do antígeno, diz Marcus Vinícius Sadi, responsável pelo setor de uro-oncologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e pelo setor de câncer de próstata da Sociedade Brasileira de Urologia.

"A gente ainda faz o toque retal porque, além de ser simples e barato, algo em torno de 5% e 15% dos pacientes podem ter tumores graves da próstata que não elevam o PSA", diz.

Para driblar esses problemas, a medicina tem apostado na biópsia por fusão de imagens, que combina ressonância magnética e ultrassom para localizar áreas onde há mais probabilidade de câncer.

"Isso aumentou a precisão do procedimento em muitas vezes. As publicações mais recentes dizem que o paciente deve fazer a biópsia com fusão de imagem, porque ela está se tornando a melhor prática médica. No futuro, essa vai ser a regra", diz Gobbo.

Para fazer esse procedimento, porém, é preciso ter feito antes o toque retal e o PSA. Caso haja alguma alteração, o médico pode recomendar uma ressonância multiparamétrica, que gera múltiplas informações sobre a glândula.

Caso as imagens indiquem a necessidade de uma biópsia, o especialista encaminha a pessoa para o ultrassom transperineal, considerado um avanço na detecção da doença.

O procedimento é feito com um ultrassom para que se possa ver em tempo real a glândula e realizar a extração dos fragmentos para análise.

A grande mudança é que os exames modernos acessam a próstata pelo períneo (região entre o ânus e a base do pênis), e não pelo reto, como é mais comum hoje.

Segundo Gobbo, com o método tradicional, há risco de levar bactérias do reto para a próstata e provocar uma infecção potencialmente grave.

Com o novo procedimento, diz, as infecções podem zerar.

Durante o ultrassom transperineal, o médico é guiado pelas imagens da ressonância de modo a encontrar com precisão as áreas onde a suspeita de câncer é maior. Na biópsia tradicional, não havia uma maneira exata de saber quais pontos eram esses.

Apesar de ser um avanço, o exame ainda não é acessível à população em geral. O hospital A.C. Camargo, especializado em câncer, por exemplo, ainda não definiu o valor por ser uma novidade.

No entanto, a biópsia por fusão de imagem pode custar cerca de R$ 1.250, mesmo com cobertura do plano de saúde.

Na rede pública, uma exceção é o Hospital Municipal Vila Santa Catarina, em São Paulo. Sob gestão do Albert Einstein, a unidade realiza o procedimento desde setembro deste ano.


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