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MBAs brasileiros tentam reproduzir experiência de intercâmbio

Escolas oferecem programas internacionais, com aulas ao vivo dadas por professores estrangeiros

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Lisandra Matias
São Paulo

Mesmo com a crise, instituições que oferecem MBAs no Brasil perceberam que a demanda pelos cursos se manteve ou até aumentou nos últimos meses.

Em parte, essa maior procura aconteceu porque muitos brasileiros que iriam fazer pós-graduação no exterior mudaram seus planos e decidiram estudar por aqui.

Para atrair esses estudantes, as escolas de negócio oferecem ambiente internacional, com aulas ao vivo dadas por professores estrangeiros, estudos de casos globais e a possibilidade de adiamento dos módulos realizados no exterior.

Carla Arruda, diretora do executive MBA da Fundação Dom Cabral (FDC), oferecido em São Paulo (SP) e em Nova Lima (MG), conta que se surpreendeu ao ver a alta procura pelo programa.

"A princípio, ficamos com receio, mas as três turmas que abrimos neste ano lotaram e há até fila de espera. Isso mostra que o Brasil está acompanhando a tendência de países desenvolvidos, em que as pessoas buscam se capacitar em momentos de crise", diz Arruda, que também é presidente do Executive MBA Council (Embac), órgão que reúne escolas de negócios do mundo.

Na FDC, os alunos do executive MBA podem cursar 2 dos 7 módulos do curso no exterior, em escolas parcerias, como HEC, em Paris, Esade, na Espanha, e ESMT (European School of Management and Technology), em Berlim. Na pandemia, essas disciplinas são oferecidas online, com transmissões ao vivo.

Além da possibilidade de ir para fora, o programa conta com a participação de executivos de outros países.

No ISE Business School, em São Paulo, associado ao Iese, da Universidade de Navarra, na Espanha, a procura pelo executive MBA sofreu uma baixa entre abril e maio, mas, entre junho e julho, a demanda foi retomada.

"Voltou até um pouco mais forte. Mas agora estamos com movimento normal", afirma Fábio Costa Barbosa, diretor- executivo do executive MBA do Iese/ISE.

O mesmo programa é oferecido em São Paulo, Madri, e Barcelona (Espanha) e Munique (Alemanha).

Ao longo do curso, há cinco semanas internacionais --em São Paulo, Barcelona, Nova York (EUA), Xangai (China) e Nairóbi (Quênia)--, que mesclam participantes de todas as turmas. Os alunos precisam, necessariamente, passar por pelo menos duas dessas experiências.

Com a pandemia, as viagens foram adiadas para o ano que vem. Já as aulas aconteceram primeiramente em formato remoto e depois, em agosto, passaram para o modelo híbrido. Algumas já estão acontecendo presencialmente, com as devidas medidas de segurança e distanciamento social --as turmas foram divididas em duas, por exemplo.

"Também antecipamos as aulas dos professores brasileiros e postergamos a dos docentes internacionais", acrescenta Barbosa.

Marina Gatto Cavalcanti, 31, trocou um MBA no exterior por um programa no país. Começou em setembro o MBA Executivo do ISE Business School - Keiny Andrade/Folhapress

A engenheira de produção Marina Gatto Cavalcanti, 31, começou em setembro o executive MBA do Iese/ISE, já presencialmente. Antes da pandemia, seus planos incluíam fazer um MBA no exterior, mas ela acabou optando por ficar no país.

"Como eu já havia tido uma experiência internacional -- um master em engenharia na França--, queria ter outra vivência assim, porque entendo que a interação com outras culturas traz muitos benefícios", conta Cavalcanti.

Mas a desvalorização do real e as incertezas econômicas a fizeram postergar os planos em um primeiro momento.

"Nesse meio-tempo, conheci o curso do ISE e descobri que ele me dava praticamente a mesma formação, com a vantagem poder continuar trabalhando para ajudar a pagar o MBA", diz.

A grade curricular e o custo inferior em relação a um programa no exterior, além da situação de pandemia, também foram os fatores que levaram o advogado Rodrigo Edington, 29, a optar por um curso no país, após avaliar opções dentro e fora do Brasil.

Em agosto, ele ingressou no MBA executivo internacional do Insper, em São Paulo.

"Apesar de ser ministrado no Brasil, tem duas viagens obrigatórias para o exterior, além de duas opcionais. Elas vão acontecer mais para frente, entre 2021 e 2022. Espero que a situação da pandemia esteja melhor", diz o aluno.

Com o programa, ele diz ter conseguido reunir tudo o que queria. "Uma grade legal, um custo mais baixo e a experiência no exterior, que agrega muito ao currículo."

A FIA, em São Paulo, que tem diversos MBAs presenciais, lançou em fevereiro deste ano o FIA Online, para oferecer MBAs e cursos de pós-graduação a distância.

O número de cursos passou dos 12 iniciais para 28 --destes, 6 são MBAs-- e já contabiliza 2.846 novos alunos. Há cursos síncronos, em tempo real, e outros assíncronos, com aulas gravadas.

"Com a quarentena, a procura explodiu", afirma Eduardo Savarese, coordenador de educação a distância da FIA.

Em relação aos cursos presenciais que têm módulos internacionais, como o MBA executivo internacional e o americas MBA, a instituição fez uma pesquisa com os alunos, que preferiram adiar as viagens a ter aulas a distância.

A instituição também aumentou a duração dos programas e investiu em algumas atividades preparatórias remotas, como séries de palestras com os professores das instituições estrangeiras.

No americas MBA, por exemplo, que é realizado em parceria com universidades dos Estados Unidos, Canadá e México, os grupos se encontravam durante a viagem e terminavam o projeto a distância. Com a pandemia, o tempo do projeto aumentou de seis para dez meses, e vai ser iniciado com as equipes trabalhando remotamente.

Para Tatiana Bernacci Sanchez, diretora de acreditações, produtos e serviços da Associação Nacional de MBA (Anamba), a maior vantagem de fazer um MBA no exterior é a imersão mais profunda, em todas as etapas.

"Por outro lado, para uma pessoa que mora no Brasil, estudar no ambiente em que trabalha proporciona uma experiência mais real e condizente com a realidade que ela vai enfrentar", diz Sanchez, que também é gerente de regulação educacional da Saint Paul Escola de Negócios.


Onde estudar

Americas MBA

Onde FIA (fia.com.br)

Modalidade Presencial (aulas quinzenais às sextas e sábados, em São Paulo)

Duração 2 anos, 538 horas (sendo 250 horas em 3 módulos intensivos internacionais)

Preço Não informado

Próxima turma Março de 2021

Executive MBA

Onde Iese/ISE Business School (iese.edu; ise.org.br)

Modalidade Presencial (aulas quinzenais às sextas e sábados, em São Paulo)

Duração 2 anos, 700 horas no Brasil mais 80 horas obrigatórias (com possibilidade de até 200 horas) no exterior

Preço R$ 227 mil (para turma que inicia em 2021)

Próxima turma Setembro de 2021

Executive MBA

Onde Fundação Dom Cabral (fdc.org.br)

Modalidade Híbrido, parte presencial em Nova Lima (MG) ou São Paulo (SP). Predominantemente às sextas e sábados e com dois módulos de imersão de uma semana

Duração 19 meses, 1.500 horas (500 horas presenciais e mil horas online)

Preço R$ 109 mil (MG); R$ 122 mil (SP) (sujeito a alteração)

Próxima turma Março de 2021 (MG) e abril de 2021 (SP)

MBA Executivo Internacional

Onde Insper (insper.edu.br)

Modalidade Híbrido na pandemia, depois presencial; aulas quinzenais às sextas e aos sábados

Duração 2 anos

Preço R$ 93.370,84

Próxima turma Fevereiro de 2021

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