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Trabalho preguiçoso? Conheça o 'lazy girl job', tendência no TikTok

Newsletter FolhaCarreiras conversou com a criadora do movimento que quer equilibrar vida pessoal e profissional

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São Paulo

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Quem não quer um trabalho com pouco estresse e que pague as contas, não é mesmo?

A hashtag #lazygirljob –emprego de menina preguiçosa, em português– viralizou no TikTok e acumula mais de 21 milhões de visualizações na plataforma.

O movimento 'lazy girl job' se alinha a outras tendências que enfatizam o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, como 'quiet quitting' ou 'segunda-feira mínima'. - Drobot Dean / Adobe Stock

Onde tudo começou…

Gabrielle Judge, 26, foi a responsável por iniciar esse movimento. Ela vive no Colorado, nos Estados Unidos, e tem 150 mil seguidores no TikTok.

  • Hoje, ela é criadora de conteúdo e fundou sua própria empresa de mídia denominada "Anti-Work Girl Boss".

Em entrevista à Folha, Judge explica que se formou em 2019, ano em que conseguiu o que considerava "o emprego dos sonhos americano".

  • "Parecia excelente no papel, com benefícios incríveis, porém acabei ficando extremamente esgotada. Não entendia o que estava acontecendo, já que estava no início da minha carreira", diz.

Após sair desse trabalho, em 2021, ela conseguiu o que chama de um "emprego preguiçoso", e começou a compartilhar vídeos no TikTok usando a expressão "lazy girl job".

Montagem mostra dois prints de vídeos do TikTok. À direita, uma mulher branca e loira aparece de moletom preto, usando óculos de grau. Está escrito na tela, em inglês: "Your Lazy Girl Era. The job advice none is telling women. I'm a big fan of lazy girl jobs". À esquerda, a mesma mulher aparece em pé, de calça cinza e blusa verde de manga comprida. Está escrito na tela: "The Lazy Girl Job mindset is about... avoiding unecessary work. Because no one is going to tell women it's okay to do less sometimes."
Gabrielle Judge, 26, foi quem começou o movimento 'lazy girl job' nos Estados Unidos - @gabrielle_judge no TikTok

Afinal, no que consiste o movimento? Ter um emprego que ofereça uma boa remuneração, mas que não demande um esforço excessivo. Assim, sobra energia para investir em outras atividades.

"É basicamente algo do qual você pode se desvincular silenciosamente", explica Judge em um dos seus vídeos mais populares no TikTok, que acumula 3,2 milhões de visualizações.

  • Lembra do quiet quitting, cujo conceito é fazer o mínimo? Há especialistas que dizem, inclusive, que o "lazy girl job" é uma nova roupagem do quiet quitting.

É sobre buscar um emprego que te permita fazer o mínimo e te dê estabilidade financeira. Judge diz que há empregos com salários bastante confortáveis, em que você não trabalha desnecessariamente e pode fazer suas funções de forma remota.

"Meu desejo é que as pessoas ponderem sobre como se sentem em relação ao trabalho. Caso não estejam satisfeitas, gostaria que considerassem as pequenas melhorias que podem implementar em seu ambiente de trabalho. E se essas melhorias não forem viáveis, quero que saibam que têm o direito de buscar alternativas por conta própria", explica

Como identificar um trabalho assim? Para Judge, se você está feliz e estabeleceu um equilíbrio saudável entre o trabalho e a vida pessoal, pode estar em um lazy girl job.

"Se trata realmente de alcançar clareza sobre si mesmo, identificar o que deseja e não simplesmente atender às expectativas dos seus superiores", afirma.

Veja alguns exemplos:

  • Uma criadora de conteúdo compartilhou no TikTok que seu trabalho preguiçoso era "copiar e colar os mesmos emails, fazer três ou quatro ligações por dia e quantas pausas quisesse".
  • Outra profissional descreveu assim: "não há código de vestimenta, posso usar unhas postiças, recebo toda sexta-feira, tiro quantas pausas preciso e vou embora ao terminar as funções do dia."

Só 'girls'? Não, o movimento não é exclusivo para mulheres, apesar de ter sido criado por uma. Judge afirma que tem observado a participação de outros aliados na causa.

Qual a parte boa?

1. Dedicar-se a atividades que vão além do trabalho, resultando assim em uma maior atenção à saúde mental.

  • "Dediquei mais tempo a hobbies, como me tornar instrutora de ioga, algo que não conseguiria fazer se trabalhasse em tempo integral, pois estaria exausta. Também pude me dedicar integralmente à criação de conteúdo", diz Judge.

2. O movimento pode levar empresas a repensar sobre jornada de trabalho, modalidade de trabalho, a relação entre chefe e empregado, afirma Marcelo Treff, professor da FIA Business School.

E a parte ruim?

1. Ficar em uma zona de conforto e não ver sentido no trabalho.

  • "Ter um trabalho em que não te desafia pode parecer que você está sempre fazendo a mesma coisa. Vai chegar uma hora em que você não verá mais sentido naquilo", diz Vitor Silvério, gerente sênior de parcerias estratégicas na consultoria Robert Half.

2. Marcelo Treff acredita que o movimento pode levar a uma diminuição na busca pelo ensino superior.

  • O jovem pode pensar: "Por que eu passaria quatro anos em uma faculdade sem saber se isso me trará algum benefício? Ou sabendo que isso vai resultar em não desejo, como passar mais de dez horas na empresa todos os dias", afirma.

É para todo mundo?

Para Judge, sim. "A questão fundamental é que cada pessoa precisa ter uma compreensão clara do que deseja e estar disposta a mudar de emprego, se necessário. Se alguém consegue adotar essa mentalidade, trata-se verdadeiramente de descobrir o que funciona para cada um".

Para Treff, nem tanto. O professor acredita que é algo que pode funcionar melhor com profissões que trabalham de forma remota, como setores que fazem uso mais amplo da tecnologia da informação e comunicação, profissionais de TI ou aqueles que trabalham com ecommerce.

Está no início da carreira? Tamires Teixeira, mentora de carreiras e especialista em geração Z, não recomenda adotar o movimento imediatamente. "Entre em uma empresa e aprenda o máximo que puder. Dessa forma, você vai adquirindo maturidade e compreendendo melhor o seu perfil profissional."

Quer adotar um trabalho preguiçoso? Veja recomendações:

  • Tenha foco, para ser mais produtivo e trabalhar menos, e adaptabilidade, para lidar bem com essa separação entre trabalho e vida pessoal, diz Treff.
  • Faça uma autoanálise para verificar se você se encaixa nessa proposta, complementa Treff. Busque evidências e pesquise se há lugares onde é possível ter um trabalho assim.
  • Mantenha um aprendizado contínuo. Busque cursos, capacitações e mentores para desenvolver as competências necessárias que impulsionarão a sua carreira, indica Teixeira.

Pergunte ao Especialista

Espaço para responder dúvidas relacionadas ao Tema da Semana.

Rita Passos - news carreiras
Rita Passos, psicóloga e presidente da ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida no Trabalho) - Divulgação

Não tenho como ter um "lazy girl job", mas quero diminuir o estresse na minha rotina de trabalho. Como fazer isso?

1. Entenda quais são os seus estressores. Quais são as situações –no trabalho e fora dele– que estão causando seu estresse? É o trabalho ou alguma circunstância da vida pessoal?

2. Determine o que você pode mudar, controlar ou abrir mão. Não ter domínio sobre as situações ou tarefas no trabalho é certamente um dos maiores fatores de estresse. Quais os aspectos você pode controlar, e quais não pode? E lembre que você só pode mudar o que depende de você.

3. Planeje. Use os minutos finais da sexta-feira para planejar a semana seguinte, estabelecendo prioridades, e usando a agenda para acompanhar suas reuniões e prazos de entrega. Deixe intervalos para o que não foi previsto.

4. Limite as interrupções. Se você deixa que os outros controlem seu tempo, com telefonemas intermináveis, por exemplo, sua jornada pode se estender. Desative a notificação de email, e estabeleça horários específicos para checá-los. O mesmo serve para as redes sociais.

5. Programe pausas. Pequenas e grandes pausas são importantes. Afastar-se da mesa de trabalho enquanto toma seu café ou come seu lanche pode trazer a clareza mental que você precisa e se sentir revigorado no resto do dia. E nunca abra mão das férias, elas são essenciais.

6. Converse com seu gestor. Se você sentir que está trabalhando demais, não tem recursos suficientes, ou não sabe exatamente o que se espera de seu trabalho, seu gestor pode adicionar uma nova perspectiva para o problema.

7. Cuide da sua saúde. Isso inclui manter-se ativo, fazer uma dieta balanceada e ter um sono reparador. Busque atividades físicas que lhe dão prazer, prepare as refeições com antecedência para garantir opções saudáveis, e evite beber cafeína ou usar dispositivos eletrônicos antes de dormir.

8. Avalie as circunstâncias. Olhar a grama do vizinho não vai ajudar a sua a ficar mais verde. Se você está insatisfeito com o seu trabalho, analise os prós e contras da sua situação atual, e o que você pode fazer para mudá-la.

9. Mantenha-se positivo. Para evitar a negatividade interna e o estresse, concentre-se em pensamentos encorajadores e positivos que podem fornecer a motivação necessária para enfrentar o dia de trabalho.

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