Iniciativa que ensina música a jovens em SP já atendeu 1 milhão em 30 anos

Projeto Guri, presente em mais de 300 cidades do estado, também está dentro de unidades da Fundação Casa

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São Paulo

Presente em mais de 300 cidades do estado de São Paulo, o Projeto Guri oferece formação musical a crianças e adolescentes, especialmente àquelas em regiões de vulnerabilidade social.

A iniciativa, vinculada à secretaria de cultura do estado, existe desde 1995 e é administrada pela Santa Marcelina (organização social) desde 2008.

Nessas quase três décadas, o Guri já atendeu mais de um milhão de alunos. A média atual é de 75 mil por ano, com idades que vão dos 6 aos 18 anos. Há 419 polos espalhados pelo estado, 60 deles dentro de unidades da Fundação Casa.

Aula no polo Penha do Projeto Guri, em São Paulo
Aula no polo Penha do Projeto Guri, em São Paulo - Jardiel Carvalho/Folhapress

"Além da educação musical em si, os alunos desenvolvem habilidades socioemocionais como concentração, relacionamento interpessoal e disciplina. Isso ajuda em sua formação como cidadãos", afirma Paulo Zuben, diretor artístico-pedagógico da Santa Marcelina Cultura.

Luisa Carvalho, 24, conheceu o projeto em 2011, graças à mãe, professora da rede municipal de São Paulo. Ela frequentou o polo Casa Blanca, na região do Campo Limpo (zona sul), por três anos. Ali, aprendeu a tocar flauta transversal.

"Quando você se envolve com um instrumento, faz muitas atividades simultâneas. Estimula sua memória, sua coordenação motora e também melhora vários aspectos das suas relações sociais", diz ela. Luisa conta que as aulas a ajudaram a perder a timidez e, assim, a melhorar relações interpessoais.

Ela seguiu carreira. Fez licenciatura em música na USP (Universidade de São Paulo) e hoje é instrumentista, toca flauta em grupos musicais, faz arranjos e compõe. Luisa conta que sempre gostou de música, mas não pensava em trabalhar na área antes de participar do projeto.

"Um instrumento é algo muito caro. E quanto a gente olha para a cultura na periferia, dependendo do lugar, não há oportunidades. Espaços de lazer ou culturais são muito raros, então é bom ter um espaço para isso. O Guri cumpre bem esse papel de oferecer uma chance a alguém que nunca teria acesso a esse tipo de coisa", diz ela.

Klayla Juliana Costa, 16, frequenta o polo CEU Cidade São Carlos, na zona leste de São Paulo, há cinco anos. Ela estuda violino. Entre encontros para aprender teoria e prática, ela vai ao local duas vezes por semana.

"Eu percebi minha evolução ao longo do tempo. As aulas me ajudam muito a aumentar minha concentração e também na escola. Tem muita matemática na divisão rítmica, por exemplo. Também me ajuda nisso", afirma ela.

Aluna do segundo colegial de uma escola particular de Ermelino Matarazzo, também na zona leste, onde mora, ela quer seguir carreira na música, mas também pretende fazer faculdade de design de moda.

"Quero fazer a prova para a Emesp (Escola de Música do Estado de São Paulo). Tem gente que entra lá e depois é chamada para fazer intercâmbio e estudar música em outros países", afirma ela.

Paulo Zuben, o diretor do projeto, conta que a maioria dos alunos, entretanto, não segue uma carreira musical –esse nem é o objetivo da iniciativa.

"A maior parte vai para outras áreas. Há parcerias com empresas privadas para eles aprenderem outras profissões. Os alunos têm de ter também um percurso acadêmico paralelamente ao Guri", diz ele.

O diretor conta que o projeto agora quer mais evidências para avaliar seu desempenho.

"Queremos medir o impacto primeiro rede municipal de São Paulo e depois no interior do estado. A ideia é aferir as habilidades dos alunos que participam do Guri e compará-las ao grupo de controle, aqueles que não estão no projeto", afirma.

No caso da Fundação Casa, Zuben conta que há casos de alunos que saem do encarceramento e são acolhidos por outros programas que integram a sociedade civil.

"A gente quer também medir o impacto do programa. Faremos isso em fases para obter as evidências. É um trabalho de pesquisa", diz. Entre outras coisas, um dos objetivos é medir a taxa de reincidência dos menores que participam do projeto.

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